Há exatos quatro anos, em 29 de outubro de 2018, o acidente do voo 610 da Lion Air acendia uma das piores crises em toda a história da Boeing, por conta do 737 MAX, que ainda assim, possuía defeitos de software no sensor do ângulo de ataque, principal responsável por fazer o avião mergulhar de forma abrupta no mar.
Na ocasião, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com a aeronave 13 minutos após sua decolagem, na Ilha de Sumatra. O avião transportava 181 passageiros e mais 8 tripulantes a bordo, cumprindo o voo JT-610 de Jacarta para Pangkal Pinang, na Indonésia.
Apesar da gravidade do acidente, a frota mundial do 737 MAX continuou operacional, tendo apenas uma medida protetiva por parte da Boeing para revisar o sensor do ângulo de ataque (AoA) como forma de prevenir eventuais problemas de informações erradas sendo repassadas para o computador do avião, e consequentemente para os pilotos.
O ângulo de ataque é uma peça crítica para evitar o início das condições de estol, ou que os pilotos coloquem o avião em um “mergulho” rápido. Lembrando que uma aeronave pode perder a sua sustentação de diversas formas, como a baixa velocidade, alta velocidade e por ângulo de ataque ou inclinação lateral.
No caso do fatal acidente da Lion Air, o mergulho rápido ocorreu após informações incorretas do AoA forçar o ângulo de ataque errado, e assim, levando a uma reação do sistema de compensação automática de altitude, conhecido também como “Trim Elevator”. Porém, no caso do voo 610, os pilotos não conseguiram reverter a situação, perdendo totalmente o controle do avião.
Cerca de cinco meses depois, outro avião (ET-AVJ) do mesmo modelo operado pela Ethiopian Airlines que transportava 149 passageiros e 8 tripulantes no voo ET302 para Nairobi, no Quênia, caiu seis minutos após a decolagem.
Com o segundo acidente em um período curto envolvendo uma mesma aeronave, reguladores da aviação do mundo todo proibiram as operações com o 737 MAX, a começar pela China. Desde então, foram 20 meses sem operações e entregas regulares do modelo, tendo a GOL como a primeira companhia aérea a retomar os voos comerciais em dezembro de 2020.
Com a crise gerada com o 737 MAX, a Boeing perdeu não só a liderança nas entregas de aeronaves para a rival Airbus, bem como perdeu credibilidade e desconfiança de autoridades acerca do controle de qualidade na produção, fazendo com que a FAA passasse a realizar novas certificações e regulamentações no lugar da Boeing.
Mais de três anos após o início da primeira crise, a Boeing ainda enfrenta outros problemas na produção do 787 Dreamliner, incluindo também atrasos na certificação do 777X.
Independente dos erros ou acertos da Boeing, o fabricante norte-americano precisa rever o seu planejamento na produção das suas aeronaves, principalmente em um momento em que a Airbus lidera o mercado da aviação desde 2020.
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