A nova geração de jatos comerciais da Embraer pode chegar ao mercado de aviação militar. A fabricante brasileira estuda adaptar o E190-E2 para a missão de patrulha marítima (MPA), conforme revelado pelo CEO do braço militar da empresa.
Joao Bosco Costa Junior, líder da Embraer Defesa & Segurança, conversou com o jornalista Steve Trimble do portal norte-americano Aviation Week. “Estamos em busca de alguns parceiros internacionais que possam se juntar a nós nesta jornada”, revelou o executivo. A Embraer já conversa com outras empresas que podem participar do desenvolvimento do ‘P190 E2’. “Portanto, é um momento perfeito para ter esse tipo de conversa com eles.”
O modelo possui um par de motores Pratt & Whitney 1900G, tem mais de 5200 km de alcance e pode transportar 114 passageiros em sua configuração de classe única. A Embraer já entregou 18 aeronaves, todas para clientes no exterior.

E190-E2- Foto/Divulgação: Embraer
Uma das possíveis configurações do E190-E2 de patrulha apresenta um radome voltado para baixo, mísseis antinavio instalados na barriga da aeronave e modificações na seção traseira da fuselagem, onde seriam carregadas sonoboias, um equipamento utilizado para detectar submarinos. O portal destaca, no entanto, que o design pode evoluir à medida que os estudos avançam.
“Estamos agora numa fase de avaliar todas as possibilidades e todas as soluções disponíveis no mercado para colocar o melhor [esforço] que pudermos neste produto potencial para ter muito rapidamente um potencial cliente de lançamento.”
Embraer x Boeing?
Se a Embraer optar por seguir com o E2 MPA, terá um concorrente já bastante consolidado neste mercado. Desenvolvido para substituir o P-3 Orion, o Boeing P-8 Poseidon já foi adquirido por oito países, operando em sete deles. Apenas a Alemanha, que comprou cinco aviões em 2021, espera a entrega de seus P-8.
Além do jato da Boeing, a Airbus também oferece uma versão MPA do seu turboélice tático C295. Chamado de Persuader, o C295MP é mais barato, embora tenha menos alcance e velocidade que o jato norte-americano.

Foto: Boeing
No ano passado a Boeing apresentou as capacidades do Poseidon à Força Aérea Brasileira. Segundo o então comandante da FAB, Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, a reunião foi importante para prospectar o futuro da Aviação de Patrulha no Brasil, uma vez que existe a necessidade de se discutir o substituto do P-3AM Orion, usado no patrulhamento de longo alcance.
Esta não seria a primeira vez que a Embraer adapta um de seus aviões para essa missão. Além do P-3, a FAB emprega o P-95 Bandeirulha para vigiar o enorme mar territorial brasileiro. Modernizado em 2010, o P-95 foi desenvolvido a partir do C-95 (EMB-110) de transporte. Os P-3 são operados pelo Esquadrão Orungan a partir da Base Aérea de Santa Cruz (RJ), enquanto os Bandeirulha tem como sede as bases de Belém (PA) e Canoas (RS).

Aeronaves P-95 Bandeirulha e P-3AM Orion da Aviação de Patrulha. Foto: Suboficial Johnson Barros/FAB.
Mesmo com o P-8 no mercado, um ‘P190-E2’ poderia ser uma opção para a própria FAB substituir seus P-3, mesmo com custos de desenvolvimento. Além disso, o próprio Poseidon não é uma aeronave barata: a Alemanha pagou US$ 1,31 bilhão em seus aviões e demais materiais e serviços envolvidos.
A ideia para um E-Jet de patrulha marítima também não é nova. Em 2020 o Paquistão escolheu o Lineage 1000, versão executiva do E190 E1, como seu novo avião de patrulha, sob o Projeto Sea Sultan. A aeronave deve receber armamentos, rádios por satélite, radares, sensores e instrumentos de guerra eletrônica e autodefesa.
Quer receber nossas notícias em primeira mão? Clique Aqui e faça parte do nosso Grupo no Whatsapp ou Telegram.