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Programa Asas para Todos é foco em evento dedicado à representação feminina no setor aéreo

Mulher ANAC Programa Asas para Todos

Reunindo representantes da academia, dos aeroportos e da indústria, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) emocionou a plateia no evento “Aviação, substantivo feminino”, realizado no dia 8 de março, em Brasília (DF), em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. 

O debate trouxe o olhar feminino sobre as dificuldades enfrentadas por mulheres desde o ingresso até a manutenção da carreira nas áreas da aviação, ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Além disso, foram abordadas as formas de combater possíveis tratamentos discriminatórios, a falta de diversidade no setor, a educação como um motor para a transformação social e a atuação da ANAC como incentivadora de mudanças em busca da equidade. 

Para abrir o evento, o diretor-presidente substituto, Ricardo Catanant, enfatizou a porcentagem de pilotos mulheres no Brasil. “Somente 3% dos pilotos brasileiros são mulheres. Esse número, por si só, nos lembra da importância do programa Asas para Todos, que se destina à promoção da diversidade e inclusão de mulheres na nossa indústria”, ressaltou.  

O diretor pontuou também a importância do projeto de pesquisa “Mulheres na Aviação Civil: estudos para uma regulação inclusiva no setor”, fruto da parceria entre a Agência e a Universidade de Brasília (UnB). O projeto foi formalizado em fevereiro deste ano, por meio de Termo de Execução Descentralizada (TED), para iniciar um mapeamento do cenário brasileiro quanto à representação feminina no setor aéreo.  

Para Catanant, “esse projeto representa um passo significativo em direção à compreensão das barreiras existentes, condição fundamental para orientar políticas e regulamentações que resultem na promoção da inclusão de gênero na aviação civil”. Para falar sobre o estudo, foram convidados a coordenadora do projeto de pesquisa “Mulheres na aviação civil”, Inez Lopes, e os professores Carla Antloga, Polliana Martins, Vitor Rafael Resende e Fábio Iglesias. 

A decana de Pesquisa e Inovação da UnB, Maria Emília Telles, disse saber a importância do projeto para o apoio ao aumento feminino nas áreas STEM (sigla em inglês para Science, Technology, Engineering, Mathematics), além de parabenizar as mulheres e as equipes de mulheres que irão trabalhar na pesquisa. “Que o resultado desse projeto possa efetivamente contribuir para a equidade de gênero na sociedade brasileira”, finalizou. 

No bate-papo conduzido pela superintendente de Pessoal da Aviação Civil da ANAC, Mariana Altoé, foram abordados os desafios e as oportunidades das mulheres no ingresso e na manutenção das carreiras no setor aéreo. A conversa contou com a presença da presidente da Associação Brasileira de Aeroportos (Abear), Jurema Monteiro, da diretora de Relações Governamentais da Boeing Juliana Pavão, da diretora de Relações Institucionais da Embraer, Verônica Prates, da psicóloga e professora da UnB, Carla Antloga,  e da engenheira mecânica e professora da Faculdade de Engenharia da UnB, Polliana Martins. 

 

Asas para Todos e incentivo às mulheres 

O programa Asas para Todos é uma iniciativa da ANAC em prol da diversidade, inclusão e fomento à participação feminina no setor aéreo. No evento, o subprograma “Mulheres na Aviação” foi apresentado como um momento histórico. “Nunca tivemos dentro da ANAC um movimento tão significativo para a inclusão de mulheres no setor”, ressaltou a superintendente de Pessoal da Aviação Civil, Mariana Altoé. 

A superintendente elencou as ações do programa que já estão em curso e os compromissos que a Agência firmou, como o projeto “25 by 2025” de iniciativa da IATA, que estabeleceu metas para atingir 25% de representação feminina em carreiras em que há sub-representação de mulheres ou que acresçam em 25% as carreiras que já possuem mulheres em seus quadros. Outras iniciativas são a assinatura pela ANAC da Declaração de Luanda sobre a Igualdade de Gênero da Comunidade das Autoridades de Aviação Civil Lusófonas e o apoio ao Pacto Global das Nações Unidas (ONU) para a equidade de gênero. 

Mariana questionou o porquê de 51% da população brasileira ser feminina e as carreiras da aviação terem tão poucas mulheres. Mostrou também percentuais da participação feminina em áreas da aviação no mundo em comparação com o Brasil, como o percentual de mulheres atuando como pilotas (5% no mundo e 3% no Brasil), atuando como controladoras de tráfego aéreo (26% no mundo e 50% no Brasil) e como profissionais de manutenção (9% no mundo e 2,4% no Brasil), entre outras profissões. 

