A Turquia poderá se tornar a mais nova operadora do caça pan-europeu Eurofighter Typhoon. Enfrentando atrasos na compra de mais F-16 dos Estados Unidos, Ancara tem negociando a compra de aviões usados com a Espanha e Reino Unido.
Falando à Reuters, o ministro da Defesa turco Yasar Gular confirmou o interesse do país em comprar até 40 caças Typhoon de segunda mão, divididos em dois lotes de 20 aeronaves cada. O negócio, no entanto, enfrenta a negativa da Alemanha, que também fabrica a aeronave e tem poder de veto.
“Agora o Reino Unido e a Espanha estão fazendo esforços para convencer a Alemanha, (embora) não estejamos em conversações com a Alemanha”, disse Gular. Ainda não se sabe a posição da Itália, outra nação que participa da produção do Typhoon.

Caças Eurofighter Typhoon da Luftwaffe (Força Aérea Alemã).
Segundo a emissora Al Arabiya, da Arábia Saudita, o presidente turco Tayyip Erdogan deverá conversar neste final de semana com o chanceler Olaf Scholz sobre o assunto. Ainda assim, é improvável que Scholz ceda.
Membro da OTAN, a Turquia tem enfrentado problemas diplomáticos com Washington e países europeus por uma série de questões, desde acusações de violações de direitos humanos, passando pelas polêmicas relações com o Estado Islâmico e ataques aos curdos, vistos por Ancara como terroristas. Mais recentemente, Erdogan condenou os ataques de Israel na Faixa de Gaza, afirmando ainda que o país é um invasor da Palestina.
A aproximação com a Rússia também rendeu rusgas com os Estados Unidos. Por ter adquirido mísseis antiaéreos S400 de Moscou, a Turquia foi retirada do programa do caça stealth F-35, mesmo já tendo recebido as primeiras aeronaves e investido no desenvolvimento do modelo.
Todos esses fatores também vem impedido a Turquia de comprar mais caças F-16 dos Estados Unidos, além de kits de modernização para 80 de seus próprios aviões. A compra avaliada em US$ 20 bilhões tramita no Congresso dos EUA e numa longa conversa entre os dois países, mas Washington parece não ter nenhuma pressa na questão.

Caças F-16C/D Fighting Falcon da Força Aérea Turca. Foto: Força Aérea Turca.
Assim, a necessidade para aviões de combate segue apenas aumentando, forçando Ancara a buscar soluções alternativas. Conforme observa o The War Zone, a Força Aérea Turca já é a terceira maior operadora de F-16 do mundo, com um total de 270 dessas aeronaves entregues em diferentes configurações.
O site ainda aponta que a ratificação turca da adesão sueca à OTAN é um pré-requisito para a aprovação da venda do F-16 ou qualquer outro caça. Essa questão também poderia ser usada como moeda de troca para a venda dos Eurofighter.
Em meio a isso tudo, a Turquia também busca mais independência industrial, investindo no seu próprio caça stealth, o TAI TF-X, e no desenvolvimento de armas e drones avançados. Por outro lado, os turcos também observam a Grécia, adversário histórico, adquirindo aviões modernos, como o Rafale e o F-35, e apostando na modernização de seus F-16 para o padrão mais moderno.
Por fim, Ancara provavelmente terá de dar o braço a torcer para conseguir seus tão desejados aviões de caça, seja o F-16 ou o Typhoon.
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