Um estudo do think tank britânico Royal United Services Institute (RUSI) apontou o Saab Gripen como melhor caça a ser enviado para a Ucrânia enquanto o país enfrenta a Rússia. 

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tem solicitado aos seus parceiros na Europao envio de caças ocidentais. Autoridades ucranianas, incluindo as forças armadas, já disseram que as aeronaves atuais (Su-27, MiG-29, Su-24 e Su-25) não são adequadas para combater a Rússia, que tem aviões bem mais modernos. 

Segundo os autores do relatório, o Gripen sueco é “de longe o candidato mais adequado” dentre os caças ocidentais a serem enviados à Ucrânia (se isso eventualmente acontecer). Eles alegam que o JAS-39 foi concebido pela Saab justamente para enfrentar a Rússia e notam que a aeronave foi preparada para operar de bases improvisadas em rodovias.

De fato, os suecos e seus parceiros finlandeses frequentemente treinam as operações em bases à beira de estradas. A tática é chamada de dispersão de forças e permite que as forças aéreas sigam operando mesmo se perderem suas bases, alvos prioritários em uma guerra. 

Um Gripen pode pousar em um trecho de 500 metros e decolar de uma pista um pouco maior. Ele pode ser facilmente rearmado e reabastecido em apenas 10 minutos por uma equipe de cinco pessoas, sendo que apenas uma delas precisa ser um mecânico experiente, destaca o RUSI. 

“Conceitualmente, a Força Aérea Sueca sempre enfatizou táticas de superioridade aérea de baixo nível a partir de bases dispersas, de maneira semelhante à forma como a Força Aérea Ucraniana opera atualmente, e assim o Gripen foi projetado com equipamentos de apoio terrestre e requisitos de manutenção compatíveis com essa abordagem”, aponta o estudo. “A suíte de guerra eletrônica do Gripen C/D também é otimizada especificamente para combater os caças russos e os radares SAM.”

“Outros fatores que tornam o Gripen particularmente adequado às necessidades operacionais ucranianas é que ele pode disparar o míssil Meteor europeu de muito longo alcance, que, graças ao seu design de propulsão ramjet, é menos afetado por ser lançado à baixa altura e baixa velocidade do que mísseis tradicionais movidos a foguetes, como R-27 ou AIM-120 AMRAAM, e o Gripen também foi projetado desde o início com capacidade antinavio.”

Os autores do relatório também observam que a transferência de aeronaves novas, bem como a de mísseis antiaéreos (SAM) e canhões antiaéreos autopropulsados, ​​são fundamentais para evitar uma nova ofensiva russa, que, se não contestada, pode levar a uma mudança dramática aos rumos da guerra.

Nesta semana a Rússia retirou suas tropas de Kherson, em mais uma importante vitória para a Kiev. Além disso, Moscou não conseguiu obter supremacia aérea desde a invasão em fevereiro, graças ao suporte do Ocidente aos ucranianos com SAMs de diversas categorias e capacidades. Em conjunto, pilotos da Ucrânia tem adotado as mais diversas táticas para contornar os caças e mísseis russos. 

“Desde abril, os pilotos da VKS [Forças Aeroespaciais Russas] estão extremamente relutantes em lutar agressivamente para entrar no espaço aéreo ucraniano devido às perdas sofridas durante as primeiras tentativas”, observam o RUSI. “A ameaça dos engajamentos ucranianos de SAM e MANPADS moldou o comportamento e restringiu significativamente a eficácia dos pilotos russos.”

Segundo o portal Oryx, que tem documentado as perdas no conflito no Leste Europeu, a Rússia já perdeu 63 aeronaves, incluindo aviões modernos como o Su-35, Su-30SM e Su-34. A Ucrânia, por outro lado, perdeu 55 aeronaves.