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Como o Airbus A330 da FAB deve ficar depois de convertido – Errata

Nota: nesta e outra matéria informamos que a Força Aérea Brasileira enviou o seu primeiro KC-30 para a conversão na Espanha no último sábado. Apesar do serviço ser realmente realizado lá, a viagem em questão não tinha qualquer relação com isso, sendo apenas um voo operacional como nos foi posteriormente informado pela FAB. Dessa forma, o portal AEROFLAP pede as mais sinceras desculpas aos leitores por estes equívocos

 

A Força Aérea Brasileira (FAB) já fez dois voos internacionais com seu primeiro Airbus KC-30 (A330-200) e deve assinar, ainda nesse ano, o contrato para a conversão das duas aeronaves ao padrão MRTT (Multi Role Tanker Transport). 

Mas como esse trabalho acontece? E como o avião poderá ficar depois desse serviço?
A conversão é toda realizada pela Airbus nas suas instalações em Getafe, na capital espanhola, e acordada entre a fabricante e o Comando da Aeronáutica em outro contrato. 

Airbus A330 FAB Força Aérea brasileira KC-30 independência
Foto: Gabriel Benevides/Aeroflap

Os dois KC-30, FAB 2901 e 2902 (que está nos EUA e logo deve chegar no Brasil), ainda apresentam a configuração comercial com assentos divididos em classes. A configuração nova é escolhida pelo cliente, o que, evidentemente, também afeta o valor do contrato. 

Cabine de passageiros

Conforme especificações da FAB, a cabine do avião deve ter capacidade para transportar, no mínimo, 238 passageiros, sendo 18 em classe executiva. O FAB 2901 — PR-AIS na Azul e PR-OCJ na antiga Avianca Brasil — atende esses requisitos, configurado com 32 assentos executivos e 206 de classe econômica.

A330 MRTT configurado com duas classes.

Os assentos ainda devem ter sistema de entretenimento de bordo. A cabine também deve ter no mínimo duas galleys “de tamanho e capacidade compatíveis com o número de assentos”, bem como leito para descanso de três tripulantes. 

Outras exigências da FAB se referem à capacidade de Evacuação Aeromédica (MEDEVAC). A instituição diz que o KC-30 deve transportar pelo menos 32 macas comuns. Em configuração UTI, deve ter capacidade para seis pacientes ou então 12 macas e 21 assentos simultaneamente. Além disso, a cabine também deve ser modular, permitindo reconfigurações rápidas. 

A330 KC-30 MRTT AIRBUS FAB
Cabine configurada para 100% MEDEVAC, completamente “recheada” de macas. Imagem: Airbus.

De acordo com a Airbus, uma configuração típica para MEDEVAC no A330 MRTT apresenta 28 macas padrão OTAN, seis módulos UTI, 20 assentos para equipe médica e 100 poltronas de passageiros. 

O transporte de pacientes, seja em macas comuns ou de tratamento intensivo, foi uma missão bastante desempenhada pela FAB durante o colapso do sistema de saúde em Manaus (AM), no auge da pandemia de COVID-19. Aeronaves C-105 Amazonas e Embraer C-99 (ERJ-145) foram amplamente usadas na remoção de enfermos. 

Reabastecimento em voo (REVO)

O REVO é uma missão importante para a FAB, realizada periodicamente entre os aviões-tanque KC-130 Hércules e KC-390 Millennium, caças F-5M e A-1M e os helicópteros H-36 Caracal.

Como explicamos noutro artigo, o Projeto KC-X3 buscava adquirir os dois A330 para preencher a lacuna deixada com a baixa dos antigos Boeing KC-137, há quase 10 anos. A aposentadoria dos aviões tirou a capacidade de REVO e transporte de longo alcance, essenciais para a FAB que deve defender um país com dimensões continentais.

Embraer KC-390 REVO FAB AMX A-1
KC-390 reabastecendo um par de caças-bombardeiros A-1 AMX. Foto: Claudio Capucho – Embraer.

As especificações técnicas da Aeronáutica definem que o KC-30 deve ter dois pontos de REVO na asa, do tipo “Probe and Drogue”, também chamados de Cesta e Sonda. Ambos devem operar simultaneamente “de acordo com as normas em vigor”. 

Os aviões ainda devem receber um painel de controle na cabine de pilotagem para o sistema de reabastecimento, bem como “possuir meios de observação visual da operação, com a função de acionamento do sistema de desconexão de emergência.” 

Estação de REVO A330 MRTT
Estação de controle do REVO na configuração onde o A330 MRTT é equipado com a lança de reabastecimento. Foto: Airbus.

A Força Aérea também exige que o KC-30, em sua configuração de REVO, tenha alcance mínimo de 2778 km (1500 milhas náuticas) nas seguintes condições: 

  • Capaz de transferir pelo menos 100.000 libras (45,3 toneladas) de combustível. 
  • Transportar no mínimo 50 passageiros e 10 toneladas de carga. 

Durante a conversão a Airbus instalará dois pods de REVO Cobham 905E nas asas, capazes de transferir 1300 quilos de combustível por minuto. Estes são os mesmos usados pelo KC-390. Os A330 ainda podem receber uma terceira estação de reabastecimento, instalada na traseira da aeronave.

A330 MRTT da RAF reabastecendo caças Rafale e F-35B. Foto: RAF.

Chamado FRU (Fuselage Refuelling Unit), o terceiro ponto teria um casulo Cobham 805E que transfere 1.800 quilos por minuto. O componente, segundo a Airbus, ainda é removível e é especialmente interessante para o reabastecimento de aviões de maior porte, como o KC-390 e SC-105 Persuader no caso brasileiro.

A FAB, no entanto, solicitou que o avião tenha apenas dois pontos de REVO, como mencionado acima. A instalação do terceiro ponto de REVO também pode aumentar os custos da conversão.

A330 MRTT AIRBUS
A330 MRTT da RAF (Voyager KC.3) reabastecendo um A400M Atlas. Foto: Airbus.

Dessa forma, é importante ressaltar: essas são as capacidades mínimas exigidas pela Aeronáutica na época da apresentação das aeronaves. Até o momento não há detalhes do contrato de conversão dos KC-30 pela Airbus. 

Com informações de CABWAirbus

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: A330 MRTT, Airbus, fab, KC-30, Revo, usaexport