Força Aérea dos EUA quer aposentar seus A-29 Super Tucano no próximo ano fiscal

Parceira da Embraer, SNC produz o A-29 Super Tucano nos Estados Unidos. Foto: Sierra Nevada Corporation.

A pequena frota de A-29 Super Tucano da Força Aérea dos EUA (USAF) está com os dias contados. A organização quer aposentar mais de 300 aeronaves no Ano Fiscal de 2024 (FY 2024, incluindo os turboélices desenvolvidos pela Embraer, usados em uma unidade de operações especiais. 

O Departamento da Força Aérea apresentou na semana passada sua proposta orçamentária para o FY 2024, que se inicia em outubro, e inclui grandes investimentos em projetos importantes, como o caça de 6ª geração NGAD e o novo bombardeiro B-21 Raider.

O projeto também contempla a compra de 95 aeronaves, bem como a aposentadoria de outros 310 aviões de combate e suporte, incluindo caças F-22 Raptor usados para treinamento, jatos de ataque A-10 Warthog, aviões-tanque KC-10 e outros modelos, como o próprio A-29. 

USAF possui três A-29C, um dos quais ostenta pintura similar à usada por caças P-51 e P-47 na Segunda Guerra Mundial. Foto: SNC. .

Oficiais dos EUA já haviam revelado no ano passado o desejo da USAF de se desfazer dos seus três únicos A-29, bem como de seu concorrente, o AT-6E Wolverine. A proposta do Departamento da Força Aérea confirma isso, embora não haja menção sobre o AT-6 no documento. 

Todavia, o planejamento bilionário da USAF ainda deve ser aprovado pelo Congresso norte-americano. Como observa o The War Zone, “os legisladores podem e frequentemente bloqueiam cortes […] e também regularmente adicionam dinheiro a vários programas além do que a Força Aérea e outros serviços solicitam.” Assim, é possível que a aposentadoria prematura dos Super Tucanos norte-americanos seja barrada pelos congressistas. 

Beechcraft/Textron AT-6E Wolverine também está na mira da USAF, mas não é mencionado em proposta para o FY-2024. Foto: Brett Schauf.

Turboélice brasileiro a serviço dos Estados Unidos

Vendido para 18 países, o A-29 tem suas origens no projeto ALX e no seu próprio predecessor, o T-27 Tucano (EMB-312). O Super Tucano já havia sido avaliado pela Marinha dos EUA como parte do Programa Imminent Fury, muito antes de entrar em serviço com a Força Aérea Americana.

O modelo brasileiro foi selecionado para equipar países aliados dos EUA como parte do Programa Light Air Support (LAS), sendo montado em território norte-americano pela Sierra Nevada Corporation (SNC), uma parceira da Embraer. De lá, os aviões foram transferidos ao Afeganistão, Nigéria e Líbano. Os pilotos desses países foram treinados por militares dos EUA. 

A-29 Super Tucano da Força Aérea Afegã carregando bombas GBU-58. Foto: Staff Sgt. Jared Duhon/USAF.

Em paralelo, os EUA buscavam um avião leve para suporte aéreo de forças especiais, e o A-29 concorreu ao lado do AT-6 e outros modelos. O programa eventualmente foi cancelado após uma série de atrasos e reviravoltas, com a USAF seguindo com o Light Attack Experimental, que viu a compra de três A-29 e dois AT-6E. 

O último A-29C, como o Super Tucano foi designado, foi entregue ao Comando de Operações Especiais da Força Aérea dos EUA (AFSOC) há pouco menos de um ano. Os aviões foram usados como parte da missão de consultoria externa do AFSOC. Já os AT-6 foram empregados para experimentos adicionais de ataque leve com o Corpo de Fuzileiros Navais e países parceiros, bem como plataforma de demonstração do datalink AEROnet. Ao todo, as cinco aeronaves custaram mais de US$ 200 milhões. 

Com a seleção do AT-802 Sky Warden como vencedor do Programa Armed Overwatch, aliada à uma série de cortes que a USAF tem realizado em sua frota, não há razões para a permanência dos Wolverines e Super Tucanos em atividade no país.

Segundo Edward Stanhouse, Diretor Executivo da Força Aérea para Inteligência, Vigilância e Reconhecimento, e provável que as aeronaves “acabarão sendo declaradas como Artigos de Defesa em Excesso”, com o Governo buscando “outros parceiros de missão que possam querer pegá-las”.

Caso Washington não encontre esses parceiros, os Super Tucano serão então enviados ao Grupo de Manutenção e Regeneração Aeroespacial, um grande cemitério de aeronaves militares no Arizona. 

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: A-29 Super Tucano, Embraer, usaexport, USAF

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