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Saiba detalhes dos aviões B-17 e P-63 da Segunda Guerra Mundial que colidiram nos EUA

Colisão aérea entre P-63 Kingcobra e B-17 Flying Fortress, ambos da Segunda Guerra Mundial, deixou seis mortos nos EUA.

Um acidente envolvendo dois aviões históricos nos Estados Unidos chocou o mundo no último sábado (12). Vídeos mostrando a colisão entre um caça P-63 Kingcobra e um bombardeiro B-17 Flying Fortress viralizaram nas redes sociais. O acidente deixou seis mortos. 

A tragédia aconteceu por volta das 13h20 (horário local) durante o show aéreo Wings over Dallas, no Texas, um tradicional evento que celebra o feriado do Dia dos Veteranos. As imagens mostram, de vários ângulos, o momento em que o caça bate contra a fuselagem do B-17, logo atrás das asas, cortando o bombardeiro quadrimotor ao meio. 

O modelo das aeronaves envolvidas foi confirmado ainda no sábado pela Administração Federal de Aviação (FAA) e demais autoridades norte-americanas. Assim que as matrículas foram confirmadas foi possível obter mais detalhes sobre os aviões envolvidos. 

Bombardeiro lendário de quase 80 anos

O Boeing B-17 é um avião símbolo da Segunda Guerra Mundial. É impossível não falar do conflito sem lembrar da ‘Fortaleza Voadora’ dos EUA, um signo do esforço de guerra aliado contra a máquina de guerra nazifascista. 

Mais de 12,300 B-17 foram fabricados entre 1936 e 1945, quando já era considerado obsoleto em relação ao B-29 Superfortress mais moderno. O modelo foi exportado para 25 países, incluindo o Brasil, onde foi aposentado em 1968. 

Bombardeiros B-17F Flying Fortress dos EUA sobrevoando a cidade de Schweinfurt, Alemanha, em agosto de 1943. Foto: USAAF.

O avião abalroado em pleno voo no último final semana era um B-17G-95-DL de matrícula N7227C, fabricado em 1944 pela Douglas, de acordo com o registro da FAA e dados do site Aerial VisualsCabe destacar que era comum outras fabricantes produzirem modelos da concorrência durante o esforço de guerra, como foi o caso deste B-17. 

A guerra na Europa já havia acabado quando o B-17 foi entregue à Força Aérea do Exército dos EUA (USAAF) em julho de 1945, sob o registro 44-83872. No Pacífico o conflito só encerrou em setembro. O avião foi transferido à Marinha onde recebeu a matrícula BuNo 77235, sendo mais tarde convertido em um PB-1W, um avião-radar de alerta antecipado. 

Em julho de 1956 ele foi aposentado do serviço militar com 3,357 horas de voo; no ano seguinte foi adquirido pela companhia civil Aero Service Corp, recebendo o registro civil N7227C e modificações para serviços de levantamento aéreo.

B-17 destruído em acidente aéreo nos EUA foi construído durante a guerra, mas não viu combate
B-17 destruído em acidente aéreo nos EUA foi construído durante a guerra, mas não viu combate. Foto: Alan Wilson

Onze anos depois foi adquirido pela Confederate Air Force por US$ 50,000, onde recebeu cores similares às usadas pelos B-17 durante a guerra. Na década de 1970 o N7227C recebeu a pintura verde com detalhes em vermelho e foi batizado como Texas Raiders, a configuração ostentada atualmente. Em 1991 foi transferido à Commemorative Air Force Airpower Museum (CAF), com quem estava até hoje. 

Segundo o site da organização, o “Texas Raiders foi a primeira Fortaleza Voadora adquirida exclusivamente para fins de restauração e uso como museu voador. A aeronave foi restaurada para a configuração de guerra por um grupo inteiramente voluntário de apoiadores dedicados e está em sua missão de educar, inspirar e honrar a Força Aérea Comemorativa há mais de 50 anos.”

Dois seis mortos, cinco estavam a bordo do B-17. Len Root, Terry Barker, Dan Ragan, Kevin Michaels e Curtis Rowe. O Texas Raiders era um dentre nove B-17 que ainda estavam em condições de voo. 

Imagens mostram o momento em que o caça Bell P-63 Kingcobra acerta em cheio o bombardeiro Boeing B-17 Flying Fortress. As aeronaves envolvidas no acidente são do período da Segunda Guerra Mundial.
Imagens mostram o momento em que o caça Bell P-63 Kingcobra acerta em cheio o bombardeiro Boeing B-17 Flying Fortress. 

Kingcobra

O B-17 é um dos aviões mais famosos da Segunda Guerra Mundial. O mesmo não pode ser dito sobre o Bell P-63 Kingcobra, um caça monomotor que evoluiu a partir do P-39 Airacobra, esse sim mais conhecido.

Fortemente armado, o P-63 possuía duas metralhadoras calibre .50 e um canhão de 37 mm montado no centro da hélice. O motor Allison V1710 de 1800 hp ficava atrás do cockpit e era ligado à uma transmissão que girava a hélice quadripá. O P-63 praticamente não foi usado em combate pelos Estados Unidos, mas foi amplamente empregado pela União Soviética e Força Aérea da França Livre. 

Bell P-63 Kingcobra da URSS.
Bell P-63 Kingcobra da URSS.

O avião destruído neste final de semana era um P-63F-1-BE, que segundo o Aerial Visuals foi o único modelo F construído com um estabilizador vertical mais alto, para melhor controle. Fabricado em 1943, o caça foi transferido à USAAF onde recebeu a matrícula 43-11719, mas registrou apenas 24 horas de voo.

Em 1946, pouco após o fim da Segunda Guerra Mundial, foi adquirido por H. L. Pemberton com a matrícula N1719, iniciando então sua carreira como avião de corrida até 1978, quando foi transferido para a Confederate Air Force, recebendo cores da USAAF e, posteriormente, da URSS; foi transferido à CAF 1995, onde passou por uma extensa reforma e transformado em museu voador, como o B-17. O registro N6763 foi aplicado em 1974.

Caça P-63 Kingcobra que bateu em B-17 nos EUA.
Foto: Alan Wilson.

O P-63 era pilotado por Craig Hutain, um experiente aviador com mais de 34,500 horas de voo em mais de 100 aeronaves diferentes. Ele começou a voar aos 10 anos de idade com seu pai a bordo de um Piper Cub e obteve seu brevê em 1975. Ele se tornou membro da CAF em 2009, onde pilotava o P-51 Mustang, P-39, P-63 e demais aviões históricos. 

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Ponto cego

O trágico acidente deste final de semana já está sendo investigado pela FAA e o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), que inclusive estão coletando imagens do público. 

Uma das teorias mais comentadas é de que o B-17 estaria no ponto cego do piloto do P-63. O acidente ocorreu durante uma apresentação que envolvia outras quatro aeronaves (bombardeiros B-25 e B-24 e dois caças P-51), todas do período da Segunda Guerra. Os aviões haviam decolado do Dallas Executive Airport e se aproximavam para uma passagem no eixo da pista 31.

Nas imagens é possível ver que o P-63 Kingcobra se aproxima por trás do B-17, um pouco acima e inclinado para o lado esquerdo. Dessa forma, com a barriga virada para o B-17, o bombardeiro estaria no ponto cego do piloto do P-63. 

Outras teorias falam sobre mal súbito e até suicídio e colisão proposital. Ainda assim, apenas os investigadores podem determinar as verdadeiras causas do acidente. 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: acidente, B-17, EUA, Segunda Guerra Mundial, usaexport