Dado o início do julgamento em um tribunal de Paris, uma gravação das caixas-pretas com os últimos quatro minutos foi divulgada na última segunda-feira (17).

Segundo informações do Portal G1, para a divulgação dos áudios,  foram autorizados para  participar da audiência no Tribunal de Paris somente os magistrados, secretários judiciais, advogados, familiares das vítimas e as equipes das empresas acusadas, sem a presença do público ou da imprensa. 

“Nós ouvimos as vozes do além-túmulo”, disse Alain Jakubowicz, um dos advogados da associação Cooperação e Solidariedade AF447 para o portal AFP. “Foi um momento apavorante porque ouvimos os pilotos, que em vários trechos (dizem), ‘Nós tentamos de tudo’. Eles não entendiam o que estava prestes a acontecer”, concluiu Jakubowicz.

Após a divulgação, pessoas que estavam presentes disseram que houve grande comoção, se tornando um alívio para algumas pessoas que classificaram o fato de ouvir a voz dos pilotos como “uma busca da verdade”. 

Em sua defesa, a Airbus divulgou um vídeo com os procedimentos no qual deveria ter sido realizado pelos pilotos, porém, acabou causando indignação por parte dos civis que declararam que “foge da realidade”. 

Segundo especialistas que acompanham o caso, o acidente do AF447 mostrou que o efeito surpresa foi um dos pilares determinantes que deixaram os pilotos desnorteados, porém, a falta de um treinamento para a situação específica, onde não havia dados concretos sobre a velocidade absoluta pesa contra a Airbus. 

A audiência do julgamento poderá durar até 9 semanas, sendo que a multa máxima, caso a Airbus e a Air France sejam condenadas por homicídio-culposo (quando não há a intenção de matar), será de US $220.612 (cerca de R$ 1.152.499). 

Relembre o acidente do voo AF447

No dia 1 de junho de 2009, um Airbus A330-200 da Air France, que operava o voo AF447 entre o Rio de Janeiro (GIG) e Paris (CDG) caiu no oceano após entrar em estol e despencar de uma altitude de 38.000 pés durante uma tempestade. Apesar do pleno funcionamento dos motores, as asas perderam a sustentação, ocasionando o acidente. Todas as 228 pessoas a bordo morreram. 

Durante a investigação, constatou-se que as sondas pitot, utilizadas para medir a velocidade do avião, estavam congeladas, fazendo com que o piloto automático da aeronave fosse desligado, comprometendo a retomada do controle da aeronave pelos pilotos, tornando inviável a estabilidade da aeronave. 

Após as investigações preliminares, a culpa foi atribuída totalmente aos pilotos, com alerta para a Air France sobre o treinamento dos seus tripulantes, e para a Airbus sobre a questão das velocidades, mas sem maiores consequências para as duas empresas.

Curiosamente, as caixas pretas do Airbus foram encontradas somente dois anos após a tragédia, onde descobriu-se que os pilotos manipularam de forma equivocada a reação do avião após a perda de dados por conta dos sensores externos congelados.

Com Informações: Portal G1 e AFP