Review: Veja como foi a LABACE 2022

O frio e os contratempos ocorridos na 17ª edição da LABACE – Latin American Bussiness Aviation Conference & Exhibition não foram suficientes para tirar a empolgação e a participação do público que esteve na tradicional feira de negócios promovidos anualmente pela ABAG (Associação Brasileira de Aviação Geral) realizada no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, sobretudo após uma pausa forçada nos últimos dois anos devido à pandemia da Covid-19.

Durante os três dias de feira (9, 10 e 11 de agosto), expositores, convidados e visitantes lotaram o evento, fazendo desta edição uma das que tiveram maior número de público, onde puderam conferir as principais novidades da aviação executiva e, claro, realizar muitos negócios ou exibir seus produtos e serviços.

LABACE 2022: sucesso de público e ótimos negócios nos três dias de feira

Aeroflap, como parceiro oficial da LABACE 2022, esteve presente nos três dias do evento, onde pôde testemunhar a força e importância da principal feira de negócios e exibição da América Latina.

De fato, uma empreitada como esta favorece grandemente diversos players do segmento, pois faz do local um verdadeiro ponto de encontro entre empresas e o público atuante da aviação brasileira, que faz do espaço um ponto para conhecer as empresas dos mais diversos seguimentos, fazer negócios, visitar as aeronaves expostas, tirar muitas fotos, e, claro, rever amigos e/ou expandir o network.

Essa atmosfera contribui e muito para a consolidação das marcas lá expostas e permite com que estas estejam cada vez mais presente na mente dos que fazem a aviação geral brasileira (e internacional) funcionar.

Aliás, é na falta de participar de eventos como estes e na falta de divulgação que pudemos conhecer marcas que existe há anos e sequer sabíamos qual era de fato seu ramo de atuação. E é por estes e outros motivos que exibições como a LABACE tem um papel fundamental para a aviação geral.

Como de costume, a feira foi divida entre a tradicional área externa (onde ficam as aeronaves e suas respectivas representantes/fabricantes) e dois pavilhões cobertos (galpões removíveis e um hangar da extinta Avianca Brasil), onde as empresas mostravam seus produtos e serviços.

Pavilhão principal

Nesse ano, percebemos uma boa diversidade de empresas pequenas, que ofereciam serviços igualmente interessantes, diferentemente de alguns anos anteriores, onde havia quase um monopólio das gigantes do setor aeronáutico. Isto é excelente, pois já conhecemos os serviços dessas grandes, sendo conveniente sermos expostos aos serviços das startups.

Todavia, sentimos falta de um estande específico da ANAC com funcionários que pudessem tirar dúvidas regulatórias diversas, como convalidação de habilitações, mínimos exigidos para obtenção de carteiras, recursos de infrações, etc. Neste estande poderia haver também informações sobre o Voo Simples e, mais recentemente, a nova (e assaz importante) Voe 135, que visa facilitar a obtenção da certificação para táxi aéreo (RBAC135). O estande da agência pôde até ter sido montado, mas poucos sabiam da sua existência, e sequer estava informado no site oficial do evento.

Nestes pavilhões concentravam a maior parte do público, especialmente mais para o final de cada dia do evento, convenientemente, nos momentos em que a chuva caía ou a ventania aumentava.

Inclusive, foi uma ventania dessas que derrubou parte do estande da Dassault na quarta-feira 10 à tarde, onde a fachada caiu sobre um Falcon 2000 LXS, ferindo levemente algumas pessoas que estavam no local, sendo atendidos prontamente pelas equipes socorristas do próprio evento.

Estande da Dassault após a queda da fachada devido aos fortes ventos

Além dessa fachada, foi possível ver parte da cobertura de zinco do prédio abandonado da VASP soltando-se e ameaçando sair voando para cima do público. Diante dos fatos, a organização da LABACE resolveu interromper as atividades daquele dia, ordenando a enorme multidão a abandonar o local pela pequena e insuficiente saída principal, que serviria como rota de fuga em caso de emergência.

