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O que é o IRST, equipamento que está sendo testado no Gripen brasileiro

Saab e FAB realizaram combate simulado entre caças Gripen e F-5 para testar IRST. Foto: Saab/Divulgação.

Nesta semana a Saab do Brasil anunciou mais uma campanha envolvendo os caças F-39 Gripen da Força Aérea Brasileira (FAB), dessa vez testando o sistema IRST (Infra Red Search and Track). Durante as avaliações na Base Aérea de Anápolis, o Gripen de matrícula 4100 – usado para testes e certificação do modelo – participou de combates aéreos simulados contra o veterano F-5 Tiger II e outros dois Gripens. 

Mas afinal, o que é o IRST e para que ele serve? Por que simular um combate apenas para testar o equipamento? Essas quatro letras, que já chegaram a ser tema de polêmica dentro do assunto Gripen na FAB, representam um equipamento moderno inédito na aviação de caça brasileira.

Como explicado antes, IRST é a sigla em inglês para Infra Red Search and Track, ou Busca e Rastreio por Infravermelho em tradução livre. Trata-se de uma espécie de ‘radar termal’, que, numa definição básica, utiliza a assinatura infravermelha (calor) para identificar e rastrear um alvo, no ar ou em solo. 

A grande vantagem do IRST é que ele se trata de um sensor passivo, ou seja, não emite qualquer sinal, ao contrário de radares (principal sensor usado em aviões de caça) e telêmetros laser. Dessa forma, é possível encontrar com precisão uma aeronave no céu, sem que ela saiba que está sendo rastreada. Além do emprego contra aeronaves, o IRST também serve para auxiliar a navegação através das funções de Imageamento. Embora não seja uma invenção recente, o IRST tem se tornado cada vez mais comum em caças, seja através da instalação na aeronave ou por meio casulos/pods carregados externamente em estações de armas. 

Um breve histórico

O IRST surge inicialmente na década de 1950, instalado em caças F-101 Voodoo,  F-102 Delta Dagger, F-4 Phantom II e outros modelos dos Estados Unidos, usados principalmente para apoiar o emprego do radar principal, mas bastante limitados pela tecnologia da época, cujos computadores impediam não eram capazes de processar tantas informações. Dessa forma, o Ocidente preferiu investir mais no desenvolvimento das tecnologias de radar e o IRST passou a ter um papel mais secundário. 

Mas do outro lado da Cortina de Ferro, a visão era outra. Os soviéticos seguiram instalado o IRST em diversos aviões de caça como o MiG-23, MiG-31 e mais notadamente o MiG-29 e Su-27, que seguiram usando o sensor em versões mais novas e atuais, como MiG-29M2, Su-35, Su-30 e MiG-35. 

Nos últimos anos os Estados Unidos tem investido na integração do IRST em caças legado, que nunca receberam tal sistema. Através do IRST-21, uma solução em forma de pod, F-15, F-16 e F/A-18 receberam a capacidade de rastrear alvos aéreos passivamente através da radiação IR. O F-35, mais moderno, já veio com o sensor ‘de fábrica’, na forma do AN/AAQ-40 Electro-Optical Targeting System – EOTS.

OLS-35, IRST usado pelo Sukhoi Su-35. Foto: Allocer
OLS-35, IRST usado pelo Sukhoi Su-35. Foto: Allocer

Os europeus, por sua vez, já incorporaram os sistemas nos seus caças, sem a necissade de pods. É o caso do Dassault Rafale, Eurofighter Typhoon e o próprio Saab Gripen E, que também o primeiro avião de caça do Brasil a possuir esse sensor. Aliás, IRST na América do Sul só no Brasil, Venezuela (Su-30MKV) e Peru (MiG-29). 

Embora o sistema apresente a grande vantagem de detectar sem expor o caçador, ele também tem desvantagens. A capacidade de encontrar e rastrear um alvo com clareza pode cair drasticamente de acordo com as condições meteorológicas. Fatores como nuvens, altitude e temperatura afetam o IRST e isso sempre é levado em conta pelos pilotos empregando o equipamento. 

O IRST do Gripen 

O F-39 Gripen é equipado com o IRST Skyward-G, fabricado pelo grupo italiano Leonardo. Instalado na frente do para-brisa, o equipamento pesa cerca de 40 quilos e, segundo a fabricante “oferece recursos de última geração […] e baseia-se em nossa vasta experiência na área de IRST para sistemas aerotransportados e navais.” O Skyward encontrar alvos no ar e em solo, podendo rastrear até 200 alvos diferentes no modo Track While Scan, possuindo, também outros modos de operação. 

Gripen E com o sensor IRST Skyward-G, instalado no nariz. Foto via Tecnomilitar.
Gripen E com o sensor IRST Skyward-G, instalado no nariz. Foto via Tecnomilitar.

IRST vs FLIR

É comum que se confunda o IRST com o FLIR (Forward Looking Infra Red), este último mais popular e usado também no meio civil. Ambas são tecnologias que tem como base a radiação infravermelha. O FLIR produz imagens do alvo/objeto de interesse para o operador e normalmente são usados para identificação e vigilância do alvo. É comum que os pods também incorporem outros equipamentos, como designadores e telêmetros laser. 

Já o IRST tem suas informações apresentadas ao operador da mesma forma como num radar, através do display de informações. Os IRST mais novos tem capacidade de produzir imagens IR como o FLIR, favorecendo a identificação visual dos alvos. O mesmo se aplica aos FLIR mais modernos, que também tem capacidade IRST. 

Com informações de Millennium 7*, Tecnomilitar, The War Zone

 

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Militar, Notícias, Notícias

Tags: Gripen, IRST, usaexport