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Conheça 5 estranhos aviões da Segunda Guerra Mundial

V-173, projeto da Vought do período da Segunda Guerra Mundial.

A Segunda Guerra Mundial é um conflito que gera debates até hoje, justamente por ter definido boa parte dos rumos que o mundo segue atualmente. Outra parte importante do período foi o rápido desenvolvimento aeronáutico, causado pela corrida armamentista entre os beligerantes. 

Um exemplo dessa disparidade entre as aeronaves é o surgimento dos primeiros mísseis balísticos e a introdução do motor a jato enquanto alguns países como Itália e Reino Unido ainda tinham biplanos em seu inventário. 

Ainda assim, a busca por projetos cada vez mais avançados gerou vários modelos peculiares, tanto no lado dos Aliados quanto no Eixo. Vamos conhecer cinco desses aviões esquisitos da Segunda Guerra Mundial. 

 

Panqueca Voadora

O Vought V-173 tem origem na teoria do engenheiro Charles H. Zimmerman de que aeronaves com asas de baixas proporções poderiam voar em velocidades baixíssimas. Ao mesmo tempo em que os primeiros projetos de helicópteros já surgiam, Zimmerman experimentava o conceito com aeromodelos. O projeto chamou atenção da Marinha dos Estados Unidos, que buscava aeronaves que pudessem decolar e pousar do curto espaço de um porta-aviões. 

Vought V-173 Flying Pancake, projeto da Segunda guerra mundial.
Feito de madeira e lona e com uma pintura amarela que deixava sua aparência ainda mais estranha. Essa era a panqueca voadora da Vought.

Em 23 de novembro de 1942, a Panqueca Voadora (como o avião foi apelidado) voou pela primeira vez, equipada com um par de motores de 80 Hp e um trem de pouso alto e fixo. O modelo foi fabricado com lona e madeira e pintado com uma chamativa cor amarela, que deixava o desenho em formato de disco ainda mais estranho. 

Durante os testes, vários problemas foram descobertos. A caixa de transmissão dos motores gerava muitas vibrações, o avião era lento demais e o corpo sustentante atuava como um freio aerodinâmico em grandes ângulos de ataque, o que tornava o controle muito difícil em certos momentos. As lições aprendidas com o V-173 deram origem ao XF5U mais potente e refinado. Ainda assim, os dois aviões não saíram da fase de projeto. O único V-173 construído está preservado no museu Frontiers of Flight, no Texas. 

 

XP-54 Swoose Goose

Dois anos antes de oficialmente entrar na Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea do Exército dos EUA (USAAF) emitiu o requisito circular R-40C, que buscava um avião de caça mais potente, mais bem armado e fornecesse mais visibilidade que os aviões da época. 

Como resposta ao requerimento, a Vultee apresentou seu Model 84 que mais tarde virou o XP-54 Swoose Goose. A configuração da aeronave era, no mínimo, chamativa: um nariz enorme, com cauda dupla (similar a do P-38), com asas e forma de gaivota invertida e um único motor instalado na fuselagem central em configuração pusher.

Com um design estranho, o Vultee XP-54 voou pela primeira vez em 1943. O projeto de avião de caça teve seu financiamento cancelado pelo Exército.
Com um design estranho, o Vultee XP-54 voou pela primeira vez em 1943. O projeto de avião de caça teve seu financiamento cancelado pelo Exército.

O modelo apresentado pela Vultee superou os concorrentes Curtiss XP-55 Ascender e Northrop XP-56 Black Bullet. O XP-54 ainda apresentava características únicas como um nariz e metralhadoras móveis, cockpit pressurizado e um sistema de ejeção invertido. 

O primeiro protótipo voou 15 de janeiro de 1943, com os EUA já atuando no conflito, mas os testes mostraram que a performance era insuficiente. O Exército se desinteressou pela aeronave e cancelou o financiamento do projeto. O nome Swoose Goose veio de uma música que falava de um animal meio-cisne (swan) e meio-ganso (goose). Nenhuma aeronave foi preservada. 

 

Conjunto Mistel

Projetos da Alemanha Nazista estão entre os tópicos mais polêmicos quando se fala em aviação na Segunda Guerra Mundial. Dentre os projetos mais estranhos está o Mistel, que consistia em duas aeronaves, um caça e um bombardeiro, unidos por uma estrutura, formando uma poderosa arma. 

