Entrevista: Nella Airlines espera comercializar passagens com preço fixo

Nella Airlines ATR

A Nella Airlines é a mais nova promessa de companhia aérea regional, que promete estrear as suas operações ainda neste ano.

Todo o projeto da Nella tem como CEO Mauricio Souza. E nós conversamos nesta última semana com ele para trazer ao nosso público um pouco mais sobre essa nova companhia aérea.

Confira a nossa entrevista abaixo.

 

Aeroflap: Porque vocês decidiram investir em uma nova companhia aérea aqui no Brasil?

Mauricio: “O foco da nossa companhia é aviação regional, que é algo muito escasso no Brasil, o investimento veio a calhar por conta de tudo que vem acontecendo não só no Brasil como em outros países. Veio a calhar também com a nova diretriz que o Brasil está tomando e isso tornou possível garantir um investimento para uma nova companhia.”

 

Aeroflap: A frota terá um foco em aviões a jato ou turboélices? Porque vocês escolheram essa opção?

Mauricio: “Serão aeronaves turboélices, serão aviões ATR. A escolha foi pelo acesso que a aeronave permite a diversos aeroportos que não comportam jatos. Além do custo operacional que é mais barato, e fazendo uma operação mais barata conseguimos vender bilhetes baratos, tornando uma empresa low-cost e low-fare.”

 

Aeroflap: Essa operação regional com baixo custo no Brasil ela pode ser inovadora?

Mauricio: “A ideia que nós temos implementado no Brasil é a mesma que tem nos Estados Unidos, sistema de operação ponto a ponto, desenvolvido pela Nella mas espelhado fora do país. Aquela que você pode comprar uma passagem com 30 dias de antecedência ou 1 dia e terá o mesmo custo.”

 

Aeroflap: Com a frota de [aviões] ATR é possível fazer esse tipo de serviço no Brasil?

Mauricio: “O ATR hoje é o mais indicado para fazer esse tipo de serviço no Brasil por ser mais acessível do que um jato. Os destinos que queremos atender em 5 anos, com cerca de 70 destinos, sendo 48 desses não podendo operar com um jato. Tornando o ATR o mais indicado.”

 

Aeroflap: A Nella oferecerá algum tipo de serviço diferenciado para atrair o cliente?

Mauricio: “Diferença primordial que queremos ter é o preço, se você tem um preço acessível a todos você facilita a locomoção das pessoas. Planejamos colocar preços similares aos dos ônibus com pouca diferença de valor e com menor tempo de viagem. Então você aloca esse valor sobre a operação, trazendo uma rentabilidade para a companhia. O nosso atendimento com todos os passageiros em si, e por ser uma aeronave menor nós optamos pelos lanches reduzidos, mas que agrada a todos os gostos.”

 

Aeroflap: Há uma expectativa de qual e quando virá o primeiro avião para o Brasil?

Mauricio: “Nós temos sim uma primeira operação programada para abril, porém sem uma data confirmada pois ainda dependemos da aprovação da ANAC para começar a operar. Algo que nós temos seguido todos os protocolos, pois ainda há o voo de apresentação, os voos de teste.”

 

Aeroflap: Mas para isso o primeiro avião precisa chegar antes?

Mauricio: “Ou se ele já não está aqui né…”

 

Aeroflap: É um ATR 42 ou um 72?

Mauricio: “É um ATR 72, tem duas rotas e malhas especificas que precisam ser operadas exclusivamente com o ATR 42, pois o Aeroporto não comporta uma aeronave maior. As demais aeronaves serão ATR 72-600.”

 

Aeroflap: A configuração de assentos escolhida será mais para o lado do conforto ou de alta densidade?

Mauricio: “A questão de aumentar a densidade desse avião a gente parte de 70 a 74 passageiros e com conforto seria para 68 assentos. Temos de levar em consideração que o assento do ATR é um assento pequeno, não tão confortável como um jato. E como são voos curtos, teremos voos de até 60 minutos, com isso somando todos os fatores chegamos ao denominador que serão 70 assentos para o ATR 72 e ainda não há definida a capacidade para o ATR 42. Nós ainda estamos verificando o possível load factor dessas rotas com o ATR 42.”

 

Aeroflap: Vocês têm algum foco no Brasil que vocês possam falar, ou aqui falta uma companhia regional?

Mauricio: “Eu posso te dizer, o que está faltando no Brasil é de uma companhia aérea regional. São 4912 cidades, isso falta no Brasil ser atendido por uma companhia aérea regional. Claro que muitas cidades não serão atendidas por uma demanda mínima de passageiros. Então você tendo em base que a gente tem uma operação focada com Hub principal em Brasília, Hub secundário em Fortaleza, então a gente tem o nordeste inteiro para atacar, e a gente tem o centro sul para atacar.

