Enquanto MC-21 não fica pronto, Rússia avalia subsídio de combustível para aviões “ineficientes”

por '@pedro

Ilyushin IL-96-300 Rússia

A Rússia tem vários projetos de novos aviões fabricados no país como uma atualização do SSJ100, o MC-21 e o widebody sino-russo CR929. Contudo, essas aeronaves ainda estão em processo de desenvolvimento, e somente o MC-21 que será colocado em atividade nos próximos dois anos.

Por este motivo, a Rússia estuda começar a conceder uma espécie de subsídio de combustível para as companhias que operarem com aviões antigos. Essa medida servirá para a nova movimentação dos russos, de reativarem aviões Ilyushin IL-96 e IL-86, bem como aeronaves Tupolev Tu-214/204, essas últimas as mais modernas produzidas no regime soviético.

O uso em partes de alguns aviões russos, enquanto as aéreas mantém uma quantidade significativa de aviões ocidentais em atividade através de uma terceira via, é para contornar as sanções que proibiram a importação de aviões ou peças da Airbus, Boeing e Embraer para a Rússia.

Superjet da Aeroflot pronto em linha de montagem da Sukhoi. Foto: United Aircraft Corporation PJSC

“Nunca paramos de produzir [esses tipos], mas eles foram construídos em número limitado, principalmente para operadores especiais”, disse Yuri Borisov sobre o Ilyushin IL-96 e o Tu-214. O vice-primeiro ministro da Rússia reconheceu que as companhias deixaram de operar com aviões nacionais pelo alto consumo de combustível, visto que somente agora, com a nova linha de motores Aviadvigatel, os russos conseguiram produzir motores eficientes.

O modo de resolver essa questão, de acordo com Borisov, é implementar um “subsídio de combustível” para que o uso desses aviões de projeto antigo não seja tão onerável a caixa das aéreas.

Esta ajuda financeira será fornecida de acordo com o número de aviões russos em cada companhia, e também, de acordo com as aeronaves de nova geração em operação.

 

Planejamento para novos aviões totalmente russos

Foto: Tupolev/Divulgação

Como publicamos na última semana, a Rússia trabalha com dois planos distintos para substituir as aeronaves ocidentais. O primeiro, de curto prazo, é retomar a produção de aviões já conhecidos, como o Tu-214, Let L-610 e o IL-96 (-400M). O segundo, visando daqui 4 anos, é começar a operar com o MC-21, Superjet 100 e uma versão modernizada do Il-114-300.

Borisov disse que o Tu-214 e o Il-96 são “aeronaves confiáveis ​​e seguras que já se provaram no mercado”. Algumas linhas de produção na Rússia mantêm a produção dessas aeronaves em baixa escala, o desafio agora é ampliar a produção, algo que a Rússia não faz pelo menos desde a década de 90.

Aeronave Irkut MC-21 com motores russos de nova geração PD-14.

Por outro lado, a Rostec agora quer tornar o MC-21 e o SSJ100 aviões totalmente russos. Atualmente essas aeronaves têm componentes ocidentais que foram afetados pelas sanções. Demorará pelo menos até 2024 para adaptar esses produtos para a nova realidade, e iniciar uma produção em série.

Com essa estratégia em vigor ainda em 2022, a Rostec quer atingir uma meta de 500 aeronaves de fabricação totalmente nacional em atividade no país até 500, o que representa quase 50% dos aviões em atividade na Rússia atualmente. Não é possível por agora estimar a redução da demanda para as companhias locais, com as proibições de sobrevoo de vários países, e como isto afetará a frota de cada empresa.

Esse planejamento mostra que levará um bom tempo, até a Rússia conseguir atingir a independência do exterior no setor de aviação. Atrasos no projeto do CRAIC CR929 podem complicar ainda mais este planejamento.

“Essa prática precisa ser restaurada”, disse Borisov sobre a retomada de operações das empresas nacionais com aeronaves russas.

 

Autor: Pedro Viana

Engenharia Aerospacial - Editor de foto e vídeo - Fotógrafo - Aeroflap

Categorias: Aeronaves, Notícias

Tags: Aeronaves, Incentivo, Irkut, Rússia, Rostec, UAC, usaexport

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