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Mais detalhes sobre o B-21, bombardeiro stealth dos EUA recém-apresentado

Bombardeiro stealth Northrop Grumman B-21 Raider, revelado ao público.

Em um evento quase tão esperado quanto a final de um campeonato de futebol, o mundo pode conhecer ontem à noite (02) o tão esperado B-21 Raider. O novo bombardeiro stealth da Força Aérea dos EUA (USAF) foi apresentado em uma cerimônia de roll out nas instalações da fabricante Northrop Grumman na Califórnia. 

A aeronave “invisível aos radares” teve seu desenvolvimento formal iniciado em 2015 sob a luz do programa Long Range Strike Bomber (LRS-B) da USAF. O B-21, no entanto, é “apenas” parte do LRS, que inclui o desenvolvimento de uma série de outros ativos e armamentos, como uma verdadeira família de sistemas. 

https://twitter.com/MIL_STD/status/1599040055708127234

Em termos de “surpresa”, o design do novo vetor não é muito diferente das projeções artísticas divulgadas pela USAF e Northrop nos últimos anos.

As janelas laterais, algo muito comentado, realmente são mais estreitas e achatadas, algo que, segundo analistas, favorece as características de baixa-observabilidade do jato, algo que foi um problema no desenvolvimento do B-2, na década de 1980. Já as grandes janelas frontais proporcionam melhor visão durante operações de reabastecimento em voo.

Futuro bombardeiro estratégico dos EUA B-21 RAIDER USAF
Imagem: USAF

O desenho geral do avião é claramente inspirado no do seu predecessor direto, o B-2, mas o B-21 tem um tamanho menor. Apesar de já ser esperado, isso pode ser confirmado pelos trens de pouso principais, que tem apenas duas rodas ao invés de quatro em cada conjunto, como acontece no B-2. 

Segundo o The War Zone, a cor cinza claro sugere que a aeronave também será usada em missões diurnas, ao contrário do Spirit que possui uma cor escura para favorecer sua furtividade visual em missões majoritariamente noturnas. 

USAF/Divulgação.

Por ser menor que o B-2, o B-21 deve levar cerca de metade da carga útil que seu predecessor leva. No entanto, será capaz de voar mais longe, mais alto e permanecer em voo por muito mais tempo. A performance exata do B-21 Raider, no entanto, ainda é secreta.

Algo que tem chamado bastante atenção são as entradas de ar do novo jato. Esse é um ponto crítico do design de aeronaves stealth: ao mesmo que devem fornecer fluxo de ar, também devem mascarar os motores das ondas de radiofrequência. Ainda assim, o risco de detecção permanece.

No caso do B-21, as entradas de ar se formam perfeitamente com o corpo do avião, formando linhas suaves e aerodinâmicas, realmente otimizadas para a performance de voo do bombardeiro. É possível ver, de forma sútil, um pequeno separador de camada dentro das entradas de ar, que se comparado com o B-2, poderia representar um avanço.

As entradas de ar do B-21 acompanham as linhas da aeronave, favorecendo a performance e a capacidade stealth. Imagem: Northrop Grumman -captura de tela.

Algo que não foi mostrado na cerimônia foi a seção traseira da aeronave, mais especificamente os exaustores dos motores. Essa parte é tão crítica quanto as entradas de ar e demais “pontos fracos” em jatos stealth, especialmente com a “popularização” e avanços na tecnologia de detecção e rastreamento por infravermelho. 

Poucas juntas e painéis são vistos ao longo do corpo do B-21. Conforme amplamente divulgado pela Northrop, a equipe do projeto fez amplo uso de engenharia digital no desenvolvimento do B-21. Isso, combinado com os grandes avanços nos processos de moldagem e junção de materiais compósitos, não só fez do B-21 um avião mais “liso”, como também acelerou e barateou seu projeto como um todo. 

No entanto, apesar da enorme quantidade de detalhes revelados na sexta-feira, o B-21 ainda permanece numa aura de mistérios e segredos. Suas verdadeiras capacidades estão muito bem escondidas por baixo do revestimento cinza claro, nos milhões de códigos que o tornam não só um bombardeiro, mas uma plataforma multifunção avançada, projetada para desempenhar missões no espectros de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR).

Ainda assim, sua função principal é o ataque a alvos estratégicos em zonas com densa presença de sistemas de antiacesso e de negação de área (A2/AD). O B-21 deverá ser capaz de operar dentro desses ambientes, atacar qualquer alvo que necessário for, e sair sem “ferimentos”.

Sua arquitetura aberta permite que seja atualizado constantemente de forma fácil e rápida. O Secretário de Defesa Lloyd Austin disse em seu discurso que o B-21 será capaz de usar armas que nem existem ainda, enfatizando seu alto nível de adaptabilidade.

Projeção artística de um B-2 Spirit junto de um B-21 Raider. Autor desconhecido.

Ele também afirmou que mesmo as defesas aéreas mais avançadas teriam dificuldade para detectar o B-21, algo reforçado pela CEO da Northrop Grumman Kathy Warden. Ela afirmou ao Breaking Defense que as características stealth do Raider são “significativamente maiores” do que os requisitos da USAF.

Considerado um avião de 6ª geração, o B-21 é a mais avançada aeronave stealth já feita. O custo total estimado de todo o programa está atualmente estimado em aproximadamente US$ 203 bilhões em valores de 2019. Agora, o novo grande marco esperado para o B-21 é seu primeiro voo, programado para ocorrer em 2023 mas ainda sem uma data mais exata. 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: B-21, stealth, usaexport