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F-16: como o caça evoluiu 50 anos após seu primeiro voo

F-16

A Força Aérea dos Estados Unidos e a Lockheed Martin estão celebrando os 50 anos do primeiro voo do F-16 Fighting Falcon. O principal modelo de avião de caça em serviço no mundo foi aos céus pela primeira vez em 20 de janeiro de 1974, num voo acidental durante testes de táxi rápido. Meio século depois, o Viper, como é chamado por seus pilotos e mecânicos, permanece relevante por meio de uma constante evolução.  

O F-16 nasceu através do programa Lightweight Fighter (LWF) da USAF, iniciado na década de 1960 e que buscava uma aeronave tática leve para complementar o F-15 Eagle. A General Dynamics respondeu com o YF-16 ao passo que a Northrop apresentou o YF-17 Cobra; o primeiro sagrou-se vencedor da disputa, enquanto o Cobra mais tarde se tornou o F/A-18 Hornet da Marinha dos EUA. 

O Viper entrou em serviço em 1978 e embora tenha nascido para operações táticas diurnas, acabou evoluindo exponencialmente ao longo de sua vida operacional, tornando-se um verdadeiro caça multifunção. O F-16 recebeu uma série de melhorias fundamentais para mantê-lo capaz e relevante ainda hoje. Vamos conferir alguns desse upgrades. 

Combate além do alcance visual 

O F-16 nasceu sem  capacidade de Combate BVR (Beyond Visual Range, além do alcance visual em português), pois simplesmente não era um requisito do LWF. Com a popularização da aeronave, clientes solicitaram a integração do míssil guiado por radar semi-ativo AIM-7 Sparrow. Embora a General Dynamics tivesse testado o míssil em protótipos do caça, ele não foi realmente integrado até a variante Block 15 ADF (Air Defense Fighter) e Block 20.

Caça F-16 ADF disparando um míssil AIM-7 Sparrow. Foto: USAF.
F-16 ADF disparando um míssil AIM-7 Sparrow. Foto: USAF.

Mais tarde ele recebeu o mais moderno AIM-120 AMRAAM, guiado por radar ativo. O F-16 foi o primeiro caça a abater outra aeronave usando o AIM-120, derrubando um MiG-25 iraquiano em 1992. Hoje, o F-16 pode empregar uma enorme gama de armamentos, incluindo bombas convencionais, mísseis de curto alcance, armas nucleares, bombas de precisão e o seu canhão M61 Vulcan de 20mm. 

Uma ferramenta para salvar vidas

A perda de consciência por conta da gravidade (G LOC) é um dos grandes inimigos dos pilotos de caça. No caso do F-16, que pode sustentar manobras de 9G, o problema é ainda mais relevante.

Para combater a perda de vidas em acidentes, uma equipe de engenheiros da USAF, Lockheed Martin, NASA, Força Aérea Sueca e do Advanced Fighter Technology Integration desenvolveram o Auto GCAS (Automatic Ground Collision Avoidance System). 

Testado a bordo de um F-16D, o sistema detecta uma colisão iminente com o solo, avisando o piloto para reagir. Se o piloto não der nenhuma resposta, o Auto GCAS assume o controle da aeronave temporariamente para evitar o acidente, devolvendo os controles quando obtém uma reação do tripulante. Segundo a Lockheed Martin, atual fabricante do F-16, o equipamento já salvou a vida de nove aviadores. 

Mais potência

O F-16 entrou em serviço usando o motor Pratt & Whitney F100-PW-200, uma versão adaptada a partir do motor usado no F-15 Eagle. O modelo, no entanto, tinha alguns problemas e a USAF também já havia enfrentado disputas contratuais com a PW, que era sua única fornecedora de motores na época. Buscando repotencializar seus caças, a USAF lançou na década de 1980 o programa Alternate Fighter Engine (AFE). 

