A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA) dos Estados Unidos selecionou equipes de empresas para trabalharem no projeto Liberty Lifter. A agência vai financiar o desenvolvimento de um hidroavião de grande porte, capaz de operar no efeito solo como um ecranoplano. 

Conforme comunicado da DARPA, esta é a primeira fase do programa, com 18 meses de duração, incluindo seis meses de trabalho de projeto conceitual e nove meses de maturação do projeto, culminando em uma revisão preliminar do projeto. Haverá, então, mais três meses para planejamento de fabricação e análises de planejamento de teste/demonstração.

As duas equipes apresentaram conceitos diferentes em resposta ao requerimento da DARPA. O design mais exótico é o da General Atomics e Maritime Applied Physics Corporation, com um projeto de hidroavião com duas fuselagens, asa média e 12 motores turboeixo na configuração pusher (voltados para trás), visando otimização da estabilidade e navegação. O nariz escamoteável da aeronave ainda conta com estabilizadores verticais e horizontais.

Ainda assim, o projeto apresentado pela Aurora Flight Sciences com as empresas Gibbs & Cox e ReconCraft também não fica muito atrás em termos de singularidade, apesar de parecer mais “conservador”. O modelo tem uma única fuselagem com cauda em T, equipado com oito turboélices montados em uma grande asa alta, com as pontas viradas para baixo. 

Embora os desenhos sejam bastante distintos um do outro, as empresas devem atender ao objetivo do DARPA. O demonstrador Liberty Lifter será um grande barco voador, semelhante em tamanho e capacidade à aeronave de transporte C-17 Globemaster III, que, segundo a Força Aérea dos EUA, pode transportar 77 toneladas. 

Os objetivos incluem decolagem e pouso em estado de mar 4 (com ondas de 1 a 2 metros de altura e ventos de 20 a 30 km/h), operação sustentada na água até o estado de mar 5 (ondas de 2 a 3 metros, ventos de 31 a 38 km/h) e voo estendido próximo à água no efeito solo, com a capacidade de voar fora do efeito solo em altitudes de até 10.000 pés acima do nível do mar.

O programa Liberty Lifter, segundo a agência, visa demonstrar um salto à frente na capacidade operacional, projetando, construindo, flutuando e pilotando um avião experimental de longo alcance e baixo custo, capaz de fazer transporte marítimo estratégico e tático pesado.

“Estamos entusiasmados para iniciar este programa e ansiosos para trabalhar em estreita colaboração com ambas as equipes à medida que amadurecem seus conceitos de design de ponto de partida até a Fase 1”, disse Christopher Kent, gerente do programa. “As duas equipes adotaram abordagens de design distintas que nos permitirão explorar um espaço de design relativamente grande durante a Fase 1.”

Conforme programado, a Fase 1 fará a transição para a Fase 2 em meados de 2024 com projeto detalhado contínuo, fabricação e demonstração de um avião experimental em escala real. A DARPA prevê a parceria com uma ou mais forças armadas e parceiros internacionais para atividades e desenvolvimento do conceito Liberty Lifter em um veículo operacional.

Lançado em maio de 2022, o Liberty Lifter busca um novo hidroavião para as forças armadas norte-americanas, enquanto os Estados Unidos tentam conter o crescimento da China e se preparam para uma possível guerra no Pacífico.

Com aeronaves do tipo, os militares podem transportar uma grande quantidade de materiais pesados (incluindo blindados), permitindo que os aviões de transporte tradicionais, como o próprio C-17, atuem em outras missões.

Ainda que o projeto eventualmente siga em frente, os designs com certeza são bastante exóticos e chamam atenção para os ecranoplanos da União Soviética e o ainda mais antigo Hughes H-4 Hercules. Também chamado de Spruce Goose, o avião desenvolvido na década de 1940 já foi o maior do mundo, embora tenha voado apenas uma vez.