Um par de caças F/A-18 Super Hornet fabricados pela Boeing serão levados para a Índia onde serão testados, revelou um jornal indiano. Os caças navais serão avaliados nos próximos dois meses para uso no novo porta-aviões da Marinha Indiana, que usa uma rampa para lançar suas aeronaves.
Segundo a agência de notícias PTI, o vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Boeing na Índia, Alain Garcia, fez um forte discurso de vendas para o F/A-18 Super Hornet, enfatizando que a aeronave foi projetada especificamente para operações em porta-aviões.
Garcia disse que o caça pode operar a partir dos navios de guerra da Marinha Indiana e atenderá ou excederá os requisitos de desempenho STOBAR (Short Take-off But Arrested Recovery) da Marinha Indiana.
Nos porta-aviões norte-americanos, o Super Hornet decola com auxílio de catapultas (CATOBAR – Catapult Assisted Take-Off But Arrested Recovery), que apesar de serem mais caras e complexas, permitem que os caças decolem completamente carregados. Os navios indianos usam o método STOBAR que consiste numa rampa chamada de skijump. O sistema é mais simples e barato, mas limita a carga útil e/ou a capacidade de combustível dos caças.
Em janeiro deste ano a Dassault enviou um caça naval Rafale M para testes na rampa da Estação Aeronaval de Hansa (INS Hansa). A estrutura de 283 metros de comprimento simula a rampa encontrada no INS Vikrant, o novo porta-aviões indiano que deve entrar em serviço em agosto. O Rafale é o caça mais avançado da frota indiana, junto do Su-30MKI, o que deve favorecer a companhia francesa.
Em dezembro de 2020, o Super Hornet recebeu a certificação para operar na rampa após passar por avaliações na Estação Aeronaval de Patuxent River, nos EUA, algo que Garcia reforçou.
Our F/A-18 #SuperHornet demonstrates the ability to operate from @indiannavy aircraft carriers during its successful and safe launch from a ski-jump ramp. pic.twitter.com/92V14EXV9M
— Boeing India (@Boeing_In) December 21, 2020
“Isso foi comprovado por nossos testes bem-sucedidos com o skijump realizados em 2020 e extensos estudos de simulação. Além disso, também provaremos isso com demonstrações operacionais na Índia em maio e junho”, disse Garcia, citado pela PTI.
“Eu realmente acredito que o F/A-18 Super Hornet Block III será uma capacidade transformadora para a Marinha da Índia, como o P-8I tem sido… e também o impacto que terá na indústria aeroespacial”.
O único porta-aviões indiano em operação é o INS Vikramaditya, um navio russo da Classe Kiev que foi modificado. A embarcação recebe caças MiG-29K/KUB Fulcrum, mas estes tem apresentado uma série de problemas operacionais nos últimos anos.
MiG-29K pic.twitter.com/XtrzFytTk9
— SumanSharma (@sharrmasumann) July 12, 2020
No espaço de um ano, três caças foram perdidos em acidentes, um deles fatal. Três anos antes dos sinistros, o Controlador e Auditor Geral da Índia (CAG) já apontava problemas com os motores e sistema fly-by-wire dos MiG-29K.
A auditoria do CAG observou que um total de 65 motores (42 instalados e 23 sobressalentes) foram adquiridos. Mas desde a sua introdução em fevereiro de 2010, 40 motores foram retirados de serviço, rejeitados devido a defeitos relacionados ao projeto.
Por isso, em 2017, a Índia anunciou que deverá substituir os MiG-29K por 57 novos aviões. A disputa agora é entre o Rafale M e o F/A-18E/F Super Hornet, que deverão operar ao lado do Tejas LCA naval e o futuro HAL TEDBF (Twin Engine Deck Based Fighter), um caça naval de 5ª Geração em fase de desenvolvimento.