Em mais uma estranha reviravolta, o Ministério da Defesa da Colômbia confirmou que não finalizou com a Dassault a compra de caças Rafale para a substituição dos atuais Kfir. Além disso, o sueco Saab Gripen E, já operado no Brasil, também pode voltar à licitação.
Em entrevista à uma rádio local, o ministro da Defesa Ivan Velásquez disse ontem (02) que o governo colombiano não chegou a um acordo com a francesa Dassault nem com a Saab. Velásquez também deixou claro na mesma entrevista que Bogotá tem o Rafale como favorito e o Gripen como segunda opção.
El ministro @Ivan_Velasquez_ confirmó que no se logró en 2022 concretar la negociación para la adquisición de los aviones que reemplazarán a los Kfir. Aclaró que esta flota inicia su etapa de obsolescencia a partir de diciembre de 2023 por lo que tendrá un retiro gradual pic.twitter.com/S5ryvpDogH
— Mindefensa (@mindefensa) January 2, 2023
O ministro explicou que as negociações falharam pois o orçamento de US$ 678 milhões, destinado a compra dos novos aviões, expirou em 31 de dezembro. Velásquez disse que a proposta do governo às fabricantes da Europa é que o contrato inicial fosse limitado ao montante, o chamado CONPES.
Com os US$ 678 milhões seria possível comprar três Rafales ou seis Gripens, mas nenhuma das companhias estaria disposta a assinar um contrato para esse número de aeronaves. Ambas querem negociar a compra total de 16 aviões.
Dessa forma, a Força Aérea Colombiana seguirá operando os veteranos (mas modernizados) IAI Kfir ainda sem um substituto certo. O ministro Velásquez diz que o governo realizará uma revisão sobre a compra dos aviões, bem como uma nova “dotação orçamentária” ainda em 2023.
Por outro lado, especialistas acreditam que este novo entrave pode favorecer tanto o Gripen como o F-16 Block 70. Todavia, a Fuerza Aérea Colombiana já enviou seu parecer ao governo, apontando o Rafale como alternativa superior aos demais concorrentes, mesmo o Gripen E sendo uma aeronave mais nova, com arquitetura aberta (o que facilita a integração de armamentos) e com custo operacional muito menor.
Entenda o caso
Em 21 de dezembro o próprio ministro Velásquez surpreendeu o setor de defesa e seu país ao anunciar a pré-seleção do Dassault Rafale como substituto dos Kfir. A declaração unilateral do Ministério da Defesa ia completamente contra as análises de especialistas do setor e do mercado, que apontavam o Lockheed Martin F-16 Block 70 e o Saab Gripen como os favoritos na disputa.
Velásquez também chocou ao afirmar que o contrato para a compra dos 16 aviões seria assinado ainda em dezembro. Acordos desse tipo normalmente levam meses de negociação, mesmo após a seleção da aeronave vencedora; no caso da Colômbia seria, no máximo, 10 dias.
Atualmente a FAC possui cerca de 19 caças Kfir, uma versão israelense do Dassault Mirage V de terceira geração. Os jatos foram recentemente modernizados, mas as células já estão no fim de sua vida útil. Dessa forma, a FAC vem tentando adquirir aviões novos há quase 10 anos, mas acaba esbarrando em restrições orçamentárias.
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