Pelo menos três importantes bases aéreas da Rússia foram atacadas dentro de seu próprio território pela Ucrânia. Explosões nas bases de Engels e Dyagilevo, sede de bombardeiros russos, danificaram aeronaves e deixaram dois mortos na segunda-feira (05). Hoje, um ataque na base aérea de Khalino explodiu um depósito de combustíveis. Os ucranianos estariam usando drones da era soviética para atacar os russos.
Pelo menos três bombardeiros, um supersônico Tu-22M Backfire e dois turboélices Tu-95S Bear, ficaram danificados nos ataques de domingo. Dois militares das Forças Aeroespaciais Russas (VKS) foram mortos no ataque em Dyagilevo, cujo Moscou responsabiliza a Ucrânia. Kiev, por outro lado, não comentou oficialmente sobre, mas oficiais ucranianos disseram que as explosões foram causados por contra-ataques do país invadido em fevereiro.
Another photo of that same damaged fuel truck and Tu-22M3 bomber. It looks like this came close to a catastrophic loss. 12/ pic.twitter.com/jQe0IR77zd
— Rob Lee (@RALee85) December 5, 2022
2 planes damaged, 2 person wounded as result of suspected drone strike at airfield in Saratov region of Russia https://t.co/zJ8MG4hpvu pic.twitter.com/Y4DS7bLcw2
— Liveuamap (@Liveuamap) December 5, 2022
As bases atacadas no domingo são de importância estratégica para a VKS: ambas são sedes de unidades de Tu-95, Tu-22 e Tu-160, os bombardeiros de longo alcance do país, todos com capacidade nuclear. De lá também partiram uma série de ataques contra alvos na Ucrânia, inclusive em retaliação às ações de Kiev nesta semana.
Engels, também chamada de Engels 2, está a cerca de 580 km da fronteira com a Ucrânia e segundo a mídia russa, dois Tu-95 foram danificados lá, além de dois militares terem sido feridos. O ataque em Dyagilevo (Rayzan) deixou dois mortos e um Tu-22M seriamente danificado, bem como um caminhão militar. Esta base está a 450 km da fronteira.
Nesta manhã, o governador do Oblast de Kursk informou que um ataque na base aérea de Khalino, sede de pelo menos 24 caças Su-30SM Flanker-C, detonou um grande depósito de combustível. Vídeos mostram uma enorme coluna de fumaça negra e densa saindo de dentro da base, que fica a menos de 100 km da fronteira.
#war Another video of today's fire at the airfield in Kursk. pic.twitter.com/fpicqlsmbp
— Capt(N) (@Capt_Navy) December 6, 2022
https://twitter.com/markito0171/status/1600013467444027393
Nos três casos a Ucrânia teria usado drones Tupolev Tu-141 Strizh/Tu-143 Reyes modificados. Estas aeronaves a jato não tripuladas foram desenvolvidas na antiga União Soviética para missões de reconhecimento, empregando navegação inercial e sensores, radares e câmeras, com um alcance na casa dos 1600 km.
A Rússia aposentou suas unidades em 1991, enquanto a Ucrânia manteve seus drones em operação e recentemente os transformou em mísseis de cruzeiro, empregando-os contra as tropas de Moscou desde 2014.
Falando em condição de anonimato, um oficial ucraniano confirmou que os ataques de fato foram do seu país. Ele ainda relatou que uma equipe de forças especiais estava perto de pelo menos uma das bases russas, fornecendo coordenadas para os operadores do drone na Ucrânia. Assim como em outras ocasiões, o governo ucraniano permanece em silêncio, sem negar ou assumir a autoria dos ataques.
Ainda assim, um dos assessores do presidente Volodymyr Zelesnky, Mykhailo Podolyak, comentou em suas redes sociais: “A Terra é redonda – descoberta feita por Galileu. A astronomia não foi estudada no Kremlin, dando preferência aos astrólogos da corte. Se fosse, eles saberiam: se algo for lançado no espaço aéreo de outros países, mais cedo ou mais tarde objetos voadores desconhecidos retornarão ao ponto de partida.”
Земля кругла. Це відкрив іще Галілей. Шкода, що в Кремлі не вивчали астрономію, віддаючи перевагу придворним астрологам. Тоді б вони знали: якщо дуже часто запускати щось у повітряний простір інших країн, рано чи пізно невідомі літальні об’єкти повернуться до місця вильоту.
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) December 5, 2022
Segundo a inteligência britânica, as ações de Kiev estão entre “algumas das maiores falhas estrategicamente significativas de proteção de força desde a invasão da Ucrânia.”
(3/7) The causes of the explosions have not been confirmed. However, if Russia assesses the incidents were deliberate attacks, it will probably consider them as some of the most strategically significant failures of force protection since its invasion of Ukraine.
— Ministry of Defence 🇬🇧 (@DefenceHQ) December 6, 2022
De qualquer forma, esta campanha da Ucrânia, que tem como alvos bases dentro do território russo, mostra a Moscou que as tropas de Kiev estão dispostas a levar a guerra muito além de suas próprias fronteiras, soando uma série de alertas na Rússia.
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