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Aposentado há 20 anos, conheça curiosidades e fatos históricos do Concorde

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Há duas décadas era decretado o fim da vida operacional do Concorde, avião produzido pela BAC/Aerospatiale responsável por revolucionar as viagens transatlânticas. O Concorde foi capaz de mostrar ao mundo que estava além dos demais jatos por quase 3 décadas. Contudo, o único acidente fatal com o modelo e os atentados de 11 de setembro findaram para sempre o destino do avião supersônico que possuía certificação para voar até meados de 2009.

 

 

Uma Breve história do Concorde

 

Com capacidade de transportar até 100 passageiros, o Concorde nasceu de um acordo industrial entre os governos da Inglaterra e da França, que buscavam criar uma aeronave supersônica para o transporte exclusivo de passageiros a uma velocidade supersônica Mach 2 (cerca de 2.200 km/h).

Com o seu primeiro voo em 1° de outubro de 1969, o Concorde iniciou uma turnê de demonstração apenas dois anos mais tarde, e tinha como concorrente direto, o soviético Tupolev Tu-144, aeronave que enfrentou problemas financeiros para o seu desenvolvimento, sendo descontinuado.

A Air France e a British Airways foram as duas principais operadoras do modelo com sete unidades cada. O Concorde iniciou as suas operações comerciais em 21 de janeiro de 1976, quando a Air France lançou o voo ligando Paris ao Rio de Janeiro, trajeto que contava com uma escala técnica em Dacar, no Senegal. Enquanto a British Airways por sua vez, conectou a cidade de Londres ao Bahrein.

O Concorde também podia sobrevoar a uma altitude máxima de até 60.000 pés (18 km), altitude suficiente para evitar turbulências, presenteando os passageiros pela possibilidade de observar a curvatura da terra. Diante da sua robustez operacional, a aeronave conseguia voar mais rápido que a própria rotação da Terra, possibilitando decolar a partir de Londres após o pôr do sol e pousar em Nova York durante o dia.

A velocidade do Concorde era tão impressionante, que em 19 de dezembro de 1985, o supersônico alcançou um feito inédito: o Concorde decolou de Boston no mesmo momento em que um Boeing 747 da Air France decolou de Paris. O Concorde pousou em Paris, realizou os serviços de solo por cerca de uma hora, seguindo novamente para Boston, e mesmo assim, pousou 11 minutos antes do Boeing 747.

 

O início do fim

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Foto: Alexander Jonsson via Wikimedia Commons

Sem registrar acidentes fatais durante 25 anos, o Concorde viu o seu destino ruir a partir de 25 de julho de 2000. Quando um dos motores do F-BTSC que operava o voo 4590 da Air France ingeriu uma peça deixada na pista do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, por um DC-10 da Continental Airlines que havia decolado momentos antes, ocasionando um incêndio em um dos motores e derrubando consequentemente a aeronave. Todos os ocupantes (cem passageiros e nove tripulantes) e quatro pessoas que estavam em solo morreram.

Após o trágico acidente, tanto a British Airways quanto a Air France mantiveram suas respectivas frotas do Concorde em solo. Com a sua reputação e confiabilidade em cheque, a aeronave recebeu modificações para o retorno das operações regulares com passageiros, ocorrendo em novembro de 2001, mas antes disso, o Concorde sofreu outro duro golpe: o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, que desacelerou bruscamente todo o setor da aviação mundial.

Com a baixa na demanda por voos internacionais, manter a manutenção em dia de uma aeronave com quase 30 anos de serviços tornou-se uma tarefa bastante cara e inviável. Para piorar a situação, a Airbus encerrou o seu suporte de manutenção, forçando tanto a Air France quanto a British Airways a selarem o fim das operações com uma das mais icônicas aeronaves da história da aviação antes mesmo do planejado, já que a British Airways detinha certificação para operar o Concorde até o ano de 2009.