Nessa hora, foi possível identificar claramente que passou da hora da LABACE ir para outro local maior ou, no mínimo, resolver o imbróglio judicial que envolve a massa falida da Vasp para fazer melhor uso daquelas instalações. Pensando bem, talvez, a primeira opção seja a ideal, uma vez que é totalmente paradoxal que a maior e mais importante feira de aviação geral do país esteja sediada num aeroporto coordenado, que de forma sutil está “empurrando” essa mesma aviação geral de lá através de questionáveis slots. A explicação oficial por parte das autoridades aeronáuticas é outra, mas para quem opera em Congonhas é nítido que isto esteja acontecendo.

Como todo evento de grande porte, ajustes serão necessários para as próximas edições da LABACE. Uma delas (e talvez uma das que mais geraram reclamações) foi a questão dos banheiros. Insuficientes para o tamanho do público presente, os toaletes receberam muitas críticas devido as filas que se formaram para seu uso, fazendo muitos participantes utilizarem os banheiros químicos dos funcionários operacionais que trabalhavam na montagem da feira ou recorrer a bares e padarias no entorno.

Outro ponto a considerar no próximo ano é com relação às filas e tempo gasto no credenciamento. Houve pessoas que relataram terem perdido até cinquenta minutos apenas para retirar sua credencial para adentrar ao evento.

Uma vez dentro da exibição, sentia-se falta de funcionários ou painéis espalhados por todo o local, informando onde estariam localizada uma determinada empresa ou ramo de atividade. Soluções simples como essas evitariam deslocamentos desnecessários, permitindo ganho de tempo para a geração de mais reuniões ou negócios.

Estandes montados no antigo hangar da Avianca Brasil

Estes pequenos detalhes não foram capazes de tirar a importância, o brilho, a tradição e o objetivo final da LABACE 2022. A feira foi – como sempre – um enorme sucesso, sobretudo nesta edição pós pandemia, que trouxe de volta em todos os participantes aquela tradicional agitação e expectativa para a chegada do dia do evento. A grande quantidade de público e expositores comprovou este sucesso, pois muitos dos que foram retornaram mais de um dia.

A 17ª edição do evento promovido pela ABAG confirmou-se como uma importante vitrine para até então “esquecida” Aviação Geral que mostrou a todos – especialmente durante a pandemia – sua enorme força e importância como fomentadora de negócios e prestação de serviços para salvar vidas, devido sua capilaridade e agilidade única. E à LABACE, coube o papel de protagonista para mostrar toda essa importância, consolidando-se como o maior evento de negócios da aviação geral da América Latina, e uma das maiores e importantes do mundo.

Que venha a LABACE 2023!

Confiram, abaixo, algumas imagens das aeronaves expostas na LABACE 2022:

EMB 500 Phenom 100 2011

Honda Jet Elite S 2021

Praetor 600

Gulfstream G500

Gulfstream G650ER

Phenom 300

Diamond DA-62 2017

Diamond DA-40

Cockpit DA-40

Diamond DA-42 NG 2020

Cessna Citation Latitude 2020

Cessna C525B CJ3+ 2020

Cessna C525 M2 2018

Estande Airbus Helicopters

Socata TBM 940 2020

Agusta A109E 2006

Leonardo AW169 2018

Cessna C195 1951: avião que inspirou o museu Asas de Um Sonho

Cessna C208B Caravan EX 2022

Textron Aviation King Air B360 2021

Bell Helicopter 429 2020

Pilatus PC-12/47E NGX 2021

Bell Helicopters 505 2018

Pilatus PC-24 2021

Eurocopter EC130 B4 2004

Cirrus SF50 CirrusJet 2021

Raytheon Beech 400A 2005

Bell Helicopters 429 2015

Piper PA-46-600TP M600 SLS 2021

Cessna C180F 1963: aeronave que pertenceu a Rolim Amaro, presidente da Tam Taxi Aéreo

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Micael Rocha foi instrutor de voo por quatro anos, é checador em aeroclubes e CIACs, voou C525, C525B e C208B Caravan em táxis aéreos e voa Cirrus SR22 desde 2013. 
@aeroereview

 

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Micael Rocha foi instrutor de voo por quatro anos, é copiloto de CJ1, CJ3 e C208B Caravan e voa aeronaves Cirrus SR22 desde 2013.
@aeroereview