Advertisement

Rumo ao Hexa! Conheça todas as aeronaves que foram personalizadas para a seleção brasileira de futebol

McDonnell Douglas MD-11 Varig Brasil Copa do Mundo Seleção Brasileira

E chegou a Copa do Mundo, neste ano a primeira realizada no Oriente Médio e o Catar é o país anfitrião. Para entrar no clima, neste artigo vamos detalhar as aeronaves que foram personalizadas para a seleção brasileira de futebol.

A seleção brasileira de futebol passou a ser transportada por uma empresa aérea desde os anos 50, sendo uma patrocinadora oficial da seleção e com aeronaves dedicadas. Por falar em anos 50, o Brasil sediou a sua primeira Copa do Mundo, perdendo o título para o Uruguai em um Maracanã lotado, conhecido no dia como ‘Maracanazo’.

*Nota ao leitor: Esta foi a última matéria que eu (Gabriel Melo) tive a honra de elaborar com meu amigo e mentor Pedro Viana. A postagem desta matéria é uma forma de honrar a sua memória e todo o seu legado para o jornalismo aeronáutico. Organizamos juntos todo o roteiro e organização do texto na noite anterior de sua morte.

A partir da edição de 1958 na Suécia, o Brasil passou a contar com uma companhia aérea entre seus patrocinadores e consequentemente sua transportadora oficial. 

Apesar disso, dadas as circunstâncias da época onde não existiam adesivos específicos para aviões e não se tinha costume de aplicar pinturas especiais, nenhuma aeronave foi personalizada até pelo menos a Copa do Mundo nos Estados Unidos em 1994, na qual o Brasil se tornou tetracampeão mundial.

Vamos conhecer neste artigo quais foram as empresas que foram transportadoras oficiais da seleção brasileira, e quais aeronaves foram utilizadas.

 

Panair do Brasil – Copas de 1958 e 1962

A antiga Panair do Brasil foi a primeira companhia aérea a se tornar patrocinadora e transportadora oficial da seleção brasileira. Apesar do posto, nenhuma aeronave foi personalizada para as copas de 1958 na Suécia e 1962 no Chile, que teve o Brasil campeão nestas edições.

Douglas DC-7 Panair do Brasil
Foto: Cultura Aeronáutica

Na edição de 1958, o Brasil foi transportado em uma aeronave Douglas DC-7 da Panair. Os DC-7 eram aeronaves muito utilizadas pois o seu alcance permitia voos internacionais de longa distância, e se tornaram uma das principais aeronaves da então maior companhia aérea internacional brasileira.

As aeronaves tinham quatro motores a pistão Wright R3350-EA4, permitindo voar a 550km/h em velocidade de cruzeiro com capacidade para até 100 passageiros.

Já na edição de 1962, a Panair utilizou um Lockheed L-049 Constellation, que voltando ao Brasil após a conquista do mundial, fez passagens baixas por São Paulo antes de pousar. A aeronave era equipada com quatro motores também a pistão, podendo transportar até 106 passageiros.

Constellation Panair
Foto: José C. Silveira Junior / via Planespotters,net

Varig – Copas de 1966 à 2006

A Varig se tornaria a partir de 1966 a transportadora oficial da seleção brasileira de futebol, e para sua primeira missão escalou pela primeira vez um jato, o Douglas DC-8. A edição aconteceu na Inglaterra, e dessa vez o Brasil não foi bem sucedido.

Equipado com quatro turbojatos, se tornou o primeiro jato a ser produzido pela americana Douglas que buscava concorrer com o Boeing 707. O Douglas DC-8 escolhido pela Varig poderia transportar até 176 passageiros.

Varig Douglas DC-8
Foto: Christian Volpati via Wikimedia

Para a Copa do Mundo de 1970 no México, a Varig escalou o Boeing 707 para transportar a seleção até o mundial, e desta vez voltamos com o tricampeonato. O jato da Boeing poderia transportar de 140 à 219 passageiros, a depender da configuração.

O Boeing 707 foi um grande sucesso na aviação mundial, seus icônicos quatro motores Pratt & Whitney JT3D marcaram gerações de apaixonados por aviação. 

A Copa de 1974 foi disputada na Alemanha, e apesar de não ter registros ou imagens mostrando o transporte nas aeronaves dedicadas, possivelmente outra vez o Boeing 707 tenha transportado a seleção para o mundial. Na ocasião, o Brasil ficou em 4º lugar.

Foto: Eduard Marmet via Wikimedia

Para mais perto um pouco, a Copa de 1978 na Argentina, o Brasil através das asas da Varig voou em um Boeing 727. O inesquecível trijato americano, era equipado com três motores Pratt & Whitney JT8D, podendo transportar de 106 à 134 passageiros, dependendo da configuração.

Na ocasião o Brasil foi eliminado da Copa, após a anfitriã Argentina golear o Peru por 6×0, algo que até os dias de hoje gera polêmica. A seleção canarinho então ficou com o 3º lugar.

Foto: Pedro Aragão via Wikimedia

Para a Copa do Mundo de 1982 foi realizada na Espanha, e a Varig seguia como transportadora oficial da seleção. Não foram encontrados registros da aeronave que transportou a delegação para o mundial.

