O dia 31 de agosto marcou a tomada final do Afeganistão pelo Talibã, com o grupo rebelde tomando o Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, local onde se concentraram as tropas norte-americanas e da coalizão até a última decolagem de um C-17 Globemaster III da USAF na noite do dia 30. Agora, surgem imagens de uma série de aeronaves da Força Aérea Afegã capturadas pelo Talibã, incluindo diversos turboélices Embraer A-29 Super Tucano fabricados pela Sierra Nevada Corporation, parceira da companhia brasileira.
Segundo Stijn Mitzer e Joost Oliemans do blog Oryx, um total de 12 Super Tucanos foram capturados pelas forças do Talibã no seu avanço pelo país. No entanto, apenas um foi capturado intacto, quando o grupo tomou a base de Mazar-I-Sharif, no norte do país. Foi de lá que militares afegãos fugiram para o Uzbequistão com mais de 40 aeronaves no dia 15 de agosto. Um dos A-29 que esteva envolvido na fuga acabou colidindo com um MiG-29 uzbeque ao ser interceptado.
Os outros Super Tucanos foram capturados no Aeroporto Hamid Karzai, mas foram “desmilitarizados” pelos militares dos EUA antes de saírem do aeroporto. Não se sabe exatamente o que foi feito para desativar as aeronaves, mas em uma das fotos um A-29 (matrícula Y-1020) pode ser visto em um hangar com um poça de líquido desconhecido logo abaixo do motor.
No mesmo hangar, junto do Y-1020 estão vários outros Super Tucanos. O local está sujo e bagunçado com cones, cobertores, botas, coturnos, colchões, fardas, coletes e capacetes balísticos e demais itens espalhados pelo local. As aeronaves também estão bastante empoeiradas. Outros A-29 também estava estacionados no pátio do aeroporto.
No Twitter, o correspondente do jornal LA Times Nabih Bulos está acompanhando a movimentação do Talibã no país e conseguiu entrar no aeroporto de Cabul, onde registrou a captura não só dos A-29 mas também de várias outras aeronaves afegãs como C208 Caravan e helicópteros MD530, a maioria delas aparentando estar danificada.
https://twitter.com/nabihbulos/status/1432596730281857024
Helicópteros CH-46E Sea Knight anteriormente usados por funcionários da Embaixada dos EUA no Afeganistão e operados pelo Departamento de Estado também foram capturados pelo Talibã. Quatro aeronaves foram registradas em um hangar do Aeroporto de Cabul.
#Taliban fighters enter a hangar in #Kabul Airport and examine #chinook helicopters after #US leaves #Afghanistan. pic.twitter.com/flJx0cLf0p
— Nabih (@nabihbulos) August 30, 2021
Em entrevista, o comandante do Comando Central dos EUA, General dos Fuzileiros Navais Frank McKenzie, afirmou que um total de 73 aeronaves dos EUA e da Força Aérea Afegã foram desativadas pelos militares, além de dois sistemas de defesa de ponto Centurion C-RAM, 27 viaturas Humvee e 70 blindados MRAP.
Semanas antes, oficiais dos EUA já haviam afirmado que muitas aeronaves já estavam sem condições de voo. Outros afirmaram que o Talibã estaria mais em risco tentando voar as aeronaves do que deixando-as em solo. Mesmo assim, um helicóptero UH-60 Black Hawk capturado intacto em Mazar-I-Sharif está sendo usado pelo Talibã.
Here's one more close-up video. The person can be seen waving his hand. pic.twitter.com/p4LSpkV3cF
— Mohammed Zubair (@zoo_bear) August 31, 2021
O mesmo Black Hawk teria sido usado em um desfile do Talibã em Kandahar.
Today's Kandahar.
The Taliban say they are celebrating their victory in the province today. pic.twitter.com/K8EIR17xBi— Ziar Khan Yaad🇦🇫 (@ziaryaad) September 1, 2021
Outros três Black Haws também foram capturados intactos, bem como 10 helicópteros MD 530F e 11 Mi-8/Mi-17 Hip, estes últimos também já registrados voando pelo Talibã. Outros três jatos L-39, oito cargueiros An-26/An-32 e treze helicópteros de ataque Mi-24/Mi-35 foram capturados, todos sem condições de voo há anos com exceção de um Mi-35 recentemente doado pela Índia.
Ainda assim, não se sabe o número exato das aeronaves no Afeganistão, muito menos sobre o futuro delas. É possível que o Talibã consiga reparar algumas para emprego próprio, ou repasse para outros países. São equipamentos de alto valor unitário. Mais detalhes tem sido obtidos à medida em que mais imagens dos equipamentos capturados são divulgados e espalhados na internet.
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