Aviões-Invisíveis: Um mundo à parte, caro e para poucos dentro da aviação militar

F-117
F-117A Nighthawk, o mais famoso do mundo furtivo. Foto: U.S Air Force

Quando falamos em aeronaves militares atuais, logo associamos aos mais modernos veículos voadores do cenário global, e os caças de 5º geração são os mais conhecidos. Eles e demais as aeronaves, estão à frente da maioria dos aviões construídos atualmente.

Hoje em dia sabemos que existem poucas unidades de aeronaves furtivas, dentre elas podemos citar os caças de 5º geração, são eles o F-22 Raptor, que foi o pioneiro dentre as aeronaves furtivas, ou Sealths, tem o também norte-americano F-35, o russo SU-57 e o chinês J-20.

Contudo, além disso existem outras aeronaves stealths, alguns deles são os caríssimos bombardeiros B-2A Spirit e o F-117 Nighthawk (“esse já aposentado”). Além deste, temos o UAV russo S-70, e o chinês GJ-11 Sharp Sword.

Quando se ouve falar de aeronaves como estas acima listadas ouvimos muito a expressão, “Aviões-Invisíveis”, mas vale ressaltar que estes aviões não são invisíveis literalmente, nós podemos enxerga-los. Este termo vale para a cobertura radar.

 

Primórdios Tecnologia Stealth

Alemão Ho 229. Foto: Smithsonian Institution’s

Para falarmos de como funciona a tecnologia furtiva temos que voltar alguns anos na história para ver o primórdio do mundo Stealth.

Desde a I Guerra Mundial os engenheiros já pensavam em formas de dificultar a visualização das aeronaves pelo inimigo, algumas táticas foram aplicadas ao longo dos combates. Os alemães, por exemplo, pintaram suas aeronaves com esquema de cores para dificultar a identificação das mesmas.

Mas no período da II Guerra que se começou a pensar e fazer algo mais produtivo para a furtividade, até mesmo devido ao radar, que já era uma realidade. Então no final da guerra os alemães criaram o avião, ou melhor, a asa voadora Ho 229 (foto acima), um veículo aéreo que nunca chegou a ser usado em combate, mas já apresentava formas que hoje são muito comuns nos aviões de 5º geração, seu desenho em curvas tinha um significado e acredita-se que já era com foco de inibir a cobertura de radares eletrônicos.

 

Para saber mais a respeito desta aeronave diferenciada, cliquem no link abaixo:

Curiosidade: A asa voadora da Força Aérea da Alemanha que estava à frente do seu tempo

 

O que torna as aeronaves “invisíveis aos radares”?

B-2 Spirit da USAF.  Foto: RAF

Por se tratarem de aeronaves estratégicas, não é possível saber muito a tecnologia empregada para que tal ação de não identificação dos radares seja possível.

Mas… Sabemos de algumas coisas que são comuns em todas as aeronaves existentes:

  • A característica Aerodinâmica: Nas aeronaves é um dos pontos chaves. O motivo do desenho das aeronaves é para diminuir a assinatura radar, que mostra o formato que um radar (com ondas eletromagnéticas) está identificando. Outro motivo da forma da aeronave é que ela dissipa as ondas de radar para vários lados e não as concentram em um único ponto.
  • Materiais absorvedores: Existem nas aeronaves um material que dificulta a volta da onda emitida pelo radar ao ponto emissor, sendo assim não fica muito claro o que se está enxergando no radar. Estes materiais inclusive abaixam a assinatura de calor da saída dos motores do avião para que nada seja perceptível aos radares.

