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As armas dos aviões de Israel na guerra contra o Hamas

Caças F-15, F-16 (foto) e F-35 de Israel tem usado uma série de armas contra alvos do Hamas em gaza. Foto: Força Aérea de Israel.

Há quase 20 dias os olhos do planeta estão acompanhando a sangrenta guerra entre Israel e Hamas, que já deixou mais de 6 mil mortos até agora. No dia seguinte ao ataque surpresa do grupo fundamentalista, as Forças de Defesa de Israel (IDF) lançaram a Operação Espadas de Ferro, como resposta às ações sem precedentes do Hamas.

Desde então, a Força Aérea (IAF) tem realizado inúmeras surtidas de ataque contra alvos jihadistas na Faixa de Gaza, empregando principalmente seus aviões de caça e helicópteros de ataque. As aeronaves decolam para ações de dia e à noite, despejando centenas de bombas e mísseis diariamente. 

A própria IAF tem divulgado imagens das aeronaves sendo carregadas para as ações de combate, onde é possível identificar uma série de armamentos. Uns avançados, outros nem tanto. 

Bombas burras 

Embora esteja usando várias bombas inteligentes (das quais falaremos no próximo tópico), a IAF também tem carregado seus aviões com bombas burras (sem nenhuma orientação) em seus caças F-16 e F-15. Os modernos caças foram vistos carregados artefatos da série Mk.80 – que inclui bombas de 230, 450 e 910 quilos – e um modelo ainda mais antigo, a M117. Você pode saber mais sobre a M117 neste outro artigo do Portal Aeroflap. 

Enquanto a M117 já é um explosivo menos visto (especialmente por sua idade), o mesmo não serve para as populares Mk.80. Desenhadas pelo engenheiro Ed Heinemann, o mesmo responsável pelo projeto do lendário jato A-4 Skyhawk, as Mk.80 tem corpo mais esguio e aerodinâmico e substituíram modelos amplamente utilizados na Segunda Guerra Mundial e Guerra da Coreia.

Caça-bombardeiro F-15i Ra'aam carregado com bombas burras Mk.82 nos tanques da fuselagem e bombas inteligentes GBU-31 JDAM sob as asas durante as ações contra o Hamas na Faixa de Gaza. Foto: Força Aérea de Israel.
Caça-bombardeiro F-15i Ra’aam carregado com bombas burras Mk.82 nos tanques da fuselagem e bombas inteligentes GBU-31 JDAM sob as asas durante as ações contra o Hamas na Faixa de Gaza. Foto: Força Aérea de Israel.

As Mk.81, 82, 83 e 84 foram amplamente adotadas por inúmeros países, incluindo o Brasil. Por aqui, são chamadas de Bombas Aéreas de Fins Gerais (BAFG) pela Força Aérea Brasileira. 

Por não terem nenhum tipo de orientação, as M117 e Mk.80 (assim como outros modelos) foram chamadas de bombas burras, uma espécie de “apelido popular” para diferenciá-las das bombas de precisão. Ainda assim, sistemas como o CCIP/CCRP (Continually Computed Impact/Release Point) fornecem uma boa pontaria para o lançamento preciso das bombas convencionais. 

Bombas guiadas

Como explicado acima, a maior parte dos aviões de Israel são carregados com bombas inteligentes, embora o uso de armas não-guiadas também tenha sido observado. A IAF tem usado três modelos principais: GBU-39 SDB (Small Diameter Bomb), bombas da série JDAM e da série SPICE. 

Produzidas pela Boeing, as SDB são as menores dentre os tipos mencionados. Custando cerca de US$ 40 mil por unidade, seu tamanho permite que um avião carregue um maior número de bombas, todas de precisão. O modelo utilizado por Israel, GBU-39 SDB I, tem peso total de 130 quilos, incluindo a ogiva de 16 quilos. São guiadas por GPS e possuem asas dobráveis, que se abrem após o lançamento para aumentar o alcance. 

