A implementação da conexão 5G para os celulares dos Estados Unidos está causando um grande problema para a FAA, companhias aéreas e até mesmo passageiros.
Nos últimos dias diversas companhia cancelaram as suas operações parcialmente, visto que alguns aviões correm risco de sofrerem interferências pelas novas redes de 5G. O problema está concentrado especificamente na Banda C, e como ela foi implementada pela FCC nos Estados Unidos.
A FAA aponta que os sinais de 5G na mesma banda podem interferir nos altímetros de aeronaves, que usam a faixa de 4200-4400 MHz. A provável interferência também é questionada por outra agência regulamentadora independente da FAA, a Transporte Canada do país vizinho aos EUA.
O problema está concentrado na Banda C de frequências entre 3700 a 3980 MHz, leiloado por US$ 80 bilhões pelos Estados Unidos, e também presente em poucos países.
O alto valor pago pela AT&T e Verizon por uma faixa de frequência prova também que a Banda C é a parte mais valiosa do 5G, visto que anteriormente nunca as agências regulamentadoras disponibilizaram tanta faixa de frequência para conexões de internet.
Nos Estados Unidos a FCC foi mais otimista, além da banda de frequência N78, que vai dos 3,3 Ghz até 3,8 Ghz, o órgão regulamentador ainda autorizou uma expansão da Banda C, indo até os 3,98 Ghz.
Com a frequência máxima das conexões perto de 4 Ghz a interferência no sistema de radioaltímetro das aeronaves aumentou consideravelmente. A própria FAA alertou para o risco dessa faixa de banda interferir, através de ondas eletromagnéticas harmônicas, na faixa de operação dos radioaltímetro, de 4,2 Ghz a 4,4 Ghz.
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No vídeo acima temos um clássico exemplo de interferência no radioaltímetro pelo 5G. O equipamento perde totalmente a orientação de altitude.
A Anatel, por exemplo, autorizou no Brasil o uso das frequências de 3,3 Ghz a 3,7 Ghz. Sem a banda extra aprovada nos EUA, o Brasil não corre o mesmo risco de interferência nos sistemas de aviônicos da aeronave.
O Brasil está estudando o uso da faixa de 3,7 a 3,8 GHz para redes 5G de baixa potência, preferencialmente em ambientes internos (indoor) para atender redes privadas e a Indústria 4.0. No entanto, a ANATEL pode mudar sua decisão de acordo com alterações que serão necessárias nas aeronaves devido aos Estados Unidos.
Aliás, como um radioaltímetro funciona nas aeronaves?
Essas frequências do rádio-altímetro são utilizadas para medição direta da altitude da aeronave em algumas fases do voo, mas especialmente em baixa altitude. Como um sonar, o equipamento é capaz de medir o tempo que a onda é emitida do avião até ser refletida pelo solo logo abaixo do mesmo.
Em uma aeronave, o rádio-altímetro atua juntamente com outros equipamentos, como o TCAS, o GPWS, ILS e o computador do avião, logo, é um equipamento bastante importante e complementa as informações de pressão dinâmica e estática do tubo de pitot.
Com menor alcance, Banda C do 5G não é problema em Aeroportos longe das cidades
Os Estados Unidos contam com mais de 19000 aeroportos, é o país do mundo com mais locais para pousos e decolagens de aeronaves em todo o mundo. Contudo, a FAA listou somente 153 aeroportos que podem ter risco de interferência devido às redes de 5G na Banda C.
Esses terminais, e para determinados tipos de aviões e helicópteros, podem ter restrições para operações sem visibilidade, utilizando procedimentos de aproximação por instrumentos.
O grande motivo para apenas 153 aeroportos serem afetados pelo 5G, a maioria terminais localizados ao lado de grandes cidade, é pelo baixo alcance da Banda C, motivo da nova tecnologia de internet precisar de mais antenas para atender a mesma quantidade de clientes. Além disso, a faixa de 3,3 Ghz a 3,98 Ghz também encontra menor propagação em ambientes internos, por isso as operadoras dos EUA apostam na migração das frequências de 600 mhz a 800 mhz para a tecnologia 5G.
De qualquer modo, a AT&T e a Verizon considerando o impacto e as centenas de voos cancelados até o momento, decidiram bloquear a faixa de 3,7 Ghz a 3,98 Ghz até o final de janeiro, até o setor de aviação se adequar às novas frequências.
Um estudo da Anatel com a ANAC, por exemplo, aponta que os aviões podem ser equipados com um filtro anti-5G nos radioaltímetros, para evitar interferências em alguns aviões onde este equipamento funciona com frequência próxima de 4,2 Ghz.
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