O cargueiro tático KC-390 da Embraer está chamando a atenção de outros países por conta das recentes tensões geopolíticas, incluindo a invasão da Ucrânia pela Rússia.
É o que observa o presidente-executivo da Embraer Defesa & Segurança, Jackson Schneider. Segundo o CEO, países da Europa e de outros lugares estão cada vez mais interessados em substituir aeronaves de carga militar de décadas.
“Muitos países do mundo… percebem que seus sistemas de logística são muito antigos e precisam ser substituídos”, disse Schneider recentemente a repórteres. “Eles precisam substituir [esses sistemas] o mais rápido possível.”
Segundo informações obtidas pelo Portal Aeroflap, trata-se de um KC-390 do Esquadrão Gordo, a mais nova unidade da FAB a ser equipada com este jato.
Dentre os fatores citados por Schneider está, até mesmo, a retirada das tropas dos EUA do Afeganistão em agosto de 2021. Esse evento fez com que parceiros dos EUA – principalmente os da Europa – a fazer o mesmo. A operação foi acompanhada de perto pelo mundo todo, um esforço que dependeu completamente de aeronaves, especialmente os cargueiros militares.
“A retirada de tropas e refugiados do Afeganistão… chamou a atenção dos países europeus… que seus sistemas logísticos não estão atualizados”, diz Schneider.
Em fevereiro a Rússia invadiu a Ucrânia, dando início a uma guerra que passa dos 100 dias, sem qualquer “luz no fim do túnel”. Esse evento destacou ainda mais a necessidade dos países europeus de atualizar os ativos militares antigos. Schneider diz que a guerra no Velho Continente está aumentando significativamente os gastos militares ocidentais.
“O mundo não será o mesmo depois da guerra russo-ucraniana”, diz o executivo, afirmando ainda que a guerra “iniciou, ou reforçou, um forte interesse” no cargueiro C-390. Ele também diz que esses fatores são um bom presságio para vendas adicionais do turboélice A-29 Super Tucano da Embraer – especificamente, os exemplos usados para treinamento de pilotos.
A Embraer não foi o único do player do setor de defesa a ver um crescimento de demanda após o início da guerra na Europa. Em meados de Abril, o presidente e CEO da Lockheed Jim Taiclet, afirmou que o conflito impulsionou o interesse de vários países em adquirir armas dissuasórias.
A Lockheed, que fabrica o caça stealth F-35 e os mísseis antitanque Javelin, também produz o cargueiro C-130 Hércules, um dos principais concorrentes do KC-390, especialmente em sua versão C-130J-30 Super Hercules.
Schneider observa que a frota global de aeronaves militares de peso médio é de cerca de 1.500 aeronaves. Aqueles – muitos dos quais são variantes do C-130 – têm uma idade média de mais de 30 anos. “Esses aviões terão que ser substituídos”, concluiu.