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Vulcão em erupção no Peru afetou tráfego aéreo no Brasil

Na última sexta-feira (19/07) o vulcão Ubinas entrou em erupção no Peru, expelindo uma densa nuvem de cinzas que atingiu 5000 metros de altura.

Pelos ventos fortes e em alta altitude que estão em direção do Pacífico ao Atlântico, essas cinzas foram espalhadas por uma vasta área, afetando até mesmo os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.

Enquanto para a população desses locais não há perigo, visto que as cinzas estão dispersas e em alta altitude, para os aviões isso representa um risco operacional.

Neste sábado os primeiros voos foram cancelados devido às cinzas, o AD2934 da Azul que decolaria de Cuiabá às 04h50, e o AD4008 de Campinas para Campo Grande.

Zona em preto foi a de maior concentração de cinzas.

“Não houve necessidade de fechamento do espaço aéreo, mas seguimos monitorando o avanço por meio dos Centros Meteorológicos de Vigilância (CMV) e coletando informações repassadas pelos pilotos“, disse a Força Aérea Brasileira.

As cinzas já se dispersaram, e os voos não correm mais o risco de cancelamento.

No Brasil, apesar de não existirem vulcões, as nuvens de cinzas vulcânicas oriundas de vulcões da Argentina e do Chile também podem influenciar no tráfego aéreo brasileiro. O vulcão Ubinas é o mais ativo do Peru, e afetou o tráfego aéreo nesse fim de semana.

 

Porque os aviões não podem encontrar cinzas vulcânicas durante o voo?

O avião é capaz de voar em diversas condições, com uma poluição muito forte, neblina, nevasca e até mesmo com forte chuva, mas as cinzas vulcânicas podem causar problemas em aeronaves.

A composição básica da cinza vulcânica é com base em materiais vitrificados, silicatos e rochas pulverizadas (em partículas bem pequenas). Além de ter uma densidade muito alta, o que pode entupir dutos, não permitir a visão externa e causar outros defeitos, esses componentes quando entram em contato com o calor interno do motor, que extrapola os 900º C na câmara de combustão.

Quando em alta velocidade, tanto as pás do motor como a fuselagem podem sofrer com o efeito de “lixa” da poeira nessas condições, lembrando, aqui temos silicatos e compostos vitrificados de alta dureza, indo contra um motor com milhares de rotações por minuto e a um avião que está a 850 km/h.

Cinzas vulcânicas depositadas em estado sólido na turbina de um motor aeronáutico.

O mesmo silicato, que pode ter esse efeito de lixa nas pás, deformando o formato das mesmas, também causa danos quando entra no motor da aeronave, visto que ele encontra a câmara de combustão em alta temperatura e forma uma camada de sólida nas pás da turbina.

Dessa forma temos um motor incapaz de funcionar, com erosão precoce do compressor, a turbina com dejetos de fumaça vulcânica e a turbina com restrição de passagem de ar, além da deformação do formato das pás, pelo acúmulo de material sólido.

 

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Pedro Viana

Autor: Pedro Viana

Engenharia Aerospacial - Editor de foto e vídeo - Fotógrafo - Aeroflap

Categorias: Notícias, Outros

Tags: Incidente, tráfego aéreo, Vulcão