A crise recente fez com que Israel solicitasse o envio de mais armas pelos Estados Unidos. A Boeing acelerou a entrega de 1000 dessas bombas para atender as necessidades do país.

Também feitas pela Boeing, as JDAM (Joint Direct Attack Munition) são bombas burras adaptadas com um kit que as transforma em armamento inteligente, orientado por GPS. Podendo custar até US$ 36 mil, o kit JDAM pode ser adaptado em todas as bombas da série Mk.80, sendo a maior delas a Mk.84, que quando equipada com o JDAM vira a GBU-31. Este é o modelo usado pela IAF para derrubar prédios em Gaza. 

Pilotos de Israel também usam versões de penetração da GBU-31 para destruir túneis do Hamas. Neste caso, o kit JDAM é adaptado na BLU-109, uma bomba que possui estrutura reforçada para penetrar o solo ou estruturas reforçadas como bunkers. 

Mecânicos da IAF preparando uma GBU-31 JDAM. Foto: IAF.
Mecânicos da IAF preparando uma GBU-31 JDAM. Foto: IAF.

Para empregar as bombas guiadas por GPS, os pilotos podem inserir as coordenadas do alvo na própria aeronave em voo ou ainda em solo, antes de seguirem para a missão.

Com os dados, os computadores do avião indicam aos pilotos o procedimento para lançamento dos artefatos, desde a trajetória de voo até o momento exato do lançamento. 

Enquanto SDB e JDAM vem dos Estados Unidos, as armas da série SPICE (Smart, Precise Impact, Cost-Effective) são produzidas localmente pela Rafael Advanced Defense Systems. Como as bombas americanas, as SPICE também são kits aplicados em bombas burras Mk.81, 83 e 84. Assim, são chamadas de SPICE 250, 1000 e 2000, de acordo com o peso em libras das bombas às quais são adaptadas. 

Spice 1000. Foto: Bin im Garten via Wikimedia (CC BY-SA 3.0).
Spice 1000. Foto: Bin im Garten via Wikimedia (CC BY-SA 3.0).

Além da orientação por GPS, também podem ser guiadas por sistema eletro-óptico, permitindo que o tripulante enxergue o alvo e não dependa apenas da guiagem por satélite. Segundo a Rafael, as bombas SPICE podem ser carregadas com memórias para até 100 alvos diferentes, que podem ser selecionados pelos pilotos a bordo dos aviões.

As SPICE foram vendidas para seis países, incluindo o Brasil. A FAB comprou as bombas para equipar seus novos F-39E Gripen. Israel ainda dispõe de bombas Paveway, orientadas por laser, porém, estas ainda não foram vistas em uso contra o Hamas em Gaza. 

Mísseis 

Enquanto os aviões carregam as bombas, os helicópteros AH-64 Apache tem realizado ataques com mísseis Rafael Spike e AGM-114 Hellfire. O Hellfire já é um “velho conhecido”, usado em diversas plataformas além do Apache, como drones por exemplo. Pode ser usado contra blindados ou estruturas, de acordo com a variante.

O Spike é mais similar ao FGM-148 Javelin, outro míssil norte-americano. Foi desenvolvido nos anos 1980 pela Rafael e segue em operação desde então, podendo ser usado tanto em solo pela infantaria quanto em veículos e helicópteros, nesse caso o Apache. Além dos mísseis, o AH-64 ainda possui um canhão M230 de 30mm, eficaz contra soldados e veículos leves. 

Os aviões de caça de Israel também são vistos carregando mísseis. Estes, no entanto, não são armas ar-terra como os usados no Apache.

Conforme as imagens divulgadas pela IAF e IDF, os F-15 e F-16 também carregam alguns mísseis ar-ar de curto e médio alcance, como os AIM-9 Sidewinder e Python IV/V, guiados por calor, bem como os AIM-7 Sprrow e AIM-120 AMRAAM, guiados por radar. Conheça mais sobre esses mísseis neste artigo especial.

 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Artigos, Militar, Notícias

Tags: Armamentos, Bombas, Faixa de Gaza, Israel, usaexport