Em 1986, novamente a Copa do Mundo foi disputada no México e dessa vez a Varig colocou seus modernos Douglas DC-10 para transportar a seleção. 

Os Douglas DC-10 eram trijatos de grande porte e grande alcance, utilizados principalmente em voos intercontinentais. As aeronaves poderiam transportar até 386 passageiros sendo alimentados por três motores CF6-50 da General Eletric (GE).

Em 1990, o torneio de seleções foi realizado na Itália, e mais uma vez o Douglas DC-10 foi o responsável por transportar a seleção brasileira para a Copa. Na ocasião o Brasil não venceu e ficaram poucos registros.

Douglas DC-10 Varig Seleção brasileira
Foto: Alain Durand via wikimedia

Em 1994, a Varig escalava pela terceira vez consecutiva, o Douglas DC-10 para transportar o Brasil porém com uma novidade. A aeronave utilizada para a Copa do Mundo de 94 nos EUA recebeu uma pintura personalizada com faixas verde e amarela além das estrelas referentes aos títulos. 

Outra mudança foi que a partir desse ano, a Varig disponibilizava uma aeronave menor para a seleção em trajetos domésticos ou internacionais curtos. A aeronave em questão foi um Boeing 737-300 com capacidade para até 144 passageiros.

Em 94 a seleção se consagrou tetracampeã mundial, a chegada no Recife foi marcada pela passagem baixa com o Douglas DC-10 pela cidade. Após o sobrevoo, a aeronave pousou e durante a parte final do táxi, o jogador Romário apareceu na janela da cabine com a bandeira do Brasil.

Para 1998 na França, o moderno e novo McDonnell Douglas MD-11 de matricula PP-VPP recebeu uma belíssima pintura para homenagear a seleção, uma das pinturas mais bonitas já aplicadas para esse fim.

McDonnell Douglas MD-11 Varig Brasil Copa do Mundo
Foto: Augusto Laghi via Airliners.net

Assim como em 1994, um Boeing 737-300 de matrícula PP-VOZ recebeu o mesmo esquema de cores do MD-11. Apesar disso, o Brasil perdeu a final para a França.

Em 2002, do outro lado do mundo em uma sede dividida entre a Coreia do Sul e o Japão, a Varig preparou um Boeing 767-300ER com uma bonita pintura. A aeronave de matrícula PP-VOI foi a escolhida para trazer a agora pentacampeã mundial. 

Varig Seleção
Foto: Jordi Grife via Airliners.net

Ao chegar ao Brasil, a aeronave foi para Brasília onde os jogadores e a comissão técnica foram recebidos no Congresso Nacional. Durante a aproximação, o Boeing 767 da Varig foi escoltado por cinco caças Mirage III da FAB em alusão ao penta.

A Copa do Mundo de 2006 foi realizada na Alemanha, e se tornava a última com a Varig como transportadora a patrocinadora oficial da seleção canarinho. A aeronave, foi um McDonnell Douglas MD-11 com a pintura um pouco mais simples, até mesmo pela situação que a empresa se encontrava.

MD-11 Seleção Copa do Mundo
Foto: Peter Bakema via Wikimedia

A aeronave de matrícula PP-VTI, com capacidade para 285 passageiros em três classes de serviço, transportou o Brasil para a copa mas retornou sem o tão sonhado hexacampeonato. Os MD-11 da Varig eram equipados com três motores GE CF6-80C2.

Outro Boeing 737 com a pintura semelhante também foi colocado a disposição, este de matrícula PP-VTY.

TAM na Copa de 2010

A TAM Linhas Aéreas assumiu quase que instantaneamente, o posto de companhia aérea de bandeira do país e com isso se tornou a transportadora oficial da seleção brasileira. 

Airbus A330 TAM Seleção brasileira Mundial
Foto: Maarten Visser via Wikimedia

A sua primeira e única Copa do Mundo como transportadora foi a da África do Sul, com um Airbus A330 de matrícula PT-MVP. A aeronave foi personalizada com as cores verde e amarela e uma bola de futebol no nariz do avião, que fazia alusão a Copa de 1970.

Um Airbus A320 de matrícula PR-MAP também foi colocado a disposição, este avião recebeu uma pintura diferente com o desenho de uma bola de futebol por toda a sua fuselagem e alguns detalhes verde e amarelo. O Brasil mais uma vez voltou para casa sem o título.

TAM
Foto: MikeFox via Airliners.net

GOL – Desde a Copa de 2014

Após alguns problemas envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol e a TAM, a GOL passou a ser a transportadora e a patrocinadora oficial da seleção em 2013. Era uma ótima oportunidade pois o torneio agora era em casa, e a companhia promoveu diversas ações durante o período.

Para a Copa das Confederações que era um torneio teste para a sede do mundial, a GOL apresentou o Boeing 737-800 de matrícula PR-GUM, com as cores do Brasil em boa parte de sua fuselagem. 

