A Força Aérea dos EUA (USAF) lançou oficialmente sua busca por um novo avião-tanque com capacidades stealth, com o objetivo de ter um avião definitivo na década de 2040. Esta é a terceira fase de um grande projeto de reconstrução da força de reabastecedores do país. 

No último dia 31, a USAF publicou no SAM.gov, um site de contratos governamentais, um requisito de informações (RFI) para vários fabricantes, que deverão enviar, até o dia 02 de março, seus mais diversos conceitos para um avião-tanque “invisível aos radares”.

As propostas serão avaliadas em outubro como parte do programa Next-Generation Air-Refueling System (NGAS). Além de transferir e receber combustível no ar, a futura aeronave deverá ser capaz de sobreviver em espaço aéreo disputado e apoiar sistemas aéreos não-tripulados. 

Os proponentes devem apresentar que tipos de motores colocariam em suas aeronaves e a economia obtida em comparação com os atuais aviões, além de que maneiras responderão à futuras ameaças. 

A USAF diz estar aberta a todas as ideias sobre tamanho e desempenho do novo reabastecedor aéreo, mas também quer que os participantes identifiquem o nível de maturidade dos projetos, as áreas de maior risco e como seriam atenuadas num programa de desenvolvimento.

Segundo a Air & Space Forces Magazine, a publicação da RFI marca o início formal do NGAS, anteriormente chamado de KC-Z, o terceiro programa da Força Aérea para aquisição de aviões-tanque. O Boeing KC-46 Pegasus foi o vencedor do KC-X; o KC-Y, também chamado de “bridge-tanker”, ainda em andamento, busca um elo de ligação entre as gerações de reabastecedores. O atual NGAS é a terceira e última fase do esforço de recapitalização da frota de aviões-tanque da USAF. 

A Força Aérea “está interessada em soluções inovadoras em todas as classes de tamanho e desempenho que possam atender aos requisitos estressantes da missão” de fornecer combustível no espaço aéreo contestado, disse o anúncio. A velocidade dos conceitos de aeronave apresentados “deve ser compatível com os receptores modernos”.

O secretário da Força Aérea Frank Kendall disse que a ameaça imposta pela China está afastando a USAF dos reabastecedores tradicionais, baseados em plataformas comerciais adaptadas para emprego militar. “A ameaça está tirando essa liberdade de nós”, disse ele, acrescentando que, com novos projetos de aeronaves de carga e reabastecimento, a USAF precisa colocar “um alto valor na capacidade de sobrevivência”.

Aeronaves e mísseis da China e outros adversários podem rastrear e derrubar aviões-tanque a partir de longas distâncias, obrigando a Força Aérea a avançar em direção a conceitos de sobrevivência, disse ele. O novo avião terá que “ir além” dos conceitos tradicionais e “sobreviver em um ambiente em que a frota atual não teve que trabalhar”.

A RFI para o NGAS instrui as empresas a fornecer características detalhadas de desempenho de aeronaves em potencial, incluindo tamanho e peso, performance de pouso, decolagem, subida e voo de cruzeiro relativa ao perfil da missão.

A USAF também quer saber se os aviões propostos poderão operar de aeródromos regionais, improvisados ou não tradicionais, uma questão alinhada à doutrina ACE (Agile Combat Emplyment). Trata-se de uma resposta à China, que busca o desdobramento de meios de força aérea em locais mais próximos da linha de frente e com pouca infraestrutura e apoio de solo. 

A RFI da USAF vem enquanto players importantes, como a Boeing, tem apresentado diversos conceitos para novos aviões de carga e reabastecimento empregando o modelo blended wing body (BWB), que promete incorporar características stealth aprimoradas.

Kendall disse que não há um conceito comercial BWB que a Força Aérea possa aproveitar “ainda”, mas o serviço está analisando esses conceitos porque as variantes comerciais também podem reduzir significativamente o consumo de combustível da indústria aeronáutica.