Lockheed F-117A Nighthawk.  Foto – U.S. Air Force

  • Estruturas não sobressalentes: Aliado a forma/geometria das aeronaves furtivas temos o cuidado de não deixar nada sobressalente na estrutura dos aviões. O tubo de pitot destas aeronaves tem formato parecido com diamante, o que dificulta a visualização do radar. Por se tratarem de aeronaves de combate, diferente das comuns, o armamento é levado internamente e no momento exato uma baía se abre, e as bombas, mísseis ou foguetes são liberados.
  • Casamento de Impedância: Garante que toda a estrutura da aeronave tenha a mesma distribuição de carga elétrica, dificultando assim que as ondas do radar consigam diferenciar as cargas entre diferentes partes da aeronave.

Maquete de drone S-70 exposta no MAKS 2019,

  • Infravermelho: Os radares também podem identificar ondas na frequência infravermelha (calor), facilmente emitidas pelas aeronaves, visto que os motores emitem calor em forma de ondas infravermelhas. Para burlar isso, as saídas de gases dos aviões foram projetadas para que não houvesse tanta saída de gases quentes. Aeronaves como o Nighthawk e o B-2A são exemplo disso, mas elas são subsônicas, ou seja, não rompem a barreira do som. Já no caso dos caças, eles são supersônicos, mas não precisam de pós-combustor para alcançarem velocidades supersônicas. Eles tem a tecnologia supercruise que possibilita voos acima de Mach 1 sem que tenha uma forte emissão de calor dos motores, além de economizar combustível.

Vale ainda explanar um pouco sobre o Radar Cross Section (RCS), que é uma medida sobre o quão identificável um objeto é para os radares.

Então coisas como, o tamanho do objeto, a forma do objeto, o material com o que o objeto é feito torna possível a identificação de algo. Diferentes objetos tem diferentes valores quando se trata de RCS, uma pessoa tem um valor, um avião grande tem outro (algo de aproximadamente 100), um pássaro tem um valor mais ou menos de 0,5, visto que ele aparece bem pequeno na tela do observador.

O foco das aeronaves furtivas é possibilitar ao máximo aproximar o valor do RCS com aquele de um pássaro.

Print do vídeo do SU-57 realizando um pouso.

O formato desses aviões furtivos, como dito acima, dificulta a visualização. Os dados das ondas recebidas são confusos e não conseguem passar algo detalhado do que está sendo rastreado.

Para proporcionar um exemplo mais visível, um F-117 Nighthawk, por exemplo, vai aparecer com um número de 0,00001,  o que para um observador da tela do radar pode ser confundido como um pássaro, porém na última parte deste artigo vamos ver que esse número pode variar tanto para mais quanto para menos.

Na verdade os aviões-invisíveis não são totalmente invisíveis. Eles aparecem na tela do radar com uma assinatura muito baixa, nada tão grande como um avião comum e por não ter uma certeza do que realmente está sendo visualizado, passam sem ter a real identificação do objeto voador.

Por terem essa forma, triangular e em asa única, principalmente falando de aeronaves como o “aposentado” F-117 Nighthawk e o B-2A Spirit, sua aerodinâmica não é muito satisfatória para voos e foi preciso investir mais dinheiro e tecnologia para compensar isso. Tanto que no F117, por exemplo, podemos encontrar muita atuação do sistema Fly-By-Wire, isso aliado a um poderoso computador que a cada instante corrige o voo dos aviões, tornado um pouco mais fácil a pilotagem dessas aeronaves.

 

É possível Identificar?

Nacele do F-117A Nighthawk abatido em 1999.  Foto: Via Web

Com o avanço de uma tecnologia de uma parte, um segundo avanço para deter tal tecnologia é criado. Desde que aviões que dissipam as ondas radares foram construídos, logo começou-se a pensar em algo para identificá-los.

A criação de radares cada vez mais sensíveis foi necessária para que ponto forte do inimigo seja atacado, vale ressaltar que nesse contexto, tanto os EUA como a Rússia investiram pesado em novos radares.

De acordo um especialista russo, Aleskei Leonko, a Rússia já tem capacidade de identificar aeronaves invisíveis, isso por que segundo o especialista os novos radares tem “uma característica mais importante desses radares é a capacidade de controlar a área em diferentes bandas de frequência ao mesmo tempo”.

