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Vídeo: caças MiG-29 da Ucrânia usando mísseis antirradar AGM-88

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Cerca de 23 dias depois que pedaços do míssil antirradar AGM-88 HARM dos EUA foram encontrados na Ucrânia, imagens mostrando o uso desse armamento foram divulgadas pela Força Aérea Ucraniana (UAF) nesta terça-feira (30). Os mísseis foram integrados aos caças MiG-29 Fulcrum.

O vídeo foi gravado por um piloto de caça ucraniano, chamado apenas de ‘Ivan’, como uma homenagem a um camarada aviador, Major Yevgen Lysenko, que faleceu em combate aéreo contra a Rússia em 09/03. As imagens foram compartilhadas pela UAF e mostram, pela primeira vez, os mísseis norte-americanos sendo usados a partir dos caças de origem russa.  

As primeiras imagens de destroços do AGM-88 na Ucrânia surgiram no dia 07/08, através de canais russos no aplicativo de mensagens Telegram.

Uma das fotos mostra em destaque o stencil BSU-60A/B em um dos fragmentos. Este é o nome das aletas usadas para estabilizar e manobrar o míssil AGM-88 HARM (High speed Anti-Radation Missile). Os destroços teriam sido encontrados em uma posição russa. 

Dois dias depois, Washington confirmou que havia doado mísseis antirradar aos ucranianos, mas sem especificar o modelo. Posteriormente, o Pentágono finalmente afirmou que os mísseis AGM-88 foram repassados aos ucranianos e ainda integrados em caças MiG-29

Esta última parte é o que mais chama atenção. Apesar de já ter ocorrido no passado em países como Irã, Finlândia e África do Sul, por exemplo, a integração entre armamentos e aeronaves ocidentais e orientais é incomum e raramente acontece. Por isso, o uso dos AGM-88 antirradar a partir do MiG-29 levanta vários questionamentos ainda não respondidos.

O AGM-88 HARM dividindo a asa direita do MiG-29 com um míssil ar-ar R-73 de curto alcance.

Como explicamos anteriormente, mísseis antirradar (também chamados de antirradiação) funcionam com um sensor passivo que detecta e se orienta através de emissões de radares inimigos. Dessa forma, o míssil encontra e destrói a antena emissora, em um tipo de missão chamada de Supressão de Defesas Aéreas Inimigas (SEAD).

Sem a(s) antena(s), o posto de comando de uma bateria antiaérea não pode disparar seus mísseis, abrindo caminho para uma possível segunda onda de ataque (Destruição de Defesa Aéreas Inimigas – DEAD) ou para outra missão do lado ucraniano. 

Míssil antirradar norte-americano pode ser visto pelo espelho esquerdo do cockpit do caça ucraniano.

O AGM-88 foi desenvolvido pela Texas Instruments (atual Raytheon) na década de 1980 para substituir os mísseis AGM-45 Shrike e AGM-78 Standard ARM.

O HARM foi sendo atualizado ao longo dos anos para se manter relevante com a modernização das ameaças, e hoje é operado a partir de caças F-16, F/A-18 e EA-18 na sua versão mais nova em serviço, AGM-88E Advanced Antiradiation Guided Missile (AARGM). 

Míssil antirradar AGM-88E AARGM. Foto: David Monniaux (CC BY-SA 3.0)

As aeronaves dos EUA tem displays multifuncionais onde o piloto seleciona o míssil e os parâmetros de engajamento. Porém, os MiG-29 ucranianos, ainda que atualizados em algum nível, apresentam um painel completamente analógico. Além disso, o míssil precisa de uma interface para “conversar” com os sistemas da aeronave lançadora. 

Porém, o vídeo mostra que um tablet e um GPS Garmin foram instalados no cockpit, na frente e ao lado do HUD, respectivamente. A presença do tablet pode confirmar uma teoria levantada pelo portal The Aviationist. 

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Nos detalhes: o tablet e GPS instalados no painel e o AGM-88 sendo disparado do MiG-29 da Ucrânia, provavelmente contra um radar russo. 

Segundo analistas do site, um tablet conectado ao AGM-88 poderia ser usado para a seleção de alvos, com o míssil atuando no modo sensor. Nesse tipo de operação, o sensor do AGM-88 recebe e mostra ao piloto os sinais de radar que estão sendo captados no momento. 

“Outro modo poderia ser o modo Pre-Briefed, porém não parece muito prático em um campo de batalha em rápida evolução, pois a posição do radar inimigo é programada no solo e não pode mais ser alterada pelo piloto quando a aeronave decola.”

Apesar das suposições, ainda não está claro de forma alguma como os mísseis estadunidenses foram integrados e estão sendo usados a partir de aviões fabricados na Rússia.

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Três jatos EA-18G do esquadrão VAQ-209 Star Warriors disparando mísseis AGM-88B HARM simultaneamente. Foto: N. Jordan/US Navy.

Além disso, o emprego do HARM em plataformas originalmente compatíveis também envolve o uso de sensores adicionais, como o HTS (HARM Targeting System) no caso do F-16, e o ELS (Emitter Location System) para o Panavia Tornado ECR. 

Ainda assim, independentemente dos impedimentos, é surpreendente como os ucranianos e norte-americanos trabalharam tão rápido para integrar todo o conjunto, ainda mais em uma situação de guerra. 

 

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: AGM-88, Mig 29, Míssil antirradar, Ucrânia, usaexport