De forma a revolucionar como a meteorologia é observada e estudada na aviação civil brasileira, a Aeroflap em parceria com a Clear Prop Meteorologia publicará artigos, notícias e previsões meteorológicas no Brasil toda semana, justamente para você que é piloto ou até mesmo você, entusiasta, fique por dentro do que está acontecendo na atmosfera pelos próximos dias.

Bom, então vamos começar com a primeira previsão meteorológica válida a partir do dia 1ª de dezembro até o domingo, 4.

1/12

Para esse dia, elevado acumulado será registrado em Rondônia e no noroeste do Mato Grosso. O motivo será uma alta pressão a partir de níveis inferiores da atmosfera sobre o leste do Amazonas que tende a interromper o transporte de umidade desde a Amazonia até a Bahia – como vinha ocorrendo nos últimos dias, numa configuração típica de ZCAS – e também devido a cavados na baixa atmosfera sobre o sul de Rondônia que além de desacelerar a corrente de ventos, atrairá umidade amazônica para a região.

Imagem 1 – Circulação de ventos em superfície

No sul do Brasil, um ciclone extratropical no mar gaúcho favorece a atração da umidade residual do Mato Grosso para Santa Catarina, que adicionado a outro canal de umidade vindo do oceano, faz manter as chuvas contínuas sobre o estado, que já causa estragos desde o começo da semana.

Imagem 2 – Circulação de ventos a 5.000ft de altitude

O VCAN – Vórtice Ciclônico de Altos níveis – sobre São Paulo até ontem, se desloca sentido ao sudeste do Mato Grosso do Sul e nesse dia, tende a dissipar-se. No entanto, as chuvas se mantêm, como desde o início da semana, porém dessa vez por outro motivo. Um ciclone no mar gaúcho (ver imagem 1) com abrangência desde os níveis inferiores da atmosfera até os médios, atrai a umidade amazônica residual depositada sobre o Mato Grosso, e a circulação de noroeste com a convergência de ventos úmidos vindos do oceano, impulsionados por um anticiclone no mar, ambos favorecem a formação de nuvens e chuvas convectivas pela tarde, principalmente sobre a capital e vale do Paraíba, apesar dos índices indicarem menor acumulado.

Imagem 3 – Circulação de ventos a 10.000ft de altitude

Na região sul, devido ao passeio de umidade amazônica sentido ao ciclone, toda Santa Catarina e a porção centro leste do Paraná registram chuvas convectivas.

No centro oeste, o Mato Grosso do Sul registra estabilidade atmosférica pela manhã, no entanto, o passeio de umidade sobre o estado favorece formações convectivas ao norte até a região de Três Lagoas.

Imagem 4 – Circulação de ventos a 24.000ft de altitude

No norte do país, um centro de alta pressão sobre o leste amazonense (ver imagens 1 a 3) em níveis médios da atmosfera permite dois fatos:

• a divergência de massa de ar sobre uma coluna de umidade, possibilitando que a mesma seja recarregada por níveis inferiores.
• Canalização de umidade amazônica e oceânica, incidente sobre o Amapá, para o interior do país.

Contudo, atenção para todo o leste amazonense para elevado acumulado de chuva, bem como Rondônia e o Acre, esses dois últimos devido ao passeio de umidade sobre o continente (ver imagens 1 a 3).

Imagem 5 – Acumulado de 12h de precipitação, válido para às 23h (GMT-3)

02/12

Chuvas continuam a ocorrer em quase todo o Brasil. Dessa vez, um ciclone que havia se formado no mar gaúcho no dia anterior, possibilita a formação de uma nova frente fria, porém, não terá deslocamento sobre o continente, ficará afastada pelo mar. Entretanto, a região de baixa pressão formada pela frente e um grande anticiclone no mar, atrairá umidade amazônica e oceânica. Seus respectivos passeios sobre o Brasil, e altas temperaturas desencadearão formações convectivas.

Imagem 6 – Circulação de ventos em superfície

No Amazonas, um centro de alta pressão surge nas proximidades de Novo Aripuanã (centro sudeste do estado) em níveis médios da atmosfera, favorecendo estabilidade que durará até próximo às 15h UTC. O anticiclone mencionado transportará a umidade amazônica para Rondônia e toda a porção oeste do Mato Grosso, gerando a possibilidade de grandes CCM (Complexo Convectivo de Mesoescala), até mesmo devido a outro sistema, um VCAN – Vórtice Ciclônico de Altos Níveis – sobre a costa chilena, que impulsionará ainda mais o transporte de umidade, e espalhará por entre a porção sul do MT até o MS. Cavados desde baixas altitudes até médias ajudarão na organização do depósito de umidade sobre o oeste mato grossense.

Imagem 7 – Circulação de ventos a 5.000ft de altitude

Elevado acumulado de precipitação também será esperado para todo o estado baiano e leste mineiro, especialmente a região de Juiz de Fora até Barbacena, devido a um anticiclone no mar, afrente do novo sistema frontal, que impulsionará ventos oceânicos num movimento anti-horário, para o interior do continente.

