Sorbonne da Caça! Esquadrão Pacau completa 74 anos

Caças F-5EM Tiger II foram os últimos aviões operados pelo Esquadrão Pacau a partir da Base Aérea de Manaus entre 2010 e 2021. Foto: Rafael N. Dinelli.
Caças F-5EM Tiger II foram os últimos aviões operados pelo Esquadrão Pacau a partir da Base Aérea de Manaus entre 2010 e 2021. Foto: Rafael N. Dinelli.

Nesta quinta-feira (29) a Força Aérea Brasileira comemora o aniversário de 74 anos de uma de suas unidades mais históricas, o Esquadrão Pacau (1º Esquadrão do 4º Grupo de Aviação). O Pacau foi oficialmente ativado em 29 de julho de 1947, meses depois de ser criado na Base Aérea de Fortaleza pelo Decreto nº 22.802 de 24 de março de 1947. 

O esquadrão tem como sede a Ala 8 (Base Aérea de Manaus) e opera com os caças Northrop F-5EM Tiger II. A unidade é identificada pela bolacha com o buldogue Tetéu com a inscrição “Tô lhe manjando!” e tem como missão a vigilância da Amazônia, realizando diversas ações voltadas ao combate ar-ar, como escolta, patrulha aérea de combate, defesa aérea e outras. 

Bombardeiros B-25 Mitchell da FAB

A história do Pacau começa com sua ativação em julho de 1947, originalmente criado como uma unidade de bombardeiro e ataque, equipada com o North American B-25 Mitchell e o Lockheed A-28 Hudson.

Enquanto o Hudson foi desativado em 1951, o B-25 ficou em serviço com o 1º/4º até 1956, ano que os bombardeiros de médio porte foram transferidos para o 2º/5º GAv da Base Aérea de Natal, que em troca repassou seus caças P-47/F-47 Thunderbolt. Dessa forma, o 1°/4° recebeu o código de chamada Pacau. Também foi criada a bolacha com o Tetéu e a frase que identifica o esquadrão até os dias de hoje. 

O Pacau também passou a fazer parte da Aviação de Caça, tendo como missão a formação dos futuros pilotos e líderes desta aviação durante décadas. Ainda em 1956 a unidade recebeu seus primeiros jatos, na forma do Lockheed T-33 Thunderbird, ou simplesmente T-Bird, como também é popularmente chamado. No ano seguinte, os já cansados P-47 foram desativados e a instrução passou a ser realizada no North American T-6 Texan junto do T-Bird até 1958. 

TF-33 Thunderbird

Em maio de 1958, os T-33 passaram a ter a companhia deu seu “irmão monoposto”, o caça F-80C Shooting Star, operado exclusivamente pelo Pacau até 1967, ano em que a unidade recebeu a versão armada do T-33, designada AT-33A.

Um dos F-80C do Pacau recebeu uma pintura branca e vermelha e foi apelidado de Arlequim. O caça foi perdido em um acidente quando estava sendo levado ao Museu Aeroespacial no Rio de Janeiro.

Em 1973, o Pacau recebeu uma das aeronaves mais admiradas já empregadas pela Força Aérea Brasileira: o AT-26 Xavante. Foi com este jato monomotor de origem italiana e fabricado sob licença pela Embraer que o 1º/4º GAv se consolidou como “Sorbonne da Caça”, apelido que define a missão que cumpriu durante a maior parte dos seus 74 anos: formar novos pilotos e líderes da Aviação de Caça, que no futuro de suas carreiras voariam os caças de 1ª linha, o Northrop F-5E Tiger II e Dassault Mirage III (designado F-103 pela FAB).

Foto: Sgt. Johnson Barros.

Em 09 de janeiro de 2002, o Pacau saiu de Fortaleza e passou a ter a Base Aérea de Natal como seu endereço. Em 2004, o Esquadrão Joker (2º/5º GAv) passou a empregar o Embraer A-29B Super Tucano. Dessa forma, o Pacau foi a última unidade de caça a operar o AT-26 Xavante. Empregado por múltiplos esquadrões da FAB ao longo de décadas, foi no Pacau que o Xavante foi oficialmente aposentado, fato que se deu em Dezembro de 2010.

A unidade também foi a única que empregou o AT-26A, designação que a FAB deu ao Atlas Impala Mk.II, versão de ataque com apenas um assento e armada com um par de canhões de 30mm. Tal variante esteve em serviço por apenas dois anos. Mesmo com sua aposentadoria oficial, o Xavante ainda foi empregado pelo Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo até 2013. 

AT-26A Impala Mk.II

A saída do Xavante trouxe uma troca de endereço e missão ao Pacau: a Sorbonne da Caça foi transferida para a Base Aérea de Manaus (BAMN) e passou a operar os jatos F-5EM Tiger II, deixando de formar novos pilotos e tendo nos seus quadros aviadores e mecânicos veteranos, voando para manter a defesa aérea da Amazônia Brasileira. 

Foto: Rafael Dinelli.

Hoje, a unidade tem como sede a BAMN, dividindo o espaço com os Esquadrões Cobra (7º ETA, Arara (1º/9º GAv) e Harpia (7º/8º GAV) bem como o 4º BAvEx do Exército Brasileiro. Seus caças também operam a partir do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, que serve à capital amazonense.

Recentemente os F-5EM do Pacau passaram a ostentar os naipes na cauda, representando as esquadrilhas da unidade. O adorno é similar ao Blue Ribbon do 1º GAvCa, as estrelas do 1º/14º GAv e o Jaguar do 1º GDA. Na imagem, um Tiger do 1º/4º no Aeroporto Eduardo Gomes. Foto: Davi Brito.

Foto: Davi Brito.

Mesmo antigos, a modernização permite que os F-5E ainda sirvam cumprindo sua missão, tendo como aliado estratégico o E-99 do Esquadrão Guardião. Para o futuro, a unidade que hoje completa 74 anos também deve receber o Saab F-39 Gripen, cujas primeiras unidades serão destinadas aos esquadrões Jaguar e Adelphi, este último desativado em 2016 quando operava o A-1 AMX, devendo ser reativado em Anápolis nos próximos anos.

Foto: Rafael Dinelli.

Agradecimentos aos amigos Davi Brito, Rafael Dinelli e Raphael Furini.

 

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Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.