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Há 15 anos ocorria o mais caro acidente aeronáutico

Queda do B-2A Spirit de matrícula 89-0127, chamado de Spirit of Kansas, gerou prejuízo bilionário, sendo reconhecida como o acidente aeronáutico mais caro da história, contando apenas o custo da aeronave. Foto: USAF.

No dia 23 de fevereiro de 2008 a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) perdeu um bombardeiro stealth B-2 Spirit pela primeira vez. O evento, que felizmente não deixou vítimas fatais, ficou conhecido como o acidente aeronáutico mais caro da história, contando apenas o custo da aeronave

Naquele dia os dois tripulantes, Major Ryan Link e Capitão Justin Grieve, estavam encerrando uma missão de quatro meses. Ele e outros aviadores estavam destacados na Base Aérea de Andersen, no arquipélago de Guam, no meio do Oceano Pacífico, em uma operação comum da USAF, chamada de “Continuous Bomber Presence”. 

Acidente em 2008 foi a primeira (e única) perda de um bombardeiro stealth B-2 Spirit. Foto: USAF.
Acidente em 2008 foi a primeira (e única) perda de um bombardeiro stealth B-2 Spirit. Foto: USAF.

Eles levariam de volta para a base de Whiteman, no Missouri, o Northrop Grumman B-2A Spirit de matrícula 89-0127, batizado como Spirit of Kansas. Em operação desde 1995, o 0127 era o 12º de 21 B-2 construídos e já acumulava cerca de 5100 horas de voo. A investigação também mostrou que o jato estava com a manutenção em dia na época do acidente. 

Durante a decolagem, que foi filmada de vários ângulos, a aeronave começou a responder os comandos de forma incorreta, eventualmente estolando e perdendo o controle. Os dois tripulantes ejetaram assim que a asa tocou o chão. A aeronave caiu e se incendiou. Os pilotos foram resgatados pelos bombeiros da base.

A perda total do B-2 Spirit of Kansas é o mais caro acidente de avião, considerando apenas o custo do jato. A investigação apontou um prejuízo de US$ 1.4 bilhão ao governo dos EUA, o equivalente à US$ 1,945 em valores atualizados. 

A causa

Uma junta foi montada rapidamente para apurar as causas do acidente do B-2. Após meses de investigação, os militares apontaram a presença de umidade nos Air Data Sensors, instalados no revestimento da aeronave para não afetar sua capacidade stealth. Chuvas torrenciais fizeram a umidade se acumular nos sensores, responsáveis por captar dados de velocidade, altitude, ângulo de ataque e outras informações. 

“A umidade nas Unidades Transdutoras de Bombordo (PTU) da aeronave […] distorceu as informações no sistema de dados aéreos do bombardeiro, fazendo com que os computadores de controle de voo calculassem uma velocidade imprecisa e um ângulo de ataque negativo na decolagem”, aponta o relatório da USAF. 

Assim que a aeronave saiu do solo, o computador passou a operar em outro modo, cujo funcionamento foi prejudicado gravemente pelos dados incorretos. Automaticamente o sistema comandou nariz para cima a 30º, fazendo a aeronave perder sustentação.

Umidade nas PTUs, velocidade imprecisa, um cálculo ângulo de ataque negativo e baixa altitude/baixa velocidade são fatores que contribuem substancialmente para esse acidente. Outro fator […] foi a comunicação ineficaz de informações críticas sobre uma técnica sugerida de ligar o calor do pitot para remover a umidade das PTUs antes de realizar uma calibração de dados aéreos”, afirmaram os investigadores. 

Pilotos se feriram na ejeção do B-2. Foto: USAF.
Pilotos se feriram na ejeção do B-2. Foto: USAF.

Como resultado da ejeção, os dois aviadores se feriram. O piloto, Major Link, teve ferimentos leves, enquanto o Capitão Grieve, que estava como copiloto, sofreu uma fratura por compressão da coluna vertebral, sendo levado ao hospital da base e liberado posteriormente. 

O relatório completo pode ser lido clicando aqui. 

Demais incidentes

O acidente com o B-2 0127 causou um aterramento imediato dos demais bombardeiros stealth, que só voltaram a voar quase 60 dias depois. Embora seja o mais grave, este não foi o único incidente na carreira da icônica aeronave. 

Dois anos depois da perda do Spirit of Kansas a Força Aérea sofreu mais um susto (e um belo prejuízo) em Andersen, quando o B-2 Spirit of Washington (88-0332) sofreu um incêndio em solo. O fogo danificou seriamente a saída de gases dos motores General Electric F118, resultando num extenso trabalho de reforma da aeronave, que só voltou ao serviço ativo em 2013. 

Em setembro de 2021 foi a vez do Spirit of Georgia (89-0129), que sofreu danos sérios na asa esquerda ao fazer um pouso de emergência na base aérea de Whiteman, sede da frota B-2. A investigação apontou que falhas em um conjunto de molas do trem de pouso esquerdo fez o equipamento recolher durante o pouso, ocasionando no acidente. 

O último incidente foi registrado em dezembro de 2022, também envolvendo um pouso de emergência em Whiteman. A aeronave teria sofrido problemas de motor em voo, retornando para a base com urgência. O sinistro ainda está sob investigação. 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: acidente, B-2 Spirit, usaexport