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Você sabia que a Conviasa da Venezuela voa um Embraer ex-FAB?

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Esta é uma daquelas matérias de curiosidade que com certeza boa parte dos leitores não iriam saber desta história. Atualmente a Conviasa, companhia aérea estatal da Venezuela, opera um jato da Embraer que já esteve a serviço da Força Aérea Brasileira (FAB), você sabia? Vamos entender um pouco mais.

O Embraer 190

Este avião no caso é o Embraer 190, um jato voltado para voos curtos e médios fabricado no Brasil desde 2004. A aeronave foi uma aposta da fabricante brasileira pois já havia tido sucesso com os modelos menores E170/175.

Logo o Embraer 190 se tornou referência e fez com que a fabricante atingisse quase a metade dos aviões de até 100 passageiros vendidos no mundo todo com mais de 500 aeronaves vendidas. No Brasil, a Trip Linhas Aéreas foi a primeira empresa a operar a família E170/175 mas foi a Azul quem se tornou a primeira empresa brasileira a utilizar o Embraer 190 e 195 em sua frota.

O E190 pode transportar até 104 passageiros em uma configuração única ou em configuração mais densa até 114 passageiros. O jato ainda tem três versões com três alcances diferentes sendo, 3.334km, a versão LR com 4.445km de alcance e a versão AR com alcance de 4.537km. 

 

Versão executiva e incorporação pela FAB

Embraer jato executivo Lineage
Embraer Lineage 1000 photographed from Clay Lacy Astrovision Learjet and at California airports on June 11, 2011.

A Embraer também criou uma versão em configuração executiva ou para transporte VIP entre 2006 e 2007 chamada de Lineage 1000.

O lançamento do Lineage 1000 fez com que o avião já se torna-se o maior jato executivo de sua categoria tendo como base o Embraer 190 e capaz de transportar confortavelmente 19 passageiros podendo voar a um alcance de 8.519km equipado com dois motores General Electric CF34.

Em 2010, a Força Aérea Brasileira incorporou dois jatos Embraer 190 em configuração VIP para substituir os antigos Boeing 737-200, famosos ‘Sucatinhas’ como eram chamados, e se tornariam então os VC-2. 

Apesar da configuração VIP, os aviões comprados pela FAB não eram da versão Lineage 1000, eram aviões comerciais com configuração VIP. Os dois primeiros E190 incorporados receberam as matrículas FAB2590 com nome de “Bartolomeu de Gusmão” e o FAB2591 com o nome de “Augusto Severo”. 

Eles se juntariam ao Airbus A319ACJ comprado em 2005 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir o Boeing 707, chamado de ‘Sucatão’.

Em 2011, a Força Aérea Brasileira recebeu pela primeira vez um Embraer Lineage 1000, o motivo foi a manutenção programada dos dois E190 que serviam a presidência. O novo avião daria suporte e não iria desfalcar em caso de missões do presidente. 

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Foto: M.Linde via JetPhotos

O Grupo de Transporte Especial (GTE) emitiu uma nota na época confirmando a operação temporária do Lineage por parte da FAB até que os cronogramas de manutenção dos dois aviões pudessem ser cumpridos em seus respectivos tempos. 

A aeronave em questão foi padronizada com as cores da FAB e recebeu a matrícula FAB2592. O avião foi cedido pela Embraer pois o seu comprador original que era a FlairJet do Reino Unido não recebeu o jato executivo e então ficou aos cuidados da fabricante.

A venda para a Conviasa

Chegamos a parte interessante da história, como este jato executivo foi parar na Venezuela e realizar voos para a estatal Conviasa? 

Após três anos servindo temporáriamente a Força Aérea Brasileira, o Lineage 1000 voltou para os cuidados da Embraer em 2012 e ficou algum tempo com a matrícula PR-LET. Neste mesmo ano, o governo brasileiro que na ocasião a presidente era Dilma Rousseff, recebeu a visita oficial do então presidente da Venezuela Hugo Chávez.

O propósito da visita da comitiva venezuelana seria para assuntos diplomáticos em relação ao Mercosul, e também para oficializar a compra de 6 jatos da Embraer para a estatal Conviasa. No acordo de compra foram todos para a versão E190 com capacidade para 104 passageiros em única classe de serviço. 

Após graves problemas de saúde do então presidente Hugo Chávez, Nicolás Maduro então assumiu o cargo interinamente em 2012 e com a morte do presidente, ele assumiu de vez o cargo.

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Foto: Embraer/Reprodução

Nicolás Maduro então no seu primeiro ano de mandato buscava um avião com uma configuração mais confortável e alcance para realizar viagens. Foi então que surgiu a oportunidade de negócio em 2013, quando pediu ao seu Ministro do Transporte Hidroviário e Aéreo para negociar com a Embraer a compra de mais 14 aviões E190.

Entre essas negociações acabou incluindo aquele Lineage 1000 que havia sido rejeitado pelo comprador e estava parado sem utilidade pois não havia compradores. A aeronave foi vendida junto com os outros novos Embraer 190 para a Conviasa.

O avião então foi padronizado com as cores da estatal e manteve a configuração VIP, já que seria destinado para a operação presidencial da comitiva de Nicolás Maduro. 

O Lineage 1000 recebeu então a matrícula YV3016 e foi entregue para a companhia venezuelana Conviasa em 2014. O mesmo avião esteve no Brasil no começo deste ano para a posse do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva mas sem a presença de Maduro.

O presidente da Venezuela viria ao Brasil apenas no mês de maio, mas a bordo de um Airbus A319ACJ e sua comitiva em um Embraer 190 de passageiros, ambos com a pintura da Conviasa.

 

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