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Relatório indica que A320 da PIA tentou intencionalmente pousar de maneira incorreta

Nesta quarta-feira (24/06) o Conselho de Investigação de Acidentes de Aeronaves (AAIB) da Autoridade Civil de Aviação (CAA) do Paquistão divulgou um relatório preliminar, relacionado ao acidente com um Airbus A320 da Pakistan Internacional Airlines (PIA), no último dia 22 de maio.

No relatório preliminar os investigadores ressaltaram com provas e dados os acontecimentos do voo PK8303, que estava sendo realizado com um Airbus A320 de matrícula AP-BLD.

Na ocasião, a aeronave estava se aproximando para pouso no Aeroporto de Karachi, cumprindo um voo que partiu de Lahore, quando todo o ocorrido aconteceu, resultando no incidente.

O relatório indica que os pilotos entraram na aproximação para pousar em Karachi seguindo todos os procedimentos, e optando por utilizar uma aproximação do tipo ILS na cabeceira 25L. Apesar disso, em alguns momentos a tripulação não seguiu a fraseologia padrão, e quebrou a regra de CRM ainda na descida para pouso.

A tripulação do A320, juntamente com o controle de tráfego aéreo, optou por realizar uma aproximação com descida por “degraus”, primeiro descendo para 10 mil pés, depois para 5 mil pés, e depois para 3 mil pés, após passar pelo fixo MAKLI.

Durante esse procedimento, os pilotos baixaram corretamente o trem de pouso próximo dos 7700 pés de altitude, sem nenhum problema adicional.

Porém a aproximação que deveria ser por ILS, e com altitude controlada, teve um alerta do ‘Controle de Aproximação de Karachi’ para a baixa altitude da aeronave, para o procedimento que estava sendo realizado.

Os pilotos decidiram mesmo assim, já perto dos 2000 pés, continuar com a aproximação, e logo depois, aos 1740 pés, o trem de pouso foi recolhido.

Com uma distância de 05 NM para a cabeceira de pouso, e sem o trem de pouso acionado, a aeronave emitiu alertas de velocidade excessiva e EGPWS, este último para informar que os pilotos estavam próximos ao solo sem o trem de pouso acionado.

Já excessivamente próximos ao aeroporto, e com velocidade de 243 nós, os pilotos solicitaram ao controle de tráfego aéreo a autorização para pouso, concedida segundos após um repasse de informações.

Então a caixa-preta indica que a aeronave passou pela pista sem o trem de pouso acionado, com alta velocidade para o procedimento (220 nós) e uma configuração de flap inadequada para a tentativa dos pilotos, na posição 3.

Os dados de áudio e da caixa-preta indicam que realmente o avião raspou a carenagem dos motores na pista, em alta velocidade, acionando até mesmo o reverso dos motores e comandando freio nos pedais. Esses dados confirmam as várias fotos, e até uma publicada ontem, do motor raspando na pista e emitindo muitas faíscas.

Imagem de câmeras de segurança do aeroporto, indicando que a aeronave raspou os motores na pista.

Até o momento, somente a tripulação estava supostamente errando, ao desconsiderar os avisos da aeronave e seguir para pouso de maneira totalmente errada. Mas a torre de controle do aeroporto visualizou todo o procedimento, e não avisou aos tripulantes pelo rádio.

Já perto do final da pista os pilotos arremeteram, de acordo com as caixas-pretas, ainda com motores funcionando. O trem de pouso logo foi acionado, para a sua posição adequada ao procedimento, como dizemos na aviação “embaixo”.

A bordo do A320 estavam oito tripulantes e 91 passageiros, desses dois sobreviveram à colisão com os prédios do bairro residencial.

 

Condições meteorológicas

De acordo com os investigadores, no momento do acidente as condições meteorológicas no local eram favoráveis para a operação, com uma ampla visibilidade e poucas rajadas de vento.

 

Segunda aproximação

Após errar na primeira tentativa, e ainda antes dos motores apresentarem falhas, os pilotos conversaram com o controle de tráfego aéreo, e solicitaram um pouso novamente por ILS, na cabeceira 25L.

O pouso foi autorizado, ainda sem declarar emergência, visto que aparentemente tudo estava bem com a aeronave para a tripulação.

Durante a segunda aproximação, um spotter fotografou as marcas nas carenagens dos motores do A320.

Poucos segundos depois a aeronave começou com uma sequência de falhas. Os motores desligaram, pelos danos da tentativa de pouso anterior, e a aeronave acionou automaticamente a Ram Air Turbine (RAT), para manter o mínimo de funcionamento do sistema elétrico e hidráulico.

Os pilotos notaram os motores desligando e solicitaram emergência para pouso através do famoso “Mayday”. A aeronave continuou com sua trajetória para pouso, porém rapidamente perdendo altitude.

Já na segunda tentativa, e no momento da queda, temos uma aeronave com o trem de pouso acionado e “embaixo”, sem flaps acionados, e com slats na posição 1. Essa é uma configuração totalmente diferente de uma aeronave do mesmo modelo que está seguindo para pouso.

 

Gráfico do FDR

O gráfico do voo, emitido pelo FDR, é o último dados que queremos abordar. Aqui devemos observar que a caixa-preta de dados deixou de gravar informações assim que os motores falharam, portanto, não temos demais dados sobre o momento do “pouso forçado”, há quase 1500 metros da cabeceira de pouso desejada.

No gráfico podemos observar que a aeronave seguiu para aproximação por ILS, porém em todo o momento o avião ficou fora da “rampa” de aproximação, a linha ideal para pouso na 25L do Aeroporto de Karachi.

Além disso, a aproximação foi conduzida com alta velocidade até quando estavam próximos da pista de pouso do local.

Podemos observar também que na metade da pista 25L a tripulação percebeu o “problema”, diminuiu a atuação dos flaps e arremeteu, com uma alta V/S, antes dos motores falharem.

O gráfico também indica, mesmo sem dados divulgados do gravador de voz, que em muitos momentos a tripulação ignorou os procedimentos corretos para este tipo de pouso solicitado, bem como as regras de gerenciamento de recursos no cockpit.

Alguns destroços do A320 sendo recolhidos do local, e apresentados no relatório.

Os investigadores também recorreram aos destroços da aeronave para indicar alguns dados do relatório preliminar, como a aproximação e colisão em baixa velocidade, assim como a confirmação que o motor direito falhou pelos danos de ser “raspado” na pista minutos antes.

Um relatório final ainda será divulgado no futuro, onde deve apontar os envolvidos e culpados pelo acidente, assim como mais detalhes.

O vídeo abaixo também ajudou os investigadores na conclusão dos dados, e mostra o Airbus A320 se aproximando para pousar em cima do bairro residencial, afetando mais de 20 casas/prédios e deixando feridos em solo.

 
 
 
 
 
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Pedro Viana

Autor: Pedro Viana

Engenharia Aerospacial - Editor de foto e vídeo - Fotógrafo - Aeroflap

Categorias: Aeronaves, Notícias

Tags: A320, acidente, Incidente, PIA