Flight Report: O primeiro voo de um cachorro

Cachorro

Há duas semanas, por motivo de mudança, tive que levar o ‘parceiro’ para o estado de São Paulo. O motivo: Se mudando. Foi meu primeiro voo como tutor de um cachorro em voo e o primeiro voo dele.

Antes de comprar a passagem, o primeiro passo foi ver as regras das companhias aéreas. A GOL permite cachorros de até 10 quilos para voar na parte de cima do avião, a Azul e LATAM o máximo de 8 quilos. Acabei optando pela GOL já que o parceiro pesa uns 8 quilos, na balança deu um pouco mais de 8 quilos. O valor cobrado para levar ele foi R$ 250,00.

O segundo passo foi comprar uma bolsa de transporte aéreo para cães e gatos, cada companhia aérea tem suas medidas padrões. Achei no Mercado Livre, lá tem anúncio de venda de acordo com as exigências de cada companhia. Escolhi um que era de lona com telas, para tentar deixá-lo o menos fechado durante o voo.

O terceiro passo foi falar com o veterinário dele, é obrigatório levar a carteira de vacinação em dia com um prazo mínimo de 30 dias vacinado e um atestado escrito pelo veterinário que está tudo em dia com a saúde do cachorro ou gato se for o caso. A grande maioria dos veterinários já conhecem esse procedimento.

O parceiro é um Shitzu, uma raça que tem fuço curto. O veterinário alertou dos possíveis problemas de cachorro com fuço curto e se sedar eles, pode causar a morte. Empresas como a Gol não transporta cachorros de raças grandes com nariz curto. Muitos morreram no porão do avião sedados. O porão onde os cachorros vão em voo são pressurizados e climatizados na temperatura ambiente, o problema não é esse, o problema é o fuço curto.

Então o parceiro foi sem tomar nenhum tipo de sedativo.

Outra questão importante, eles precisam voar em jejum. Umas 8 horas de jejum para evitar possíveis vômitos ou fazer o número 2.

Semanas antes do voo eu cheguei a pensar em sair com ele na bolsa para se acostumar, acebei fazendo dentro do apartamento mesmo.

Chegou o dia do voo. O voo POA – GRU saia às 19h00, porém, minha filha nos levou ao aeroporto mais cedo por causa do trânsito, um trecho de 40km que pode durar mais de uma hora e meia por causa de engarrafamentos ou acidentes.

No aeroporto Salgado Filho

Saímos as 15h00 de casa, no fim não tinha engarrafamento e chegamos muito rápido no aeroporto. No estacionamento ele veio na guia, quando chegamos na entrada do aeroporto coloquei ele na bolsa semi-fechada, com a cabeça para fora dela. Tive um pequeno problema, ele pulou para fora, coloquei ele de novo na bolsa com ela toda fechada. O que também foi um problema já que ele chorava um pouco.

Despachamos as bagagens, fizemos a documentação para o cachorro, composta por uma via que é entregue depois para a chefe dos comissários e apresentado antes do embarque. A funcionária da GOL pesou o parceiro e conferiu a documentação dele, preencheu os documentos e fomos liberados para embarque.

Mas um problema surgiu, era muito cedo e o parceiro estava ficando estressado dentro da bolsa, fui para fora do aeroporto e fiquei caminhado com ele indo e voltando no mesmo trecho para acalmar o cachorro.

Chegou a hora de ir para sala de embarque, fechei ele novamente na bolsa e fomos para o Raio-X. O procedimento é tirar o cachorro da bolsa para passar ele no Raio-X e passar com ele no colo com os braços esticados.

Passado o Raio-X chegamos no portão de embarque, apresentei os documentos dele para o pessoal da GOL e esperei todos entrarem no avião para embarcar por último. Ele estava com uma coleira peitoral, muito importante durante o voo. Para acalmar mais um pouco, até todo mundo embarcar no avião, coloquei ele no meu colo segurando a peitoral. Foi a alegria das crianças na volta.

Segurando na coleira peitoral

Na entrada do avião apresentei os documentos para o chefe dos comissários, ela me deu as instruções. Por nenhum momento tirar ele da bolsa e só tirar em caso de despressurização para colocar uma máscara nele, sempre após colocar a minha. Os aviões possuem uma máscara a mais para usar em bebês e para os comissários caminharem pelo corredor.

Por sorte a poltrona do meu lado estava vazia, logo que sentei coloquei ele no meu lado e minha mãe ficou no corredor, coloquei ele no meio até o avião ir para o taxiamento e ser alertado que deveria colocar ele embaixo da poltrona à frente nos meus pés. Já era noite, procedimento padrão de decolagem, luzes todas apagadas e aquele silêncio. Eu fiquei sentado com o cinto de segurança afivelado, e com uma mão dentro da bolsa para tentar acalmar ele.

Peguei lugar na parte de trás das asas, o que foi um erro meu. Era um 737-800 NG, motores com tecnologia antiga, blades de aço e baixo by-pass, o que faz aumentar o barulho do motor.

Quando os motores aceleraram começou o pavor, nunca vi ele tão nervoso nesses seis anos. Tentava a todo custo tentar sair dali, começou a sair remela do nariz. Logo que o avião decolou quebrei o protocolo e coloquei na poltrona do lado, comecei a acalmar ele até que passou.

Segui o voo com ele no meu lado, eu afivelado e segurando ele pela coleira peitoral dentro na bolsa aberta durante todo o voo. Por fim ele acalmou e dormiu durante quase todo voo. Na aproximação em GRU coloquei novamente na bolsa e embaixo da poltrona para a aterrissagem.

 

Quais as considerações que eu tive para levar seu parceiro para o primeiro voo:

  • Coloque uma coleira peitoral;
  • Escolha lugar na frente das asas, na primeira fila talvez seja mais interessante;
  • Se for possível, compre dois lugares, um no seu lado;
  • Leve em jejum;
  • Chegue próximo ao horário do voo;
  • Escolha um voo durante o dia e não a noite;
  • Se for peludo e pesar mais de 7 quilos é interessante raspar o pelo para ficar mais confortável na bolsa.

 

 

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Rodrigo Rott é Diretor Geral da Aeroflap