Marinha analisa opções para resgatar F-35 que caiu no Mar da China

F-35 C Carl Vinson US Navy
Um F-35C do VFA-147 taxiando no Carl Vinson durante navegações no Mar das Filipinas no dia 22/01. Foto: US Navy.

A Marinha dos EUA (USN) está estudando as opções para resgatar um caça F-35 que caiu ontem (24) no Mar da China Meridional. A aeronave se acidentou ao tentar pousar no porta-aviões USS Carl Vinson. 

Em comunicado, a USN disse que está analisando as opções para retirar o caça de última geração do fundo do mar. O desejo é recuperar o máximo de partes do F-35, a fim de evitar que caiam nas mãos dos adversários (China e Rússia). 

Na noite de segunda-feira a Marinha informou que um F-35C sofreu um acidente no pouso durante operações de rotina a bordo do porta-aviões Carl Vinson. No primeiro momento a USN não deu informações sobre o status do caça furtivo, mas afirmou que sete pessoas se feriram.

F-35C pouso CVN-70

F-35C do VFA-147 pousando a bordo do USS Carl Vinson. Foto: US Navy.

Nesta terça-feira, a Marinha trouxe atualizações sobre o sinistro e confirmou que o caça caiu no mar. “Posso confirmar que a aeronave atingiu o convés de voo durante o pouso e, posteriormente, caiu na água”, disse o Tenente Mark Langford, porta-voz da Sétima Frota, acrescentando que “nenhuma informação adicional está disponível neste momento.”

O oficial também trouxe detalhes sobre o estado de saúde dos militares feridos: “Sete pessoas no total ficaram feridas, incluindo o piloto. O piloto e dois outros marinheiros foram levados para uma unidade de tratamento médico em Manila, Filipinas, e quatro marinheiros foram tratados por pessoal médico a bordo”, explica o Tenente. “Todos os marinheiros feridos foram relatados [como] recuperados ou estão em condição estável.”

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Caças F-35C e F/A-18 Super Hornet a bordo do CVN-70. Foto: Marinha dos EUA.

Segundo o oficial, o impacto do F-35 no convés da embarcação causou apenas danos superficiais, acrescentando que “todos os equipamentos para operações de voo estão operacionais. A Carrier Air Wing (CVW) 2 e o USS Carl Vinson retomaram as operações de voo de rotina no Mar da China Meridional”.

Até o momento não se sabe exatamente como o acidente ocorreu. Pelo Twitter, o ex-aviador naval Commander Ward ‘Mooch’ Carroll afirmou que informações apontam para um “Ramp Strike”. Este acidente é categorizado pelo impacto da aeronave contra a popa de um porta-aviões ao tentar pousar. 

Carroll foi operador de radar no lendário F-14 Tomcat. Em seu canal do Youtube, o escritor já falou sobre os perigos das operações embarcadas. 

Corrida contra o tempo para recuperar o F-35

Agora a Marinha dos EUA está numa luta contra o tempo para primeiro achar o caça e, após, recuperá-lo do fundo do mar. O maior objetivo da operação – que não será uma tarefa fácil – é impedir que o caça stealth, seus componentes sensíveis e segredos militares não sejam capturados pela Rússia e China.  

Em novembro de 2021, um F-35B caiu no Mar Mediterrâneo ao tentar decolar do porta-aviões britânico HMS Queen Elizabeth. O acidente causou uma operação de busca e resgate com a participação dos EUA e Itália, que acabou culminando no resgate do avião em relativo bom estado, três semanas após o acidente. 

O portal The War Zone observa que a Rússia é reconhecida por ter uma pequena, mas altamente capaz, frota de submarinos especiais, bem como navios especializados capazes de realizar missões de salvamento em alto mar e espionagem submarina.

Já a China, que reivindica o Mar da China como seu território e critica as operações dos EUA na região, também teria um interesse em recuperar o jato, se possível. No passado, Pequim já conseguiu obter dados secretos do F-35 através de invasões cibernéticas. Obter o avião em si, mesmo que danificado, seria um verdadeiro troféu.

F-35 b raf acidente

O F-35B resgatado do Mar Mediterrâneo é visto deitado de costas em um dos navios de resgate.

A profundidade no local, bem como o clima e outros fatores ambientais, estarão entre os vários elementos que a Marinha deve levar em consideração ao determinar se essa operação de resgate é prática. Determinar a localização final do caça já uma tarefa complicada por si só. 

Em 2019, um F-35A japonês caiu no Oceano Pacífico e a maior parte dos destroços não foi recuperada até hoje. Os restos mortais do piloto só foram encontrados semanas depois. Nesse caso, o caça impactou o mar em alta velocidade, quebrando em vários pedaços.

Já no acidente com o F-35C, a aeronave estava tentando pousar, ou seja, voava em uma velocidade muito menor, aumentando a possibilidade de que ele esteja muito mais intacto e, portanto, exigiria uma operação de recuperação, por mais complexa que fosse, para proteger os principais segredos tecnológicos.

A USN tem navios, submarinos e sensores especializados em busca e salvamento em águas profundas. Embarcações comerciais também estão entre as opções da Força Armada, observa o portal.

Helicóptero MH-60S resgatado do fundo do Oceano Pacífico a mais de 5800 metros de profundidade. Foto: US Navy.

No ano passado, a marinha recuperou um helicóptero MH-60S Seahawk que caiu na costa da ilha japonesa de Okinawa em 2020, de uma profundidade recorde de 5.814 metros. Para se ter uma ideia, os destroços do Titanic, que naufragou em 1912, estão a cerca de 3800 metros de profundidade.

Agora resta aguardar e acompanhar os próximos movimentos e atualizações da Marinha sobre o acidente. O fato é que Washington fará tudo que estiver ao seu alcance para recuperar seu F-35 e evitar que mais segredos sejam capturados pela China. 

 

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Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.