O segundo lote de caças F-39 Gripen para a Força Aérea Brasileira (FAB) deverá ser composto por 26 aeronaves, afirmou o comandante da instituição, Tenente-Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Jr., durante um evento no Comando da Aeronáutica, na manhã desta segunda-feira (23) em Brasília.
Durante o Café da Manhã com o Comandante, jornalistas puderam conversar pessoalmente com o Comandante da FAB, que apresentou o andamento de diversos projetos.
Falando sobre o Gripen, novo avião de caça multimissão da Força Aérea, o Brigadeiro também revelou que as aeronaves de dois assentos (biplace) não serão mais fabricadas no Brasil, mas sim na Suécia.
Baptista Jr. explicou que a Embraer participou do desenvolvimento do F-39F biplace, mas a produção local da versão F-39E, de apenas um assento, permite que mais unidades sejam fabricadas localmente, além da maior participação de outras empresas e o aumento do número de homens-hora para produzir o avião no país.
Sobre o segundo lote, cujos estudos para aquisição foram anunciados pelo Comandante durante o evento do Dia da Aviação de Caça, o oficial-general revelou que este deverá ser formado por 26 aeronaves, elevando para 66 o número de aviões adquiridos (já contado com as quatro aeronaves adicionais ao primeiro lote).
O número é projetado a partir do Planejamento Baseado em Capacidades (PBC), um estudo que define as capacidades existentes dentro da FAB e as que a instituição almeja alcançar.
O Brigadeiro também apontou que 36 aeronaves é um número muito grande para apenas uma base aérea, mas insuficiente para duas. Dessa forma, a aquisição mais quatro aviões formando um lote inicial de 40 caças permite a implantação dos Gripens em duas bases aéreas.
A nova localidade ainda será definida pelo Comando da Aeronáutica através de estudos que estão em sua fase inicial.
Em um slide apresentado durante o evento, foi revelado o atual cronograma de entrega dos caças: seis aviões em 2022, três aviões em 2023, 2 em 2024 e 2025, 10 em 2026 e 11 em 2027.
O planejamento original ditava que as 36 aeronaves contratadas seriam entregues em até 2024. Além disso, a FAB está exigindo um aumento do número de aviões fabricados no Brasil, algo que está sendo negociado entre Embraer e Saab.
Encerramento dos projetos STOUT e UCAV e cronograma do KC-390
Nos últimos anos, FAB e Embraer anunciaram memorandos de entendimento (MoU) para dois estudos de projetos de aeronaves: o STOUT, um cargueiro híbrido para substituir o C-95 Bandeirante e o C-97 Brasília, e uma aeronave de combate não tripulada (UCAV).
Baptista Jr. revelou que a Embraer já foi informada que, dentro de 60 dias, os dois memorandos de entendimento serão “denunciados”, ou seja, cancelados. “Chegamos a conclusão que não estarão tão cedo nas nossas prioridades e não queremos dar uma falsa de esperança de que temos recursos para colocar no desenvolvimento destes projetos”, explicou o Brigadeiro, apontando que os estudos estão sendo encerrados pela FAB.
Mais tarde, o Comandante também disse que a FAB não está desistindo completamente dos drones de combate, apenas que a prioridade da instituição neste momento é o segundo lote de Gripens, e que não há recursos suficientes para ajudar a Embraer nos estudos do UCAV.
Ele destacou que o encerramento dos estudos também não tem relações com a recente alteração contratual do cargueiro tático KC-390 Millennnium, afirmando, inclusive, que a Embraer está usando um avião da própria FAB para apresentar e promover o KC-390 brasileiro no Oriente Médio.
Segundo informações obtidas pelo Portal Aeroflap, trata-se de um KC-390 do Esquadrão Gordo, a mais nova unidade da FAB a ser equipada com este jato. Também foi apresentado um novo cronograma para entregas dos KC-390, confira na imagem abaixo.
Chegada do primeiro A330 e lançamento de satélites pela SpaceX
Um dos destaques da conversa desta manhã foram os dois Airbus A330, recém adquiridos pela FAB. Baptista Jr. informou em primeira mão que a primeira aeronave deve chegar ao Brasil já pintada com as cores da FAB no dia 26 de julho, na Base Aérea do Galeão.
A aeronave partiu na semana passada para a Jordânia, onde será realizada a revisão antes da entrega à Aeronáutica. Ao mesmo tempo, uma equipe da FAB está na Espanha para negociar a conversão da aeronave para o padrão MRTT (Multi Role Tanker Transport).
Pilotos, mecânicos e comissários da FAB já estão passando por treinamento para trabalhar na aeronave. Designados KC-30, os novos aviões serão operados pelo Esquadrão Corsário (2º/1º GT).
O Comandante Baptista Jr. também falou bastante sobre satélites e revelou que a SpaceX, empresa do bilionário Elon Musk, foi contratada para lançar dois satélites adquiridos pela FAB para sensoriamento remoto.
Todavia, este fato não tem relação com a recente visita de Musk ao Brasil, onde conversou com o Comandante da FAB sobre o uso do Centro de Lançamento de Alcântara e até mesmo foi condecorado.
O contrato foi assinado em 2019 junto à fabricante dos satélites, a empresa finlandesa IceEye, no âmbito do Projeto Lessonia. Os satélites de pequeno porte usam a tecnologia SAR (Radar de Abertura Sintética) para obter imagens com resolução de até dois metros.
Segundo o Comandante, as imagens atualmente usadas pelo Comando da Aeronáutica tem resolução de 40 metros. Ele destacou que isto “trará impacto positivo” no combate a crimes como o garimpo ilegal na Amazônia, por exemplo.
Os novos satélites do programa Lessonia será operados pelo Centro de Operações Espaciais (COPE) da FAB, sediado em Brasília e recentemente visitado pelo comandante. Baptista Jr. disse que o lançamento deverá ser realizado pela SpaceX a partir do Cabo Canaveral, na Flórida, mas não revelou a data da operação.
Treinamento na Itália
Um dos assuntos comentados pelo Tenente-Brigadeiro foi sua recente visita à Itália, onde voou o jato de treinamento avançado M346 Master. O oficial disse que não foi a primeira vez voando a aeronave e que desta vez foi conhecer o novo conceito de treinamento de pilotos de caça que está sendo realizado naquele país.
Ele foi convidado pelo Comandante da Força Aérea Italiana para conhecer a Escola Internacional de Treinamento de Voo da Leonardo, que é baseada no próprio M346. Baptista Jr relatou que fez um voo de combate 2×2 e inclusive brincou, dizendo que a Coronel Frederica, uma piloto de Eurofighter com quem voou, “gostava de puxar G”, ou seja, realizar manobras de alta intensidade.
O voo do oficial na Itália levantou questionamentos e especulações quanto a compra da aeronave para treinar os pilotos brasileiros. “Nós temos que decidir sim se o Super Tucano é adequado para fazer a transição para o Gripen. Esta é a resposta que nós estamos tentando resolver”, disse o Comandante dizendo que atualmente a FAB não pode comprar o modelo italiano.
No entanto, ele revelou que o Comando da Aeronáutica deverá enviar um instrutor de pilotos de caça e um aviador para fazer o curso de 10 meses na Itália. Os custos ainda estão sendo estudados, assim como a possibilidade de enviar mais pilotos brasileiros para formação na Itália no futuro.
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