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Aviação pequena em Congonhas sob ameaça?

Learjet 75 incidente Congonhas

Devido aos últimos incidentes ocorridos no aeroporto de Congonhas, o aeroporto mais cobiçado pela aviação civil – seja a comercial ou a executiva – muito tem se falado sobre a proibição ou não da aviação executiva naquele aeroporto, como se fossem somente as aeronaves menores, as causadoras de problemas operacionais e atrasos de voos.

Airbus A320 incidente Congonhas

Bom, o fato é que há inúmeras ferramentas de proteção ao voo para quem segue a partir ou para o aeroporto de Congonhas e até obstáculos inconvenientes para uma aviação que, apesar de pequena, contribui muito para o PIB brasileiro, afinal, estamos falando de grandes empresários e investidores que usam aeronaves particulares para geração de riquezas e até mesmo para geração de novos empregos para brasileiros. Um dos bloqueios inconvenientes daquele aeroporto é a proibição de pousos e decolagens de aeronaves da aviação geral na pista principal, conforme o NOTAM E5263/23. Não que isso fosse um empecilho da operação em si, já que a maioria dos aviões da executiva podem operar com folga na pista auxiliar, mas, gera transtornos porque essa aviação entra num estrangulamento de horários livres para operação. Lembrando que Congonhas tem regime de SLOT, ou seja, é necessário reservar um horário para decolagem ou para pouso, além é claro, do envio de plano de voo.

E quanto aos incidentes? Só houveram mesmo de aeronaves da aviação executiva? Então… Nos últimos dez anos, Congonhas enfrentou 91 incidentes, seis incidentes graves e zero acidentes. Dentre os eventos de segurança operacional, os maiores números ocorreram com colisão com ave, estouro de pneu, falha ou mau funcionamento de sistema(s) e incursão de pista. Conforme o CENIPA, nesse mesmo período o modelo de aeronave mais afetado foi o Airbus A320, seguido do Boeing 737, Embraer 190 e o Piper PA34 (um bimotor a pistão da aviação executiva, conhecido como Seneca). A fase de voo que mais ocorreu os incidentes foi na decolagem, seguido da fase de táxi e pouso.

Boeing 737 incidente Congonhas
Incidente ocorrido em 14/05/2023. Fogo no motor.

Contudo, note que a aviação comercial respondeu pela metade dos incidentes ocorridos naquele aeroporto, incluindo não só os grandes jatos como também os aviões a hélice modelo Caravan da companhia aérea Azul Conecta e extinta TWO. O restante são de aviões a hélice, como os King Air e “jatos” que operam na executiva e até helicóptero, como o A109 com  registro de quatro incidentes.

Da aviação geral, o modelo de aeronave com maior número de incidentes foi o Seneca (quatro), A109 (quatro),  Phenom 300 (três), King Air BE9L (três) e o Phenom 100 (um incidente e um incidente grave).

CirrusJet incidente Congonhas
Incidente ocorrido em 29/10/2023.

Quanto a movimentos naquele aeroporto, o portal CGNA informa um aumento de 6,6% dos pousos e decolagem de todas as aeronaves, considerando um período a partir de janeiro de 2019 até setembro de 2023, sendo os maiores picos do dia entre os horários das 10h até às 12h e das 16h às 17h (GMT-3). O mesmo centro informa picos de decolagem pela primeira vez desde janeiro de 2022 acima da capacidade limite de saídas em março de 2023, tendo uma leve trégua em julho e retomando para máximas acima do limites calculados.

Do tipo de movimento no aeroporto de Congonhas, o CGNA calcula uma variação acumulada de 2019 a 2023 de:

TOTAL:0,8%
COMERCIAL:-2,2%
GERAL:5,1%
MILITAR: 8,7%

Apesar do aumento no número de movimentos da aviação geral e deflação da comercial, veja que a quantidade ainda difere significativamente, onde somente no ano de 2023 (de janeiro a setembro) foi registrado:

TOTAL:2.795.159
COMERCIAL:1.683.979
GERAL:920.613
MILITAR:190.567

Portanto, fica claro que não é somente as aeronaves pequenas as causadoras de maiores problemas de operação no aeroporto de Congonhas, as aeronaves de companhia aérea também têm sua parcela de contribuição. Claro que a comunidade trabalha insistentemente para zerar esse número, afinal, um incidente sempre gera transtornos indesejados, ao mesmo tempo que sempre estamos a aprender com os novos eventos de segurança operacional que contribuem para que medidas mitigadoras de risco sejam sempre estudadas e implementadas, mas, não podemos atacar uma amostra, desprezando um ambiente macro.

 

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Rafael Payão

Autor: Rafael Payão

Analista do mercado de aviação executiva da Aeroflap. Consultor de vendas e compras de aerovanes da Aeroflap. É piloto (PLA) com mais de 3000 horas voo, formado bacharel em Aviação Civil pela UAM e pós graduado em engenharia de manutenção aeronáutica pela PUC-MG.

Categorias: Aeroportos, Artigos, Aviação Geral, Notícias

Tags: Aeroporto, Aeroporto de Congonhas, ANAC, aviação, cenipa, Congonhas, incidente em congonhas, Incidentes, usaexport