Paraguai, Panamá e Brasil são os únicos países da América Latina e do Caribe onde atualmente existem projetos para a produção de combustível de aviação sustentável (SAF), insumo que permitirá à indústria da aviação alcançar a meta de emissões líquidas zero até 2050, afirmou José Ricardo Botelho, diretor executivo e CEO da ALTA, durante o Encontro de Diretores Gerais da Aviação Civil organizado pelo escritório regional sul-americano da Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO), que aconteceu na última segunda-feira (10/04), em Santiago-Chile.
Segundo Botelho, para atingir o objetivo é fundamental um trabalho articulado entre indústria, produtores e governo.
“O apoio do governo é essencial neste momento. A segurança jurídica é o segredo para atrair investimentos de longo prazo. Em compensação, incentivos econômicos estimulam a produção e o consumo de SAF e, da mesma forma, provocam mais pesquisa e desenvolvimento na cadeia produtiva desse tipo de combustível. Esse conjunto de medidas gera avanços e promove a produção em larga escala, o que leva à redução dos preços unitários do SAF. Se a região não se tornar produtora, vai se consolidar como exportadora de matéria-prima que depois importa o SAF para sua utilização”, alertou.
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Hoje, os dois grandes desafios para o crescimento do setor são a urgência de aumentar a disponibilidade de SAF, uma vez que a indústria mundial vai exigir uma produção anual de 449 mil milhões de litros até 2050 para ser abastecida, e também, os altos preços de aquisição, já que, em 20 de março de 2023 o SAF era 2,3 vezes mais caro que o combustível comum, segundo dados da S&P Global Commodity Insights.
“Ambos os desafios podem ser enfrentados com produção local”, comentou o CEO da ALTA, que reiterou que a LAC tem potencial para produzir um número suficiente de SAF para a descarbonização da aviação na região.
“A América Latina e o Caribe têm a maior quantidade de matéria-prima para produzir SAF no mundo. É uma posição privilegiada que temos que aproveitar. E não só para disponibilizar o insumo que vai descarbonizar o transporte aéreo, mas também para gerar milhões de empregos que beneficiam a população.”
Um marco legal inteligente e alinhado com as necessidades do mercado regional poderia mudar as regras do jogo e a história da LAC, região que hoje se apresenta como grande exportadora de matérias-primas para a produção de SAF, mas que desempenha um papel desfavorável no mercado. “Hoje a região gera e exporta matéria-prima, para depois importar o SAF, o que causa prejuízos para países como o Brasil”, afirmou Botelho.
O CEO reiterou que o momento é oportuno para mudar as regras do jogo. “É hora de governos e indústria trabalharem juntos. Por isso, parabenizamos o escritório ICAO por promover esses espaços de discussão e trabalho colaborativo. Estou convencido de que a América Latina e o Caribe podem atingir seu grande potencial, sem custos adicionais que prejudiquem uma indústria já duramente atingida pela pandemia. O SAF será um grande gerador de empregos e renda para a região, ao mesmo tempo em que permitirá alcançar a sustentabilidade do transporte aéreo”, destacou.
Via: ALTA
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