Então, a questão básica ainda que está em estudo é o norte do País, o Sul entra na quinta expansão da companhia, na quinta fase entra Rio Grande do Sul, Santa Cataria e Paraná, onde a gente vai cobrir as cidades sem atendimentos primordialmente. Eu não tenho como, hoje colocar uma operação, um exemplo bem simples, Congonhas para o Rio de Janeiro, porque eu vou está concorrendo com um jato, então a comodidade que o passageiro prefere é voar de jato. Certo?

Mesmo que eu tenha um custo operacional mais barato, uma passagem mais barata, mas esse é um tipo de zona que a gente não pretende atacar com um ATR. Porque ela é muito concorrida, é o que todo mundo quer. Como diz o dito popular “ é o filé”, então a gente não está aqui para atacar o filé, a gente está aqui para atacar outras partes do país.”

 

Aeroflap: Vocês planejam algum tipo de expansão para outros setores? Setores cargueiros? Porque parece que também houveram uma expansão desse grupo Nella, com divisões que vão atuar em outras áreas.

Mauricio: “A operação cargo da Nella não é da Nella Linhas Aéreas, é da Nella Airlines, é outra empresa, outra companhia, outra diretoria. Se utiliza do mesmo nome, porque ela tem o direito do uso da marca, porém a Nella cargo irá operar com um 737-400 (Boeing) fazendo transporte de carga dentro do país e a expansão futuramente para a América Latina.”

 

Aeroflap: Mas faz parte do mesmo grupo ou é só licenciamento de nome da Nella no caso?

Mauricio: “Hoje a gente tem uma participação da Nella Airlines, mesmo por conta do contrato de direito de uso. Então a Nella cargo responde pela Nella Airlines nesse exato momento. Tudo pode acontecer e tudo pode mudar. Então hoje a companhia tem uma participação dentro da Nella Airlines, da Brasileira, porque existe a Nella Airlines nos Estados Unidos já, e existe a Nella no Panamá também, então com a junção que a Nella fez com a cisão parcial que a gente tem com a Albatros Airlines, tem uma pequena participação de ambas as companhias, tem uma pequena participação dessa companhia em específico.”

 

Aeroflap: Vocês já contrataram muitos profissionais nessa primeira fase?

Maurício: “Já. A Nella já tem 1 ano de CNPJ. Desde antes da construção da companhia já tinha 3 anos de projeto, agora estamos no quarto ano de projeto. Sobre a questão de contratação a gente já contratou o time todo, estamos pronto. Na sequência entra contratação de comissários, pilotos, alguns treinamentos que tem que ser feitos. Não tem simulador de ATR´72-600 no Brasil, então a gente tem que mandar o pessoal pra Colômbia, então isso demanda um pouquinho de tempo. Fora isso tem seleção de sistema, que demanda um pouco de tempo também. A ideia principal é entrar com tudo isso pronto para até meados de abril a gente dar o start.”

 

Aeroflap: Qual sua mensagem que você poderia deixar para nosso público sobre o setor da aviação, e tudo que está prometendo depois dessa grande crise?

Mauricio: “Nesse ano que 2019 e 2020 teve o pior desempenho, 19 não estava muito bom, 20 foi o pior desempenho que já existiu. Porém em meio a tudo isso, nasceram 40 companhias aéreas, então a gente a viu muitas companhias aéreas se degringolando, muitas companhias aéreas que a gente nunca imaginou que fossem falir, faliram. Mas nasceram 40 companhias e isso significa que os empresários e os investidores acreditam no mercado, e como vocês veem, no Brasil está nascendo duas companhias aéreas, significa que tem muitas possibilidades de recuperação do mercado.

Nosso maior problema era a mão de obra. Hoje a mão de obra a gente tem sobrando no país. Você trazer avião, homologar uma companhia aérea, não é a parte mais difícil. A parte mais difícil de ter uma equipe para fazer isso dar certo. A Nella é um exemplo disso, que a equipe que faz a companhia, as vezes você ter uma equipe de excelentes profissionais que não tem o desempenho de profissionais que estão ali para vestir a camisa. Então a gente a acredita no país, a gente acredita nos profissionais que estão dentro da companhia. O foco no investimento aqui é em pessoas primordialmente.”

 

Agradecemos à equipe da Nella e ao Mauricio Souza pela entrevista e toda atenção concedida para a nossa equipe.

 

A pauta e a entrevista foram realizadas pelo editor-chefe Pedro Viana, com transcrição pelo editor Gabriel Melo e revisão pelo autor da entrevista.

 

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