Vídeo: veja o funcionamento do canhão GAU-8 Avenger do A-10 Warthog

O A-10 Thunderbolt II, também chamado de Warthog, é uma aeronave mais que icônica. O jato de ataque da Força Aérea Americana (USAF) é considerado um verdadeiro anjo da guarda pelas tropas de infantaria. Mas a sua fama se deve ao seu mais importante armamento, o canhão GAU-8/A Avenger. 

São sete canos rotativos que disparam munições de 30x173mm em uma taxa de 3900  tiros por minuto. Quando acionado, o canhão produz um som alto, cuja onomatopeia “brrrt” virou um meme na internet. Mas você já viu como essa enorme arma funciona? O canal 3D Mil-Tech fez um vídeo mostrando isso em detalhes. Confira! 

O A-10 é um fruto do Programa A-X da USAF, lançado inicialmente na década de 1960. Ao longo do tempo os requisitos foram mudando, até que em 1970 foi determinado que a aeronave teria um canhão rotativo de 30mm. A Northrop e a Fairchild-Republic apresentaram as aeronaves YA-9 e YA-10, respectivamente, enquanto a General-Electric e a Philco-Ford deveriam desenvolver e apresentar seus respectivos canhões. 

Como sabemos, a GE e a Fairchild-Republic venceram o projeto e hoje o A-10 é um dos mais famosos aviões militares de todos os tempos. Por conta de sua aparência, os militares apelidaram o jato de Warthog (Facocero), uma espécie de javali selvagem do continente africano, sendo comumente chamado de “Hog”.

No entanto, seu nome oficial é Thunderbolt II, em homenagem ao Republic P-47 Thunderbolt, um caça-bombardeiro da Segunda Guerra Mundial reconhecido pela seu poder de fogo e resistência, duas características muito bem presentes no A-10 dos dias de hoje. 

Tal pai, tal filho. Separados por 31 anos entre seus primeiros voos, o P-47 e o A-10 são reconhecidos por suas características de resistência e alto poder de fogo. Enquanto o P-47 da Segunda Guerra Mundial carregava oito metralhadoras AN/M2 calibre .50 BMG, o A-10 da Guerra Fria emprega o GAU-8/A Avenger de 30mm.

Além do canhão que é maior que um fusca, o A-10 pode carregar mais de 7,2 toneladas de bombas, foguetes, mísseis, sensores e equipamentos de interferência eletrônica em 11 pontos duros distribuídos nas suas asas e fuselagem. O cockpit fica envolto em uma banheira de titânio de 540kg, os motores General-Electric TF34 são montados acima da fuselagem para mitigar as chances de serem atingidos por disparos e os pneus do trem de pouso principal ficam em uma posição semi-recolhida para diminuir os danos em um pouso de barriga. 

O gigante GAU-8 Avenger ao lado de um VW Beetle, o fusca como é chamado no Brasil. O GAU-8 inteiro tem mais de seis metros de comprimento. Foto: USAF.

Grande e barulhento, o GAU-8 também é uma arma bastante precisa. Em um vídeo, o Major Cody “ShiV” Wilton, piloto da equipe de demonstração do A-10, explica que a mil pés de distância (304 metros), 80% dos tiros atingem um alvo de 1,5 metro (cinco pés), numa taxa de 70 tiros por segundo. 

“Se você usar as munições HEI [Alto-Explosivo-Incendiário], que tem a mesma fragmentação de uma granada de mão, são 70 granadas de mão em um círculo de cinco pés a 1000 pés.”

O tambor armazena 1150 cartuchos da munição que é maior que uma garrafa de Coca-Cola, com um peso total de 4000 libras. Portanto, depois que os projéteis são disparados, as cápsulas retornam ao tambor para não deslocar o centro de gravidade do jato. Sem esse sistema, um lastro teria que ser usado para balancear a aeronave depois dos disparos. 

Para centralizar o canhão e obter a maior precisão possível, o trem de pouso dianteiro foi deslocado para direita. Como a força de recuo do canhão é forte o suficiente para afetar a trajetória da aeronave, o canhão é montado lateralmente fora de centro ligeiramente para o lado esquerdo da linha central da fuselagem, de maneira que o cano que disparamque fica na posição de novo horas, fique diretamente na linha central da aeronave, explica o portal The Aviationist. 

O site também aponta que o cano fica logo abaixo do centro de gravidade da aeronave, sendo apontado ao longo de uma linha de 2 graus abaixo da linha de voo da aeronave. Este arranjo centra com precisão as forças de recuo, evitando mudanças na inclinação ou guinada da aeronave quando disparada.

Um A-10C Thunderbolt II disparando seu canhão GAU-8/A Avenger, seu principal armamento. Foto: MSgt. Terry Atwell/USAF.

Mais de 700 A-10 foram fabricados, mas muitos foram sendo retirados de serviço ao longo dos anos por necessidades operacionais. Hoje, a USAF opera cerca de 286 A-10C, e vai manter a aeronave em serviço por “uns bons anos”. Em declarações recentes, o Chefe do Estado Maior da USAF, General Charles Quinton Brown Jr. afirmou que o futuro das aeronaves táticas da organização será 4+1, com o NGAD (aeronave de sexta geração que vai substituir o F-22 Raptor), o F-15EX Eagle II, o F-16 Fighting Falcon, o F-35 Lightning II e o A-10 Thunderbolt II, representando o “+1”. 

O Hog nasceu para prestar suporte às tropas da OTAN caso a Guerra Fria “esquentasse”. O GAU-8 usa uma munição com urânio empobrecido, desenvolvida para penetrar a blindagem dos tanques soviéticos como o T-55, presente em maior número. Hoje, o jato segue operando em defesa das tropas, conduzindo ataques de precisão com bombas guiadas, como a JDAM e a Paveway, foguetes guiados por laser e claro, o GAU-8. No vídeo abaixo, dois A-10 realizam uma missão de CAS (Suporte Aéreo Aproximado) para uma tropa emboscada no Distrito de Tagab, no nordeste do Afeganistão. 

Nesse outro vídeo é possível ver o ponto de vista do soldado em combate enquanto o A-10 destroça o inimigo com a chuva de projéteis de 30mm. 

 

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Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.