As avaliações do sistema começaram em 1942. Basicamente, a ideia era tornar a seção de baixo (o avião maior) em uma enorme bomba voadora, não tripulada, para emprego contra alvos estratégicos e reforçados. A aeronave de cima (um caça) comandaria o voo.

Bf 109F-4 e Ju 88 unidos no Conjunto Mistel.

Em determinado momento o piloto da seção superior deveria apontar o conjunto contra o alvo, separar os aviões e deixar os giroscópios guiar o bombardeiro até o alvo. Cerca de 250 conjuntos foram fabricados pelos nazistas, a maior parte deles juntando um caça Fw 190 ou Bf 109 com um bombardeiro Ju-88, cuja seção frontal era carregada com duas toneladas de explosivos. A Alemanha ainda projetou outros Mistel, formando conjuntos entre aviões Ta 152, Ta 154, Me 262, Ar 234, Ju 287 e Do-217.

Ainda assim, o Mistel teve uso e sucesso limitados. Um exemplo foi o ataque contra uma ponte sobre o Rio Oder, em 1945, quando o Exército Vermelho já estava avançando em território alemão. Para deter as tropas de Stalin, a Lutwaffe atacou uma ponte capturada pela URSS, mas a operação não destruiu a estrutura, atrasando o movimento em apenas um dia. 

 

XP-56 Black Bullet

Desenhado pela Northrop como resposta ao requerimento R-40C da USAAF (o mesmo que deu origem ao XP-54), o XP-56 era quase uma asa voadora, com uma fuselagem curta que abrigava um motor radial, bequilha e cockpit. 

O primeiro protótipo (41-786) decolou pela primeira vez em 30/09/1943 sob os comandos do piloto de testes John Myers. Durante as avaliações, a aeronave demonstrou ter sérios problemas de instabilidade, especialmente no movimento de guinada e menos de um mês depois o primeiro XP-56 foi destruído em um acidente na decolagem. 

Nprthrop XP-56 Black Bullet, protótipo da Segunda Guerra Mundial.
Foto: Northrop/USAAF.

O segundo avião (42-38353) fez dez voos entre março e agosto de 1944, desta vez pilotado por Harry Crosby. Mesmo com correções dos engenheiros da Northrop, o XP-56 continuava um avião arisco, enquanto a performance também era baixa.

Nos últimos voos, o piloto notou consumo excessivo de combustível e baixa capacidade de manobra, o que levou ao encerramento das avaliações. Insatisfeita com o avião enquanto já investia em motores a jato, a USAAF encerrou o projeto. O único XP-56 remanescente está com o Museu Nacional do Ar e Espaço, em Washington, onde aguarda restauro. 

 

Blohm & Voss BV 141

Definitivamente um destaque entre os projetos estranhos da Alemanha Nazista, o BV 141 foi desenvolvido um pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial. Em 1937, o Ministério da Aeronáutica Alemão (RLM) solicitou propostas para um monomotor de reconhecimento, onde as características de visibilidade fossem prioridade. 

O BV 141, um avião de reconhecimento reconhecido por sua clara assimetria
O BV 141, um avião de reconhecimento reconhecido por sua clara assimetria. Foto: Luftwaffe.

A Blohm & Voss, que era mais famosa por seus hidroaviões, apresentou o projeto do BV 141, cujo desenho era claramente muito estranho por sua assimetria. Uma única asa abrigava uma longa fuselagem com um motor, cauda e empenagem e uma cabine instalada à direita, com capacidade para piloto, navegador e artilheiro. 

Apesar do design, o BV 141 demonstrou ter boas características de voo e após refinamentos, a Lutwaffe encomendou 500 unidades. Entretanto, a chegada da Segunda Guerra Mundial forçou mudanças de percurso. Com apenas 28 unidades construídas, o RLM cancelou o BV 141 em favor do bimotor Fw 189 Uhu. Todas as aeronaves foram destruídas durante o conflito.

 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Artigos, Militar, Notícias

Tags: Aviões, Curiosidades, Segunda Guerra Mundial, usaexport