O Esquadrão Guará (6º Esquadrão de Transporte Aéreo – ETA) da Força Aérea Brasileira atingiu no final de novembro os 100 órgãos transportados em suas aeronaves. Com sede na Base Aérea Brasília, a unidade opera os aviões C-95 Bandeirante, C-98A Grand Caravan, C-97 Brasília e U-100 Phenom e é um dos esquadrões da FAB que mais realiza esse tipo de missão, chamada de TOTEQ (Transporte de Órgãos, Tecidos e Equipagens).
A missão de #100 foi realizada em 27/11. Após contato realizado entre a Central Nacional de Transplantes (CNT) e o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), órgão responsável pelo planejamento de missões dessa natureza, a tripulação do C-97 Brasília de matrícula FAB2019 foi acionada durante a madrugada e decolou de Brasília às 05h45 com destino a Botucatu (SP), onde embarcou a equipe médica que realizaria os procedimentos cirúrgicos.
Os tripulantes e a equipe médica seguiram para São José do Rio Preto (SP), pousando às 08h40, para realizar a captação do coração. O retorno para Botucatu ocorreu com pouso às 15h35, onde o receptor já era preparado para o transplante, realizado pela mesma equipe que estava no voo.
Para a Tenente Aviadora Karoline Ribeiro Loureiro, que fez parte da missão, realizar Transporte de Órgãos, Tecidos e Equipagens (TOTEQ) é incrivelmente gratificante. “A sensação de contribuir para salvar vidas traz um significado profundo ao serviço e torna cada missão uma jornada de esperança e solidariedade. Não é à toa que chamamos de ‘Voo da Vida’. O privilégio de desempenhar um papel crucial nesses momentos críticos é uma fonte constante de motivação e orgulho”, disse a Aviadora.
O cirurgião Leonardo Rufino Garcia, que já integrou as fileiras da Aeronáutica como Oficial Médico, descreve o momento como uma oportunidade ímpar. “O coração, apesar de sua nobreza, cobra seu preço, pois o tempo de isquemia durante as cirurgias de transplante é curto. Nesse sentido, vem a FAB, sem a qual a maioria dos procedimentos seria inviável. Conhecemos pessoas, oficiais e graduados, que contribuem para a hélice girar. Posso dizer que conheço a Força Aérea por dentro e por fora”, descreveu.
O Comandante do Esquadrão, Tenente-Coronel Aviador André Luiz Cornélio Maia, acredita que a expressiva marca de 100 órgãos transportados no ano – alcançada pela segunda vez – não só demonstra o resultado de todo um trabalho sinérgico, como também atesta a capacidade de prontidão das tripulações do 6° ETA.
“A decolagem de um Guará – código de chamada de nossas aeronaves – na imensidão da madrugada, para cumprir mais uma missão de TOTEQ, é a certeza de dias melhores no amanhecer de quem está numa fila à espera de um transplante. É o ‘voo da vida’ nas asas da nossa Força Aérea Brasileira”, ressalta.
Vários atores são envolvidos no processo, reforça o Comandante. “A CNT, o COMAE e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), além de uma infinidade de personagens anônimos que, em perfeita sinergia, trabalham ininterruptamente para não só transportar órgãos: levar esperança”, diz.
A Lei 9.175/17 dispõe sobre órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano para fins de transporte e tratamento. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) conta com o apoio da FAB para transportar equipes médicas de coleta, que conseguem se mobilizar em até três horas para buscar o órgão e levar ao receptor em qualquer lugar do Brasil. Nestes casos, as aeronaves têm prioridade em relação a pousos e decolagens de voos regulares.
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