Além dos números, a superintendente elencou as iniciativas do programa “Asas para Todos” voltadas para as mulheres que já estão em andamento: 

  • Estudos de Gênero na Aviação Civil Brasileira; 
  • Cultura Respeitosa na ANAC – Promoção de ações de prevenção ao assédio; 
  • Protocolo de Intenções com o Setor Aéreo – reforço ao compromisso de inclusão e combate a ações discriminatórias; 
  • Pilotos do Semiárido – programa de concessão de bolsas de estudo para o ensino técnico e especializado em aviação civil, em que 50% das bolsas serão destinadas a mulheres; 
  • Mecânico de Manutenção Aeronáutica IFSP – formação teórica e prática para obtenção de licença e concessão de bolsas auxílio ao longo de 36 meses, sendo 50% delas preferenciais para mulheres; 
  • Mecânico de Manutenção Aeronáutica SEST/SENAT – formação teórica e prática para obtenção de licença e concessão de bolsas auxílio, sendo 50% delas preferenciais para mulheres; 
  • Programa de Mentoria – abertura de dez vagas para mulheres, servidoras da ANAC, serem mentoradas. 

 

Questões culturais e representação feminina 

A presidente da Associação Brasileira de Aeroportos (Abear), Jurema Monteiro, trabalhando há quase trinta anos no setor, destacou que as questões culturais ainda são desafiadoras para a inclusão de mulheres no setor aéreo no Brasil.  

“É uma luta da sociedade. É um tema comum pra todos nós, mas acho que o principal desafio é convencer os homens de que a diversidade é importante. Existe um reconhecimento hoje de que as equipes que têm mais diversidade, não só diversidade de gênero, trazem melhor resultado”, pontuou Jurema. 

A engenheira mecânica e professora da Faculdade de Engenharia da UnB, Polliana Oliveira, enfatizou que é preciso desenvolver o querer, criar meios de atrair e incentivar meninas a atuarem em áreas que são consideradas culturalmente masculinas, como as ciências, a matemática, a física, a química, entre outras. “Outra barreira é o ambiente muito masculinizado e, para que você seja aceita nesse ambiente, é preciso trabalhar como a maioria dos homens trabalham”, disse. 

“Para que ganhe a atenção das mulheres nesses ambientes, é necessário ter espaços seguros de debates em que a voz feminina tenha mais espaço e visibilidade de mulheres que possam ser referência para outras”, afirmou a gerente de Relações Institucionais da Embraer, Verônica Prates.   

Segundo ela, a Embraer vem desenvolvendo ações a favor da inclusão feminina no setor e tem a meta de aumentar suas contratações de mulheres em 50%. “Diversidade é estar na vanguarda da inovação, com múltiplos olhares. É preciso ter mulheres no ambiente para que se tenha consciência de que é necessário ter um banheiro feminino no andar”, constatou Verônica. 

 

Vida pessoal e profissional 

Para a diretora de Relações Governamentais da Boeing, Juliana Pavão, a vida pessoal e a profissional da mulher precisa ser equilibrada e pensada para as futuras gerações.  “As pessoas ainda enxergam as mulheres como a principal cuidadora da sociedade e das famílias. Então, é uma conta que não fecha muito bem, como no caso da maternidade, que tem uma frase em que brincam muito: você tem que trabalhar como se não fosse mãe e tem que ser mãe como se não trabalhasse fora. Se esse setor quer ser atraente, tem que olhar para as principais demandas das futuras gerações e dentre elas está justamente as questões de flexibilidade e o balanço entre vida pessoal e profissional”, ponderou Juliana. 

Nesse sentido, a psicóloga e professora da UnB, Carla Antloga, reforçou que o tema se torna desconfortável pela crença de que a mulher não faz mais do que a obrigação, tornando a jornada feminina com um nível maior de exigência da sociedade. “É impossível conciliar vida pessoal e profissional. Essa lógica de equilibrar pratos é impossível. É preciso escolher o que deixar de lado em determinado momento”, avaliou. 

Para encerrar, Carla arrematou: “Acho que o convite que temos feito para os homens é assim: se vocês nos permitirem, não nos boicotarem, não atrasarem nossa vida, o que a gente já viu do mundo e da vida pode contribuir demais, não só nos ambientes de trabalho, mas para o mundo como um todo”. 

 

Comitê de Equidade 

Iniciado em 2020 e incorporado pela Política de Sustentabilidade da ANAC em 2023, o Comitê de Equidade, coordenado pelo servidor da Agência, Luiz Brettas, tem como objetivo conscientizar e promover ações e projetos destinados à diversidade, equidade e inclusão. 

Além disso, o comitê vem trabalhando em conjunto com o programa “Asas para Todos”, fomentando a equidade com estímulos e ações, promovendo a cultura de inclusão na ANAC, com debates sobre diversos temas e promovendo articulação com instituições públicas e privadas. 

 

 

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Via: ANAC

 

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