 

O adeus

A primeira despedida do Concorde ocorreu em 30 maio de 2003 por parte da Air France, quando 5 meses mais tarde, foi a vez da British Airways encerrar o legado de 27 anos com o Concorde em 24 de outubro de 2003.

Durante o último voo de despedida da British Airways em Londres-Heathrow, o aeroporto montou uma arquibancada para que o público pudesse acompanhar de perto o momento especial. Além de voos em formação, a aeronave recebeu um batismo especial com água nas cores azul, vermelha e branca, para simbolizar a bandeira britânica, francesa e norte-americana. O momento especial foi amplamente acompanhado pela mídia local e internacional. 

 

 

Algumas curiosidades e fatos históricos

 

Nariz que se curvava no momento do pouso:

Para melhorar a visibilidade da pista para o piloto no momento do pouso, o Concorde fazia algo que nenhuma aeronave a jato fazia até então: a aeronave podia levantar ou abaixar o ângulo de seu nariz.

 

“Outros operadores”:

 

Além da Air France e British Airways, o Concorde chegou a operar voos de intercâmbio por um curto período com a Braniff e a Singapore Airlines. Com destaque para as operações da extinta Braniff. A norte-americana operava o voo Londres -Washington Dulles – Dallas Fort Worth em parceria com a British Airways, com o trecho internacional operado exclusivamente pela tripulação da British Airways, enquanto a tripulação da Braniff, assumia o trecho doméstico entre Washington e Dallas.

Tal operação era tão complexa, que para operar os voos domésticos dentro dos Estados Unidos, o Concorde decolava com matrícula estrangeira a partir de Londres e “pousava” nos Estados Unidos com uma matrícula norte-americana. Isso porque a autoridade de aviação americana da época, a CAA (equivalente a FAA) não permitia que uma aeronave não americana operasse com um certificado de aeronavegabilidade dos Estados Unidos, incluindo a necessidade da operação dentro dos EUA ser subsônica. 

 

Low-pass no Rio de Janeiro:

Foto: Autor desconhecido

Durante as comemorações do dia do aviador em 23 de outubro de 1977, um Concorde da Air France realizou uma de suas mais icônicas passagens baixas de sua história no aeroporto de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. A aeronave da Air France realizou duas passagens, realizando um low-pass (passagem baixa) com o trem de pouso acionado, com uma segunda passagem alta sobre o aeródromo.

O evento aéreo também contou com rasantes especiais de um boeing 707 cargo da Varig, um 727-100 da Transbrasil, incluindo também a presença de caças Embraer AT-26 Xavante da FAB, você pode conferir todas as passagens baixas no vídeo abaixo: 

 

 

Dos 20 exemplares construídos, apenas dois foram destruídos:

Das 20 unidades produzidas do Concorde, é possível encontrar 18 em exposição permanente, sendo um na Fábrica francesa da Airbus, em Tolouse. Outras doze unidades estão espalhadas em museus aeroespaciais nos EUA, Reino Unido e França, bem como em outros quatro aeroportos, incluindo o de Londres-Heatrow e Paris – Charles de Gaulle.

Até o momento, apenas duas unidades tiveram o triste fim e foram destruídas, ambas da Air France. Trata-se do F-BTSC por conta do triste acidente em Paris no dia 25 de julho de 2000 e o F-BVFD, avião aposentado com apenas 5.814 horas de voo após 5 anos de operações, entre 1977 e 1982.

O F-BVFD foi canibalizado por anos para o repasse de peças, quando em 1994 a aeronave teve o bico retirado após ser arremetido em um leilão por cerca de 400 mil francos. 

Concorde 20 anos aposentado
O F-BVFD Sendo desmonstado em 1994  Foto: Alonso Canapeli/Airlines.net

 

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Gabriel Benevides

Autor: Gabriel Benevides

Redator Apaixonado por aviões e fotografia, sempre estou em busca de curiosidades no universo da aviação. Contato: [email protected]

Categorias: Aeronaves, Artigos, Notícias

Tags: Aeronaves, Air France, Artigos, Avião Supersônico, British Airways, Concorde, usaexport