Na tarde de terça-feira (14) o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) informou que um caça Su-27 Flanker das Forças Aeroespaciais da Rússia (VKS) havia colidido contra um de seus drones MQ-9 Reaper no Mar Negro. Na manhã de hoje (16) o Comando Europeu das Forças Armadas dos EUA (EUCOM) divulgou imagens do próprio avião não tripulado, mostrando o momento da colisão.
O episódio estremeceu ainda mais as relações entre Moscou e Washington, que estão em seu pior momento desde a invasão russa na Ucrânia, que completou um ano no mês passado.
Segundo o DoD, a interceptação russa teve 40 minutos e envolveu um par de caças Sukhoi Su-27. O vídeo foi editado e mostra apenas os momentos mais importantes do evento, que culminou na colisão do Su-27 com o drone, seguida pela queda da aeronave no Mar Negro.
No vídeo, gravado pelo conjunto de câmeras do MQ-9, é possível ver o Su-27 se aproximando por trás e pela direita do drone, com o piloto russo acionando o alijamento de combustível do seu jato na tentativa de danificar o avião americano. O aviador russo passa perto do MQ-9, desviando quase em cima do drone. A transmissão de vídeo para o operador do drone é interrompida brevemente.
É possível notar que o Su-27 está armado com seis mísseis, sendo dois R-73 de curto alcance, guiados por calor, e quatro R-27 de médio alcance, orientados por radar ou calor, dependendo da variante.
Na segunda aproximação o movimento é parecido, incluindo com o alijamento de combustível. No entanto, o piloto russo não consegue desviar desta vez, e acaba colidindo com o drone da USAF. A batida faz a transmissão cair por 60 segundos; quando retorna, é possível ver duas das quatro pás da hélice danificadas.
O drone caiu no maior negro cerca de 10 minutos depois, entre 07:20 e 07:30, segundos os militares dos EUA. O caça da VKS voltou para sua base, onde pousou em segurança apesar dos danos.
Antes mesmo da divulgação das imagens do EUCOM, um canal russo já havia divulgado imagens da interceptação, gravadas pelo piloto de um dos Su-27.
https://twitter.com/markito0171/status/1635919593821667330
Ainda na terça-feira, autoridades norte-americanas disseram que a colisão ocorreu enquanto o drone estava em águas internacionais, e que os aviões russos despejaram combustível no drone.
As imagens divulgadas pelo EUCOM hoje confirmaram as afirmações dos EUA, ao mesmo tempo em que desmentem o lado russo. Moscou disse que o drone havia sido interceptado, mas que caiu no Mar Negro após realizar uma manobra acentuada e perder o controle.
“Nossa aeronave MQ-9 estava conduzindo operações de rotina no espaço aéreo internacional quando foi interceptada e atingida por uma aeronave russa, resultando em um acidente e perda total do MQ-9”, disse o general da Força Aérea dos EUA James B. Hecker, comandante das Forças Aéreas dos EUA na Europa e na África (USAFE). “Na verdade, esse ato inseguro e pouco profissional dos russos quase causou a queda de ambas as aeronaves.”
O incidente escalou as tensões entre EUA e Rússia, que trocaram acusações formais. Agora Moscou diz que vai procurar e recuperar o drone norte-americano, que pode ser uma importante fonte de informações sigilosas. Segundo o portal russo ForPost, o MQ-9 já foi encontrado em uma profundidade de 900 metros.
O portal também afirma que os militares já estão desenvolvendo um plano para resgatar o drone dos EUA, embora estas informações ainda não tenham sido confirmadas pelo governo russo.
A presença de aeronaves tripuladas e drones da OTAN no Mar Negro é constante, e foi aumentada com a guerra no Leste Europeu. O incidente recente pode trazer uma mudança na abordagem dos EUA e OTAN, que poderão empregar seus próprios caças na escolta de seus vetores de inteligência, para impedir novas abordagens da Rússia.
Este movimento já é realizado pela Força Aérea Real, que destacou caças Eurofighter Typhoon para escoltarem seus RC-135 depois que um Su-27 disparou um míssil ao lado do avião britânico.
A colisão também reforça acusações do Ocidente de que a Rússia (e a China) realizam interceptações inseguras e não profissionais de seus aviões, colocando em risco a vida das tripulações. “As aeronaves dos EUA e dos Aliados continuarão a operar no espaço aéreo internacional e pedimos aos russos que se comportem de maneira profissional e segura”, acrescentou o General Hecker.
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