Imagem 8 – Circulação de ventos a 10.000ft de altitude

Estabilidade atmosférica será encontrada somente sobre o Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

Imagem 9 – Circulação de ventos a 24.000ft de altitude

Imagem 10 – Acumulado de 12h de precipitação, válido para às 23h (GMT-3)

03/12

O sábado promete ser de muitas chuvas por todo o Brasil, principalmente devido ao surgimento de vários cavados desde níveis inferiores da atmosfera até os superiores, anticiclones em níveis médios que fazem divergir massa de ar sobre uma coluna de ar, permitindo a retroalimentação convectiva por níveis inferiores e um anticiclone no mar que faz jogar ventos úmidos e oceânicos para o interior do continente. Continue com a leitura e entenda.

Imagem 11 – Circulação de ventos em superfície

Elevado acumulado com possibilidade para ocorrência de CCM pode ocorrer sobre o sul do Amazonas, Rondônia e região de Aripuanã, no noroeste do Mato Grosso. Isso se deve a cavados próximo a superfície até níveis superiores, no MT (ver imagens 11 a 14), a um anticiclone em níveis médios da atmosfera sobre a região de Carauari no oeste amazonense, que organiza o transporte de umidade amazônica para as regiões mencionadas (ver imagem 13) e, por fim, a um vórtice ciclônico de altos níveis – VCAN – sobre a costa chilena que permite espalhar a umidade por todo o Brasil, através de ventos no sentido horário em níveis superiores.

Imagem 12 – Circulação de ventos a 5.000ft de altitude

Na região sul, o surgimento de um cavado no norte gaúcho e outro em Santa Catarina, traz instabilidades e eleva o acumulado de precipitação, principalmente sobre o RS que esteve sob estiagem no começo da semana.

Imagem 13 – Circulação de ventos a 10.000ft de altitude

Na região sudeste, o estado de São Paulo receberá dois canais de umidade que serão transportados sentido aos cavados no RS e SC, um proveniente da Amazônia e outros vindo do mar. Contudo, elevado acumulado será registrado na divisa com o MS, principalmente na região de Andradina.

Imagem 14 – Circulação de ventos a 24.000ft de altitude

Em Minas Gerais, a incidência de ventos oceânicos impulsionados por um anticiclone no mar gaúcho, vai gerar o depósito aumentado de umidade, provocando formações convectivas, principalmente pela tarde.

Imagem 15 – Acumulado de 12h de precipitação, válido para às 23h (GMT-3).

04/12

Exatamente os mesmos fatores geradores de instabilidades que ocorreram no dia anterior, vigora para esse dia. Contudo, espera-se por um cavado a baixa altitude no Rio Grande do Sul, outro em Santa Catarina, e o que estava localizado a noroeste do MT, se desloca sentido ao estado de Rondônia. Dois anticiclones relevantes para o dia continuam exatamente conforme o último dia, ou seja, um localizado no Amazonas que organiza o transporte de umidade sentido aos estados de Rondônia e Mato Grosso, e outro localizado no mar que direciona umidade oceânica direto ao continente.

Imagem 16 – Circulação de ventos em superfície

Na região sul, atenção aos estados do Paraná, Santa Catarina e todo o norte gaúcho para elevados índices pluviométricos, possibilidade de tempestades e queda de granizo pela tarde. O motivo se dá devido a um cavado em SC que atrai dois canais de umidade, um proveniente da Amazônia e outro do mar.

Imagem 17 – Circulação de ventos a 5.000ft de altitude

Com o deslocamento do cavado do noroeste do MT até Rondônia, para esse dia, haverá o encontro dos dois canais de umidade, um da Amazônia e outro que incide sobre o nordeste brasileiro, vindo do oceano, no Mato Grosso do Sul, região de Três Lagoas. Adicionado a isto, um anticiclone a 24.000ft de altitude sobre Três Lagoas (ver imagem 18) e sobre Campo Grande a 34.000ft de altitude, faz divergir massa de ar sobre uma coluna de umidade, deixando “caminho livre” para formações convectivas com topos cada vez mais altos, porque serão retroalimentados com umidade em níveis inferiores. A localização horizontal dos anticiclones sobrepostos verticalmente, permitirá ainda o espalhamento de umidade sobre o respectivo estado. Contudo, elevado acumulado de precipitação pode ser esperado.

Imagem 18 – Circulação de ventos a 24.000ft de altitude

Atenção para todo o estado de Rondônia, especialmente a região de Porto Velho com o maior acumulado do Brasil para este dia, principalmente devido ao risco de surgimento de um Complexo Convectivo de Mesoescala – CCM – favorecido por uma crista (centro de alta pressão) sobre o sul do Amazonas, em níveis superiores da atmosfera (ver imagem 18).

Imagem 19 – Acumulado de 12h de precipitação, válido para às 23h59 (GMT-3)

Enfim, fique ligado para mais previsões como esta a ser publicada toda semana aqui na Aeroflap e também acesse a página da Clear Prop, no link abaixo, para mais notícias e informações a serem postadas todos os dias.

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