A fabricante italiana Fiat certamente é bastante reconhecida no Brasil por seus carros. Modelos icônicos como Uno, Strada, Fiorino, Palio e outros ainda fazem parte do cotidiano de vários brasileiros.
No entanto, muitos não sabem que no passado a Fiat também foi uma das maiores fabricantes do setor aeronáutico da Itália. A Fiat Aviazione surgiu em 1908 com a fabricação de motores para aviões.
Com o fim da 1º Guerra Mundial, a fabricante de Torino passou a produzir seus próprios aviões. Apesar de ter realizado esforços na aviação comercial, que ainda dava seus primeiros passos, foi com os modelos militares que a Fiat consolidou seu nome na aviação.
Hoje, a Fiat não produz mais aeronaves. O Grupo Leonardo, que absorveu boa parte das fabricantes aeronáuticas da Itália, tomou esse lugar.
CR.42 Falco
Desenhado por Celestino Rosatelli, um dos principais projetistas da Fiat, o CR.42 é um biplano produzido já no final da década de 1930. Desenvolvido a partir do CR.32, o Falco poderia ultrapassar os 440 Km/h graças ao potente motor radial A.74 de 14 cilindros, também fabricado pela Fiat.
Por ser um avião de caça, o CR.42 possuía inicialmente uma metralhada de 7.7 mm e outra de 12.7mm. Mais tarde, o armamento foi reforçado na forma de quatro metralhadoras 12.7mm fabricadas pela Breda SAFAT.
Nas mãos da Regia Aeronautica, o CR.42 lutou em diversas frentes de batalha, como França, Grécia e na Ilha de Malta. No fim de sua vida operacional, ficou relegado aos voos de treinamento e instrução de novos aviadores. Mais de 1800 unidades foram produzidas e o modelo também operou na Alemanha, Suécia, Bélgica, Croácia, Espanha e Hungria. Hoje, quatro aviões estão preservados na Itália, Suécia e Inglaterra.
G.55 Centauro
O Centauro da Fiat é considerado um dos melhores caças italianos da Segunda Guerra Mundial, dividindo o titulo com o Macchi C.205 e o Reggiane Re.2005. O potente motor RA.1050 R.C.58 Tifone (versão italiana do Daimler-Benz DB 605 usado no Bf 109) lhe permitia alcançar incríveis 620 Km/h.
Além da alta velocidade, o avião projetado por Giuseppe Gabrielli tinha um armamento pesado: três canhões de 20mm MG151 alemães e duas metralhadoras 12.7mm italianas equipavam o G.55 serie I de produção.
Apesar da excelente performance, o G.55 teve uma curta vida operacional. O modelo só começou a ser produzido em 1943, mesmo ano em que a Itália assinou o armistício. Em 1944, nas mãos de aviadores que ainda lutavam contra os Aliados, os G.55 enfrentaram caças como o P-51 Mustang, Supermarine Spitfire e P-47 Thunderbolt nos capítulos finais da Guerra.
G.50 Freccia
O G.50 Freccia (seta) entrou em operação com a Regia Aeronautica em 1938, operando ao lado do biplano CR.42. De cockpit aberto e motorizado pelo A.74, o G.50 veio pra fazer frente ao Hawker Hurricane da Inglaterra. No entanto, o avião italiano tinha uma performance um pouco inferior ao britânico.
A aeronave era armada com um par de metralhadoras 12.7mm e podia alcançar os 470 Km/h. Com o início da Segunda Guerra Mundial, foi constatadoque seu armamento, autonomia e velocidade já eram insuficientes em relação às aeronaves mais novas do conflito.
Por outro lado, o G.50 viu uso extenso nas mãos da Força Aérea Finlandesa, que só aposentou a aeronave em 1946. O Freccia também foi operado pela Croácia, Espanha e Alemanha.
G.91 ‘Gina’
Certamente um dos aviões de combate da Fiat mais reconhecidos, o G.91 foi operado pelas forças aéreas da Itália, Alemanha e Portugal. Com está última, o avião viu combate em Angola e Moçambique durante as Guerras Coloniais.
O Gina, como foi apelidado, foi o vencedor do do requerimento NBMR-1 da OTAN, que estabelecia um caça-bombardeiro leve capaz de transportar ogivas nucleares táticas. A aeronave superou os franceses Taon, Mystère XXVI/Étendard VI e Baroudeur, o italiano Sagittario 2 e o norte-americano N156 (que mais tarde virou o F-5 Freedom Fighter).
Propulsionado por um turbojato Bristol Siddeley Orpheus, o G.91 alcançava os 1070 Km/h. Era armado com quatro metralhadoras Browning M3 calibre .50, apesar de uma versão da Luftwaffe (G.91R/3) ter recebido canhões DEFA de 30mm. Além disso, o G.91 poderia usar bombas de emprego geral, foguetes, mísseis ar-ar e ar-solo.
O jato foi produzido por quase 20 anos e foi aposentado em 1995 pela Força Aérea Italiana, após 35 anos de operação.
A Fiat também produziu o G.91Y para a Itália. Esta versão possuía dois motores General Electric J85-GE-13A com pós-combustão, o mesmo tipo usado pelos F-5A/B. Mais potente que seu predecessor, o G.91Y tinha dois canhões DEFA e quatro vabides para emprego de armamentos diversos. A aeronave foi substituída pelo AMX A-11 Ghibli em 1994
G.80/G.82
Um avião não muito conhecido, o G.80 sequer entrou em produção de larga escala, mas esteve em serviço com a Força Aérea Italiana. Seu projeto representa o primeiro jato moderno desenhado na Itália e surgiu com a necessidade da Força Aérea Italiana (AMI) para um novo jato de treinamento. Como armamento, ele poderia receber metralhadoras M3 calibre .50 BMG.
Dois protótipos de dois assentos foram produzidos e repassados à AMI. No entanto, os testes com a organização militar mostraram que o G.80 não atendia aos requisitos estipulados.
Não obstante, a Fiat melhorou o G.80 com tanques de ponta de asa e o popular motor Rolls-Royce Nene. A fabricante tentou apresentar o novo modelo, designado G.82, em outro requerimento da OTAN que selecionaria um jato de instrução padrão. Ainda assim, a competição da aliança militar foi cancelada antes mesmo de começar.
Os G.82 foram transferidos à AMI, que os usou como aviões de testes. Anos mais tarde, o avião de treinamento definitivo se tornaria o Aermacchi MB-326, produzido no Brasil sob licença pela Embraer, com a designação EMB-326 Xavante.
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