Ucrânia e Suécia: não para o Gripen, sim para o avião-radar

A Suécia anunciou na quarta-feira (29) o seu maior pacote de apoio militar à Ucrânia, que segue enfrentando a Rússia num conflito ainda sem vistas para uma resolução. Agora, a Força Aérea Ucraniana terá, pela primeira vez, um avião-radar, na forma do Saab 340 AEW&C (ASC 890). Por outro lado, os suecos também suspenderam o possível envio de caças Gripen para Kiev. 

Avaliado em US$ 1,3 bilhão (13,3 bilhões de coroas suecas), o mais recente pacote de suporte aos ucranianos inclui munições de artilharia de 155 mm, mísseis AIM-120 AMRAAM (Rb 99) e blindados Pansarbandvagn 302 (PBV 302). O 16º pacote sueco também dará aos ucranianos veículos de transporte de combustível, apoio financeiro, logístico e de manutenção e terminais para comunicações por satélite.

A ‘cereja do bolo’, no entanto, está na transferência de pelo menos dois aviões de alerta antecipado ASC 890. Também chamados de Saab 340 AEW&C ou S 100 Argus, os turboélices possuem um radar Erieye montado no dorso, similar aos Embraer E-99 da Força Aérea Brasileira, que possuem o mesmo sensor. 

Com a introdução dos ASC 890, a Força Aérea da Ucrânia terá um reforço substancial na sua capacidade, uma vez que poderá detectar e rastrear aviões e até mesmo mísseis com maior antecedência. A Suécia reconhece que a transferência dos aviões “implicará uma diminuição temporária” na sua própria capacidade de defesa aérea, que será recuperada com os novos S 106 Globaleye. 

Gripen não, F-16 sim

Ao mesmo tempo, Estocolmo também suspendeu temporariamente a ideia de doar caças Saab JAS-39 Gripen aos ucranianos. A decisão, no entanto, foi um pedido de nações da OTAN, aliança da qual a Suécia se tornou membro recentemente. 

Segundo um porta-voz do ministro da Defesa sueco Pal Jonson, governos parceiros solicitaram aos suecos que não doassem os aviões agora, em favor da introdução dos caças F-16 Fighting Falcon. 

“Nossos parceiros na coalizão da Força Aérea sublinham que há complexidades significativas envolvidas na introdução simultânea de dois sistemas de caça a jato e que o foco deveria ser na introdução do sistema F-16 na Força Aérea Ucraniana”, disse o funcionário à AFP. Embora a Suécia ainda não tivesse tomado uma decisão formal sobre o envio dos Gripens, o país já estava cogitando transferir os caças e até mesmo lançou estudos para apurar a viabilidade da operação. 

Desde o ano passado, Holanda e Dinamarca lideram uma coalização de 11países que se uniram para fornecer dezenas de caças F-16 à Ucrânia, que hoje conta apenas com antigos jatos da era Soviética, como o Su-25, Su-27 e MiG-29.

Além de entregar os aviões, as nações também estão dando treinamento aos pilotos e mecânicos ucranianos para voar e manter os ‘novos’ aviões, que devem chegar à Ucrânia nos próximos meses.