Boeing 737-800 GOL Seleção
Foto: Bruno Geovane via Jetphotos

O Brasil foi campeão, e a aeronave recebeu a escrita ‘Campeão da Copa das Confederações 2013’. Ao longo dos meses, a GOL fez algumas alterações na pintura do avião e os winglets que eram da cor da companhia, passaram a ser verdes.

Atualmente mesmo com a nova marca, o PR-GUM segue colorindo os céus do país com as cores da seleção.

GOL Brasil Aeronave

Pouco antes do início da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, a companhia aérea apresentou duas novas aeronaves mas com três pinturas, você vai entender já. 

O primeiro deles dividiu opiniões, o Boeing 737-800 PR-GUO recebeu uma pintura diferente das ‘habituais’. A aeronave foi completamente grafitada pelos irmãos artistas Otávio Pandolfo e Gustavo Pandolfo, conhecidos como Os Gêmeos.

Avião GOL Boeing 737 Os Gêmeos

Para alguns ficou uma verdadeira obra de arte, para outros nem tanto. A pintura tinha como referência para o sonho das pessoas em caminhar nas nuvens, além de mostrar as mais diferentes raças, formas e aparências que compõe a população. O PR-GUO voou ainda alguns anos com a pintura até receber a pintura do Rock in Rio.

A outra aeronave foi também um Boeing 737-800, este de matrícula PR-GUP que recebeu duas pinturas em um curto período de tempo. A GOL firmou uma parceria com o Guaraná Antarctica que também patrocinava a CBF na ocasião.

GOL Seleção Canarinho Copa do Mundo Guaraná
Foto: Divulgação

A primeira pintura cobria quase toda a fuselagem com a marca do Guaraná, uma #ÉdoBrasil e o número 10, em alusão a camisa do Brasil. A aeronave voou por poucos dias com essa pintura, logo no começo do torneio com algumas ações de marketing a bordo.

Poucos dias depois, a GOL realizou um concurso para criar uma nova pintura em alusão a seleção brasileira. A nova pintura do PR-GUP agora estava bem ‘característica’ para o futebol. 

GOL Copa do Mundo Brasil
Foto: Jetphotos / Renato Oliveira

A fuselagem tinha desenhos das cinco estrelas em alusão ao penta, com listras verde e amarela como se a bola que estava desenhada na parte de trás tivesse passado próximo das estrelas.

Na parte de trás inclusive havia a bola de futebol complementando o desenho da bandeira com as cores verde e amarela, e uma parte laranja para a cauda do avião da GOL. O vencedor do concurso ganhou prêmio em dinheiro, além de uma maquete com a pintura da aeronave. A aeronave ficou poucos meses com essa pintura.

Apesar de tantas ações, contagiando o público e os passageiros, o Brasil levou 7×1 da Alemanha na semifinal do torneio e ainda perdeu o 3º lugar para Holanda.

Para 2018, novos ares, novo técnico e também uma nova aeronave. Como era na Rússia, o avião transportou a seleção apenas durante amistosos e jogos das eliminatórias. A GOL utilizou um Boeing 737-800, esse de matrícula PR-GUK para ser o novo avião da seleção.

GOL Copa do Mundo

A apresentação foi durante a convocação para a Copa da Rússia, que foi realizada no hangar da companhia no Aeroporto de Congonhas. 

A cauda do Boeing recebeu a pintura do Canarinho, e detalhes na asa do pássaro em azul com fundo verde. A barriga do avião ganhou a cor amarela e a #VoaCanarinho foi aplicada na parte de cima. O PR-GUK, segue voando com o mesmo esquema de pintura até os dias de hoje.

E chegamos a 2022, Copa no Catar e assim como em 2018, a GOL apresentou uma aeronave temática porém não foi realizado o transporte da comissão e dos jogadores, esperamos que seja para trazer quem sabe o hexacampeonato.

Há uma semana, a companhia apresentou o Boeing 737-800 PR-GXB nos hangares da Aerotech em Confins. O avião faz alusão aos cinco títulos da seleção, e com a escrita ‘GOL do Brasil’ na cauda. O símbolo da empresa inclusive ganhou as cores verde e amarela na cauda.

GOL Copa do Mundo

O avião recebeu uma personalização na cabine, com os bagageiros totalmente personalizados com as camisas e referências aos cinco títulos do Brasil. A iluminação de todas as aeronaves com o Sky Interior, receberam as cores verde e amarela para serem exibidas durante o torneio. A GOL deverá realizar ações no PR-GXB durante os jogos.

 

Artigo escrito por Gabriel Melo e Pedro Viana.

 

*Nota ao leitor: O intuito de colocar este artigo no ar sobre as pinturas de aeronaves da seleção brasileira mesmo diante do período de luto foi uma forma de homenagear o nosso grande amigo, chefe Pedro Viana que além da aviação, também era apaixonado por futebol. Este foi um último artigo que teve participação dele, honraremos o seu trabalho com dignidade e com muito carinho!

Pedro Viana
Em nosso primeiro trabalho juntos no Aeroporto de Brasília, onde nos conhecemos e começamos uma amizade e uma parceria forte

 

Quer receber nossas notícias em primeira mão? Clique Aqui e faça parte do nosso Grupo no Whatsapp ou Telegram.