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Silent Eagle: o F-15 stealth que não vingou

O F-15 Silent Eagle chegou a sair do papel (em partes), mas a versão stealth do lendário caça não deu certo. Foto: Boeing.

Há 15 anos a Boeing apresentava ao mundo o F-15 Silent Eagle, uma versão ‘invisível aos radares’ do lendário avião de caça da antiga McDonnell Douglas. Com a promessa de transformar o consolidado jato de combate em uma aeronave mais letal e compatível com o combate aéreo moderno, o Eagle stealth acabou não vingando. No entanto, seu legado ainda permanece em uma versão ainda mais capaz do F-15. 

O F-15SE surgiu em uma época em que o único caça stealth operacional era o F-22 Raptor, ainda com menos de cinco anos em serviço. O programa do F-35 Lightning II – que só entraria em operação 10 anos mais tarde – já apresentava atrasos, problemas e estouros de orçamento. 

Pensando nisso e buscando atender principalmente os requisitos de clientes internacionais (uma vez que o F-22 teve sua exportação proibida por lei), os engenheiros da Boeing voltaram aos desenhos do F-15, que fez seu primeiro voo em 1972. Estudando o projeto do caça, eles fizeram o máximo de adaptações possíveis ao design da aeronave para torná-lo mais ‘invisível’. 

Em março de 2009 a empresa apresentou a aeronave modificada, com base no caça-bombardeiro F-15E Strike Eagle. Visualmente, a maior diferença estava nas derivas, que foram anguladas em 15º, melhorando a aerodinâmica e (teoricamente) servindo para ‘desviar’ ondas de radar. 

Silent Eagle poderia carregar armas internamente em tanques modificados. Foto: Boeing.
Silent Eagle poderia carregar armas internamente em tanques conformais modificados. Foto: Boeing.

Os tanques de combustível conformais (CFT), instalados nas laterais da  fuselagem, foram modificados para servirem como baias de armamento, podendo carregar internamente mísseis AIM-9 Sidewinder, AIM-120 AMRAAM e bombas JDAM e SDB (Small Diameter Bomb). A aeronave foi exposta com as baias conformais (CWB) abertas, armado com um par de AIM-120. 

A aeronave ainda deveria receber revestimento RAM (Radar Absorbent Material), para diminuir ainda mais a assinatura radar. Por dentro, uma revitalização completa dos aviônicos, sistemas de combate e autodefesa. O painel receberia uma tela panorâmica e os pilotos usariam o capacete com display integrado JHMCS II; a suíte de guerra eletrônica (EW) seria a Digital Electronic Warfare System (DEWS) da BAE Systems, que trabalharia em conjunto com um radar AESA. 

O F-15 Silent Eagle teria cerca de um quinto do RCS da aeronave original. Um feito incrível, considerando um projeto da década de 1960 e que não tinha absolutamente nada de stealth. Cabe ressaltar que ressaltar que uma aeronave stealth já incorpora características furtivas no seu desenho, complementadas pelo revestimento e sistemas EW.

Painel panorâmico do F-15QA, similar ao encontrado no F-15EX e já previsto para o F-15 Silent Eagle. Foto: Boeing.
Painel panorâmico do F-15QA, similar ao encontrado no F-15EX e já previsto para o F-15 Silent Eagle. Foto: Boeing.

Isso e mais um pouco a um custo aproximado de US$100 milhões, mais que o F-35 mas uma opção melhor mais barata de operar e introduzir em serviço para clientes que já operavam o F-15. A Boeing também planejava programas de modernização para as aeronaves existentes. 

E foi justamente de usuários do F-15 que o ‘novo caça’ chamou atenção. A Boeing focou as ofertas ao Japão, Israel, Arábia Saudita e Coreia do Sul. O Silent Eagle chegou a participar do Programa F-X Fase III dos sul-coreanos, inicialmente vencendo a disputa, mas o F-35 acabou levando o contrato. 

Sem qualquer pedido, o Silent Eagle acabou sendo abandonado. O caça nunca voou com as derivas ‘deitadas’, sendo testadas apenas em túnel de vento. O CFT modificado foi testado em voo com um protótipo do F-15E, com o disparo de um míssil AMRAAM. 

Modelo do F-15SE para testes em túnel de vento.
Modelo do F-15SE para testes em túnel de vento. Foto via Airforce Technology.

Embora tenha sido cancelado, o F-15SE não foi esquecido e apagado da história. O conhecimento obtido com o projeto do F-15 stealth foi aplicado em versões mais novas da aeronave, como os F-15SA e QA da Arábia Saudita e Catar. Estas variantes, por sua vez, serviram de base para o F-15EX Eagle II, o modelo mais novo e capaz do caça. 

O F-15EX recebeu o display panorâmico, radar AESA, capacete JHMCS II, uma suíte EW ainda mais capaz, a AN/ALQ-250 Eagle Passive Active Warning Survivability System (EPAWSS) e um computador de missão que, segundo a Boeing, é o mais rápido do mundo. Alguns incrementos que estavam projetados há mais de 10 anos para o Silent Eagle. 

O Eagle II vai substituir os F-15C/D Eagle mais antigos, enquanto complementa as capacidades dos caças F-22 e F-35 de 5ª geração. A Força Aérea dos EUA encomendou 104 aeronaves, Israel adquiriu 25 aviões e a Indonésia quer 24 unidades do mais novo F-15. 

Com informações de Airforce Technology, Aviation Geek Club, National Interest

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: Boeing, F-15, projetos, stealth