A maioria dos radares modernos atuais utilizam um sinal de banda eletromagnética X, e para estes as aeronaves furtivas conseguem êxito nas missões. Contudo, os russos têm radares com cobertura de banda X e das antigas L, e isso pode se tornar possível a identificação, disse o especialista.

Porém este é apenas um lado russo da história, em tempos modernos não houve nada de grande relevância em relação a este tema, mas já houveram casos de identificação e abate de aeronaves stealth.

 

Projetos Stealth de outras nações

Estados Unidos, Rússia e China, são as nações mais à frente em relação a este mundo. Porém, outras nações estão trabalhando para terem suas próprias aeronaves furtivas.

Vejam alguns exemplos abaixo:

TF-X – Da Turquia

Concepção artística do TF-X.  Foto: TAI

 

Tempest – Do Reino Unido

Mockup do Tempest com um Eurofighter da RAF ao fundo. Crédito da imagem: BAE Systems

 

FCAS – Projeto da Dassault e Airbus

FCAS (Airbus e Dassault- Foto: BillyPix

 

Avião Invisível abatido

O caso mais famoso, e talvez pode se dizer o único, aconteceu em 1999 e envolveu um clássico do mundo stealth, o bombardeiro norte-americano Lockheed Martin F-117 Nighthawk foi derrubado por forças da antiga Iugoslávia, que dispararam mísseis terra-ar contra o avião-furtivo e o Coronel Zoltan Dani conseguiu a façanha de derrubar o avião norte-americano.

O piloto do Nighthawk, Dale Zelko, ejetou em segurança e foi resgatado. Há algo interessante na história: 12 anos após o fato tanto o militar iugoslavo quanto o norte-americano se tornaram amigos.

Destroços do F117-A Nighthawk abatido em 1999.  Foto: Via Web

Mas como conseguiram abater o Nighthawk. Bem, os militares da Iugoslávia, conseguiram espionar dados da OTAN e sabiam que naquele dia teria um suposto ataque por parte dos EUA.

O coronel Zoltan Dani conseguiu mexer nos sinais de frequência de onda do radar e com isso localizou o avião dos EUA. Outra coisa que tornou mais visível o F-117 foi a abertura do compartimento de armas, que deixou a aeronave bastante visível aos radares, visto que os militares do coronel já estavam tentando localizar o avião, e quando ela ficou mais visível, dispararam os mísseis terra-ar.

Ao serem questionados, os iugoslavos disseram: “Desculpe, não sabíamos que se tratava de um avião furtivo”.

Na aviação, aprendemos também pelo erro, e os militares dos EUA conduziram uma atualização nas portas do compartimento de armas do F-117, para dificultar a visualização.

 

Um resumo de tudo

B-2A escoltado por três caças F-35A da Noruega.  Foto: USAF

Bem, desde o SR-71, passando pelo lendário F-117 e chegando à atualidade com o F-22 Raptor até o J-20, o salto de tecnologia foi gigante e vai crescer ainda mais, pois já falamos do desenvolvimento de aeronaves de 6ª geração, que vão trazer um novo conceito de guerra aérea.

Quais são os verdadeiros segredos da 5ª geração, não sabemos tudo, sabemos o que é passado e compartilhado por sites, especialistas e afins. Muitas tecnologias os próprios países evitam divulgar, para que os inimigos não consigam explorar as falhas desse sistema.

Os próprios russos que dizem ter tal tecnologia, para localizar esses aviões, ainda apostam em aviões furtivos, prova disso é o SU-57 e o UAV S-70, ambas aeronaves de grande investimento russo para o Século 21.

Mas até que se chegue a 6ª geração, e novas coisas venham nos impressionar com tamanha tecnologia e inteligência do homem em criá-las, vamos continuar curtindo estes aviões do mundo de aviação militar.

 

Vejam fotos das principais aeronaves desta classe na aviação de combate:

 

 

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