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Você sabia? A Embraer já produziu aviões na China

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Sendo o terceiro maior fabricante do mundo, ficando atrás apenas da Airbus e a Boeing, a Embraer em um passado próximo expandiu as suas linhas de produção para outros países, mais especificamente de jatos executivos. 

Os negócios na China da Embraer iniciou-se em meados de 2003, quando o fabricante brasileiro iniciou a parceria com a Avic, nascendo a joint-venture Harbin Embraer Aircraft Industry (HEAI), ficando responsável por produzir o ERJ-145 e o Legacy 650 (também baseado no ERJ-145). 

Durante os 13 anos presente na China, a Embraer produziu cerca de 40 aeronaves, mercado que sempre atraiu os olhos de outros fabricantes diante do grande potencial de vendas e expansão dos negócios. 

Fruto do estreitamento dos laços entre os governos do Brasil e a China, especulou-se na época sobre o interesse da China em utilizar a engenharia reversa para que o país pudesse fabricar os seus próprios jatos. 

“A presença de uma linha de montagem chinesa representa o compromisso de longo prazo da Embraer com a indústria de aviação da China”, disse o então presidente-executivo da Embraer na época, Maurício Botelho. 

Verdade ou não sobre o interesse em atuar com a engenharia reversa com aeronaves do fabricante brasileiro, a China sempre demonstrou interesse de produzir os seus próprios aviões, e foi justamente durante os anos 2000 que os chineses colocaram em prática o plano de desenvolver aeronaves próprias, com destaque para o Comac ARJ21 e o C919.

 

Quais motivos levaram a Embraer a encerrar a sua produção na China? 

Embraer Aviões China
Foto: Harbin Embraer/ Divulgação

Ainda que a concretização de uma linha de montagem fosse vista como algo positivo, a Embraer encontrou barreiras para dar continuidade na sua linha de produção na China, principalmente por conta dos impostos de importação do país asiático.

Com a Embraer tendo que arcar com 20% de imposto de importação nos componentes trazidos para a China, produzir uma aeronave em solo chinês tornou-se ironicamente mais caro do que produzir o mesmo avião no Brasil. 

Além disso, a procura por jatos da família ERJ-145 não decolou na China, restando para a Embraer contornar a situação com o início da produção do Legacy 650 a partir de 2011, porém, mais uma vez, as vendas não alavancaram, restando para o fabricante brasileiro sugerir a produção de outras aeronaves.

Com a proposta de produzir o E190 em solo chinês, tal sugestão não agradou os chineses, pois a vinda da produção regional do jato brasileiro chocaria com os planos da Comac nas vendas do ARJ21, ao ter um concorrente direto produzindo aviões no seu quintal. 

Com a baixa produção e sem expectativas de expansão, a Embraer encerrou as atividades na China em 2017. 

“A Embraer permanece totalmente comprometida e vai continuar a atender os mercados chineses de aeronaves comerciais e executivos. A Empresa Continuará oferecendo suporte aos clientes na China”, comunicou a Embraer na época. 

 

A China não foi o único país estrangeiro que a Embraer desembarcou para produzir aeronaves 

Além da China, a Embraer possui uma linha de montagem de jatos executivos em Melbourne, na Florida, nos Estados Unidos, com a produção do Praetor e o Phenom. 

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A planta de Melbourne, nos Estados Unidos, é voltada exclusivamente para aeronaves executivas Foto: Embraer/Divulgação

Em Portugal, a Embraer conta com a subsidiária Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA) que fica na cidade de Alverca.  A OGMA presta serviços de manutenção para aeronaves civis e militares, com destaque no na produção de alguns componentes do C-390 Millenium e outras aeronaves da Embraer. 

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Foto: Embraer/Divulgação
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Funcionários da OGM auxiliam na produção do KC-390 Foto Embraer – OGMA/Divulgação

 

O que mudou desde então com a saída da Embraer da China?

Desde que a Embraer saiu da China, os chineses passaram a investir cada vez mais na produção de aeronaves próprias, principalmente para depender menos das tecnologias ocidentais.

O programa C919, iniciado em meados de 2008, visa tornar a China um dos principais players aeroespaciais, passando de um país que somente fabrica tecnologia e produtos de outros países para protagonista tecnológico.

Com isso, a China possui a ambiciosa tarefa de entrar na briga no mercado de corredor único entre a Boeing e a Airbus com o C919. O Comac C919 será inicialmente comercializado somente para operadores da China, sendo que o país tem avançado nos processos de certificação de tipo (STC) da aeronave. 

COMAC China Avião Rival Boeing Airbus A320 737 C919
Foto: Ken Chen, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

Para o mercado regional, a China conta com a produção em série do ARJ21, avião com o design semelhante ao MD-80, mas com motores mais modernos equipados com aviônicos da Rockwell Collins. O avião regional pode transportar até 95 passageiros e, alimentados com os motores CF-34, os mesmos utilizados em aviões como o Bombardier CRJ e o Embraer E-Jet E1.

China COMAC ARJ-21
Foto: Divulgação

Já no lado da Embraer, apesar de ainda ver o mercado da China com enorme potencial no mercado regional, o fabricante não só quase fundiu a sua divisão de aeronaves comerciais com a Boeing, mas passou a focar no desenvolvimento de aeronaves turboélices para operações com carbono zero e com energia híbrida.  

Embraer Turboélice Aviões Avião
Imagem: Divulgação Embraer

Com isso, o fabricante brasileiro está focado em ampliar o seu protagonismo na aviação regional, bem como anunciou o seu novo conceito de aeronaves zero carbono, incluindo a meta de implantar a compatibilidade do uso de combustíveis sustentáveis em todas as suas aeronaves até 2030.

Para conhecer mas sobre o novo conceito da Embraer e os detalhes das novas aeronaves, basta clicar aqui

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A Embraer anunciou recentemente uma nova família chamada “Energia Family”, com aeronaves zero carbono

Por fim, a China possui um grande potencial para se tornar um player importante na indústria aeroespacial. O país asiático nas últimas décadas vem preparando o seu terreno para isso e desde os anos 2000 vem adquirindo empresas do setor para aprimorar o desenvolvimento próprio de aeronaves, com destaque para a aquisição do fabricante norte-americano Cirrus Aircraft em 2011, AIM Altitute, Thompson Aero Seating e a FACC.  

 

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Gabriel Benevides

Autor: Gabriel Benevides

Redator Apaixonado por aviões e fotografia, sempre estou em busca de curiosidades no universo da aviação. Contato: [email protected]

Categorias: Aeronaves, Artigos

Tags: Artigos, China, Embraer, executi, Harbin Embraer, usaexport