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Manobra do filme Top Gun pode ser útil em combate? Especialista responde

Especialista diz se manobra de caça russo em Top Gun pode ser usada ou não na vida real.

Quase dois anos após seu lançamento, o filme Top Gun: Maverick ainda atrai entusiastas e apaixonados por aviação, ou mesmo pessoas que não tem tanto interesse pelo assunto. Com uma bilheteria mundial de US$ 1.49 bilhão, o longa produzido e protagonizado por Tom Cruise chegou recentemente à plataforma de streaming Netflix, resgatando um pouco de notoriedade. 

Em um dos momentos altos do longa, um avião inimigo – um Sukhoi Su-57 Felon que no filme é apenas referido como “caça de quinta geração – executa uma manobra incrível para despistar um míssil disparado do F-14 pilotado por Maverick (Cruise) com o seu ‘pupilo’ Rooster (Miles Teller) no assento traseiro.

Além de desviar do míssil, o Su-57 passa da posição de presa para caçador, mudando a situação do combate. Desde que foi lançado, este é um dos momentos mais debatidos do filme.

Mas afinal, a manobra do Su-57 em Top Gun daria certo em um combate aéreo fora da quarta parede? O Aeroflap conversou com um especialista em aviação militar, que prefere não ser identificado, para responder essa pergunta. 

Antes de mais nada, é importante deixar claro que a acrobacia vista no filme existe e já foi demonstrada na vida real. Chamada de Tailslide ou Kvochur Bell (sino de Kvochur), a manobra pode ser executada por aviões com a chamada supermanobrabilidade, como o Su-35 Flanker-E e o próprio Su-57. É assim batizada em homenagem ao piloto de testes russo Anatoly Nikolayevich Kvochur. 

Na manobra, o avião sai do voo reto e passa para um plano de nariz vertical, realiza um giro e volta ao voo normal, ainda com alto ângulo de ataque. No filme, a manobra é vista com mais rapidez e o Su-57 também realiza mais giros. No vídeo abaixo é possível ver um Su-35BM executando o movimento em um show aéreo. 

Para o especialista, a manobra tem sim uma utilidade em combate aéreo real, mas apenas parcialmente como visto no filme. Ele explica que a acrobacia não teria serventia para desviar de um míssil, mas poderia ser usada para mudar a posição do combate, como ocorre na cena. 

“Ela pode ser aplicada, porém, mais para passar de uma situação defensiva para ofensiva. Fazer com que o seu atacante espirre [ultrapasse] do plano e você caia em uma posição ofensiva, atrás dele, como acontece no filme”, descreve, afirmando que acrobacias como o Tonneau de G e o famoso Cobra de Pugachev também tem o mesmo uso. 

Mesmo assim, não é tão fácil quanto parece. Ele explica que pilotos de caça são treinados para antecipar os movimentos do inimigo, fazendo a “manutenção de energia” (velocidade) para manterem sua posição ofensiva e o inimigo na “zona de controle”, permanecendo em posição de vantagem. “Essa manobra faz exatamente isso, ela tira totalmente o controle do caça ofensivo e faz com que o avião freie de repente no ar.”

Embora possa ser usado para mudar a balança no Dogfight, o combate aéreo aproximado, o mesmo não se pode dizer para a defesa contra mísseis. “No caso, ela não serviria para despistar um míssil”, afirma o especialista, restringindo-se apenas aos mísseis de curto alcance guiados por calor, como o AIM-9 Sidewinder americano, R-73 russo, IRIS-T europeu e outros.

Su-57 Top Gun Maverick Rooster
Rooster, a bordo do Tomcat, olha para o Su-57.

Ele explica que essa ou qualquer outra manobra realizada dentro da No Escape Zone (NEZ) vai ser superada pelo armamento, que é muito mais manobrável que o avião. E os pilotos buscam disparar seus mísseis quando a distância entre ele e o alvo estiver na NEZ, onde as chances do alvo fugir são quase nulas. 

Os aviadores empregam táticas padronizadas para se defender desses e outros mísseis. No caso de armamentos guiados por calor, como no filme, os pilotos usam os flares, cruzam com outro avião na arena e ainda desaceleram a aeronave para diminuir a temperatura nas tubeiras dos motores, na tentativa de enganar o míssil. Por outro lado, mísseis novos possuem tecnologia para diferenciar o calor emitido por um flare e a assinatura infravermelho do alvo real. 

Por fim, o especialista, em tom de bom humor, diz que gostou da manobra em Top Gun. “É filme, é bem mais divertido de ver daquele jeito. Mas acredito que aquelas manobras são feitas mais pra você passar de uma situação para outra. Contra mísseis, principalmente [guiados por] infravermelho, é muito difícil fazer uma manobra que não permita que ele manobre pra te atacar”, conclui. 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: acrobacia aérea, Manobra, SU-57, Top Gun, usaexport