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Comando de Operações Especiais dos EUA quer bombas de precisão sem orientação por GPS

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O Comando de Operações Especiais dos EUA (SOCOM) está afastando-se das bombas guiadas por GPS e quer que a indústria apresente alternativas. A liderança da elite das Forças Armadas dos EUA acredita que o futuro não será permissivo com este tipo de orientação para bombas de precisão. 

“[Estamos] esperando que o futuro ambiente operacional não tenha GPS prontamente disponível”, disse o Tenente-Coronel Matt Foertsch durante a Conferência das Indústrias de Forças Especiais, em 18 de maio. O oficial lidera a Equipe de Ataque de Precisão dentro do Escritório de Aquisições do SOCOM para sistemas de aeronaves de asa fixa.

O GPS (Sistema de Posicionamento Global) funciona através de uma constelação de satélites. Para GPSs militares, são usados satélites controlados pelo Governo dos EUA, que também foi um dos responsáveis pela criação do sistema. 

F/A-18F Super Hornet com bombas GBU-32 JDAM.

Apesar do GPS ser algo que se encontra em todos os smartphones há alguns anos, o sistema também alimentou uma revolução no suporte aéreo de precisão, como explica o portal Flightglobal. O maior símbolo disso são as bombas JDAM (Joint Direct Attack Munition) da Boeing.

Trata-se de um kit que transforma bombas comuns em armas de precisão de forma rápida e barata. Segundo o portal, mais de 400 mil bombas de gravidade foram transformadas em armas guiadas através dos kits adquiridos por mais de 30 países incluindo Israel, Chile, Itália e Taiwan. As versões mais novas ainda podem receber um sensor laser, um outro tipo de guiagem para bombas, usado desde a Guerra do Vietnã. 

Embora seja uma das principais armas dos EUA e outras nações, o SOCOM acredita que os melhores dias das bombas guiadas por GPS ficaram no passado. Rússia e China, os principais adversários dos EUA, testaram com sucesso mísseis destruidores de satélites nos últimos anos. Além disso, os dados dos satélites de GPS também podem sofrer diversos tipos de interferência eletrônica. 

F-15 ASAT
F-15 Eagle disparando um míssil antisatélite ASM-135 ASAT na década de 1980. Rússia e China testaram armamentos com poder similar recentemente. Foto: USAF.

Em 2011, o Irã forçou o pouso de um drone Lockheed Martin RQ-170 Sentinel operado pela USAF para vigilância do espaço aéreo iraniano. A falsificação dos dados de GPS foi sugerida como uma possível explicação para o incidente, até hoje visto com certa polêmica. 

Com essas e outras vulnerabilidades em mente, o SOCOM está pedindo à indústria de defesa que apresente opções para substituir o GPS em suas armas de precisão.

“Neste momento, em grande parte fazemos mira a laser”, observa Foertsch. “Mas estamos procurando por capacidade futura que a indústria impulsionou no reino óptico, ou reconhecimento automatizado de alvos.”

Bombas GBU-54 Laser JDAM, GBU-10 Paveway II e mísseis Ar-Ar AIM-9X Sidewinder e AIM-120C AMRAAM montados em um F-15SG Strike Eagle da Força Aérea de Singapura. Imagem via Defense Studies.

“Reconhecimento automatizado de alvos” mencionado por ele é um termo militar para sistemas de inteligência artificial que podem identificar alvos com base na aparência. Uma variação desse conceito já alimenta tecnologias como o reconhecimento facial, cada vez mais presentes no dia-a-dia.

O problema das bombas guiadas por laser é a distância em relação ao alvo. Para este tipo de orientação, é necessário que algo ou alguém – tropas em solo, drones ou outra aeronave tripulada – chegue perto o suficiente para iluminar o alvo até que a bomba acerte-o.

Fora esse fator, o laser também pode sofrer degradação de acordo com as condições meteorológicas, encurtando ainda mais a distância necessária em relação ao alvo (ou impedindo o ataque dependendo da situação). 

Militar usando designador laser Type 163 da Leonardo. Foto: Leonardo Australia.

“Estamos buscando maior alcance e distâncias de afastamento”, acrescenta o Tenente-Coronel Foertsch.

Segundo o portal, Mark Gunzinger, do Mitchell Institute, um coronel aposentado da Força Aérea dos EUA, chegou a uma conclusão semelhante ao SOCOM. Em um artigo de 2021, o ex-militar argumentou que a USAF deveria se concentrar no desenvolvimento das chamadas munições “Stand-In”. Estas armas de precisão poderiam ser lançadas de uma aeronave e voar independentemente para um alvo a 50-250 milhas náuticas (93-463 km) de distância. 

Para esse fim, Foertsch observa que o SOCOM está desenvolvendo dois mísseis de cruzeiro miniaturizados que incorporam recursos como asas deslizantes e propulsão elétrica. No entanto, essas substituições provavelmente estão a anos de implementação em grande escala. 

GBU-39 SDB F-22
As bombas GBU-39 SDB I podem atingir alvos a 110 km, mas são guiadas por GPS. Foto: USAF.

Dessa forma, as munições GPS podem continuar a ter um papel relevante durante os conflitos nos chamados “ambientes permissivos”, onde os adversários não possuem defesa aérea avançada ou capacidades de guerra eletrônica.

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: Bombas, EUA, GPS, Operações Especiais, usaexport