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Brasil dá largada para produção de foguetes nacionais

CLA Alcântara FA foguetes brasileiros

Dois grupos de empresas brasileiras foram selecionados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), para desenvolver Veículos Lançadores de Pequeno Porte (VLPP), que possibilitem o lançamento de nano e microssatélites em órbita baixa. O objetivo do edital da Finep, em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), é desenvolver foguetes, com uma capacidade de até 30 kg de carga útil.

Essa iniciativa tem o objetivo de trazer o apoio da iniciativa privada para o cumprimento de um marco de fundamental importância para o programa espacial brasileiro: ter um veículo lançador brasileiro capaz de, a partir de um centro de lançamento brasileiro, colocar em órbita um satélite também brasileiro.

O contrato de R$ 189 milhões tem um prazo estimado de 36 meses e sua assinatura foi anunciada nesta quarta-feira, 13 de dezembro, em parceria com Agência Espacial Brasileira (AEB). O Termo de Outorga de Subvenção Econômica tem apoio financeiro da Finep e do MCTI, e utiliza recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) destinados para o Programa Espacial Brasileiro.

Um dos grupos selecionados é formado pelas empresas CENIC, Concert Technologies, PlasmaHub, ETSYS e Delsis. “Esta é uma oportunidade única para a iniciativa privada e a indústria aeroespacial nacional agregar valor ao Programa Espacial Brasileiro”, destaca Ralph Correa, sócio-diretor da CENIC.

De acordo com o especialista, para que o Brasil tenha autonomia e projeção internacional na área aeroespacial, ele precisa dominar a fabricação de satélites e foguetes, além de ter um Centro de Lançamento, conforme previa a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB). “No Brasil, já temos o Centro de Lançamento de Alcântara e a Barreira do Inferno. Também o desenvolvimento de satélites pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e outras instituições e empresas que dominam essa técnica. Entretanto, veículos nacionais capazes de lançar tais satélites, nós ainda não temos. Essa é uma oportunidade ímpar, que pode proporcionar um impacto fortemente positivo na nossa economia”, destaca.

O setor aeroespacial é uma peça-chave para o desenvolvimento de qualquer país e, no Brasil, tem um papel ainda mais estratégico, uma vez que o setor aéreo já possui uma relevância internacional e o setor espacial tem potencial para decolar junto. Estima-se que, a cada R$ 1 investido, o setor espacial retorne entre R$ 10 e R$ 20 para a economia do país, seja na forma de salários, de impostos, de faturamento, ou de crescimento de valor agregado das empresas. Analistas da Morgan Stanley estimam que o mercado atual da indústria espacial saltará dos atuais US$ 350 bilhões para mais de US$ 1 trilhão em 2040, por meio das iniciativas de New Space, envolvendo centenas de empresas de todos os portes, que estão reduzindo drasticamente o custo de satélites e de seus lançamentos.

“Não é qualquer país que possui a capacidade de colocar satélites em órbita. O Brasil está numa posição privilegiada e isso tem um poder enorme de atração de novos investimentos e tecnologias. A oportunidade está aí e pode nos trazer benefícios em escala”, avalia Ângelo Fares, presidente da Concert Technologies.

Para Ralph Correa, da CENIC, outro grande benefício do investimento no setor aeroespacial é a criação de um ambiente de negócios propício para empresas que trabalham com tecnologia, com desdobramentos na criação de spin-offs, no desenvolvimento de novos produtos e na formação de mão-de-obra qualificada. Isso, sem contar os grandes avanços proporcionados no entendimento das mudanças climáticas e do meio ambiente, entre outros. “Ter autonomia no lançamento de satélites significa oferecer avanços na área da saúde, da indústria, da energia, da agricultura e em diversos outros setores. Praticamente todas as empresas, atualmente, utilizam de recursos provenientes de satélite, como, por exemplo, sinal de GPS e internet”, destaca. 

“Esse é um marco importante no Programa Espacial Brasileiro, em que iremos promover a autonomia do país, principalmente na tecnologia e acesso ao espaço, permitindo que, no futuro, o Brasil integre o seleto grupo de nações que tem acesso ao espaço, e também, obviamente é um fortalecimento da nossa indústria nacional para o desenvolvimento dos sistemas espaciais de que a nação tanto necessita”, ressalta o Diretor de Gestão de Portfólio da AEB, Rodrigo Leonardi. “Daqui dez anos, eu quero que o Brasil seja detentor da tecnologia de veículos lançadores e que, de forma regular e contínua, nós lançemos do território nacional, com um veículo lançador nacional, os nossos próprios satélites”, conclui.

 

 

Conheça as empresas que formam um dos grupos selecionados para construção do foguete:

  1. Cenic: Coordenação do projeto, engenharia de sistemas e desenvolvimento da estrutura primária completa do veículo;
  2. Concert Technologies: Sistema de controle – sistema inercial de navegação / computador de missão / eletrônica de controle;
  3. PlasmaHub: Banco de controle de lançamento / eng. aeroespacial / projetos / montagem de módulos / integração de redes elétricas;
  4. Delsis: rede elétrica de telemetria / aquisição e processamento de dados do banco de controle;
  5. ETYS: rede elétrica de serviço-suprimento de energia / atuação dos pirotécnicos / rede elétrica de segurança.

 

 

Características do foguete:

Capacidade total em órbita baixa: até 30 kg

Diâmetro: 1 m

Altura: 12 m

Massa de decolagem: 9,9 t

 

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Via: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)

 

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