Também conhecido como a Grande Guerra de Motores, o AFE viu a General Electric disputar com a Pratt & Whitney o atrativo ($$$) fornecimento de motores turbofans para o F-15 e F-16. Em fevereiro de 1984, a General Electric foi anunciada vencedora para fornecer o F110-GE-100 (baseado no motor do bombardeiro B-1), capaz de gerar 28,984 libras de empuxo. Hoje, o F-16 pode receber diferentes versões do PW F100 e GE F110, de acordo com o desejo do cliente. 

Capacete com display integrado

A partir do Block 40, os caças F-16 passaram a ter integração com um importante equipamento: o Joint Helmet-Mounted Cueing System (JHMCS). O JHMCS nada mais é do que um capacete com display integrado, o famoso HMD.

Através de um pequeno projetor, o piloto enxerga na viseira do capacete as mesmas informações apresentadas no HUD (Heads Up Display). Assim, quando olha para fora da aeronave, ele ainda tem dados como velocidade, altitude, rumo, alvos e ameçaas. Ainda mais importante, o JHMCS permite que o piloto faça a pontaria de mísseis olhando para o alvo, sem precisar mudar a trajetória de voo da aeronave. Dessa forma, o emprego de armamentos e a consciência situacional é amplamente favorecida. 

Capacete JHMCS (Joint Helmet Mounted Cueing System). Foto via Elbit Systems.
Capacete JHMCS (Joint Helmet Mounted Cueing System). Foto via Elbit Systems.

O JHMCS é fabricado pela Boeing mas tem como base o capacete DASH da israelense Elbit, também integrado ao F-16 e usado principalmente pela Força Aérea de Israel. Em 2012, os EUA passaram a adotar o modelo europeu Thales Scorpion, vencedor do programa Helmet Mounted Integrated Targeting (HMIT).

Tanques conformais

Combustível nunca é demais e para aviões de caça, que costumam “beber mais” (principalmente com a pós-combustão) toda gota de querosene importa. No início dos anos 2000, a Lockheed Martin começou a desenvolver tanques de combustível conformais (CFT) para o F-16. Os CFT são instalados na parte de cima da fuselagem e abrem espaço para carregar armamentos onde tanques subalares/ventrais ocupariam. Os tanques podem ser retirados em solo pela manutenção, de acordo com as necessidades. 

Caça F-16I Sufa Israel CFT
O F-16I Sufa da Força Aérea Israelense possui tanques de combustível conformais, montados sobre a fuselagem. Foto: IAF.

Os CFTs foram testados em 2002 e passaram a ser instalados nos F-16 Block 50 no ano seguinte, aumentando em cerca de 1700 litros a capacidade de combustível do Viper. O alcance pode aumentar de 20% a 40%, dependendo da configuração de cargas externas da aeronave. A primeira cliente dos CFTs foi a Grécia, que instalou os tanques conformais em seus F-16 Block 52+. 

AESA

Os Emirados Árabes Unidos investiram bilhões de dólares para o desenvolvimento de uma versão ‘customizada’ do Viper, o F-16E/F Block 60. Informalmente chamado de Desert Falcon, o Block 60 é baseado no Block 52+, mas recebeu diversas melhorias. Dentre os principais upgrades está a instalação de um novo radar, o APG-80 AESA (Radar de Varredura Eletrônica Ativa). 

A tecnologia substitui os radares de antena mecânica e fornece mais agilidade, capacidade de rastreamento e alcance de detecção aos pilotos. Ironicamente (ou não), o primeiro caça a receber este tipo de radar foi o F-2 Viper-Zero, uma versão japonesa do F-16.

Radar Guerra Eletrônica F-16 Northrop Grumman aesa
Radar APG-83 SABR da Northrop Grumman.

No F-16V Block 70, a versão mais moderna do caça mais usado no mundo, o radar é o APG-83 Scalable Agile Beam Radar (SABR), fabricado pela Northrop Grumman. Baseado nos radares usados no F-22 Raptor e F-35 Lightning II, o APG-83 tem alcance estimado em 370 km. Em entrevista ao The War Zone, o piloto de testes da Lockheed Martin, Ryan “Cujo” Blake, disse que o novo radar é a diferença mais notável no Viper. 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: F-16, modernização, usaexport